Capítulo 6

10 2 2
                                    

O uniforme estava lá no outro dia quando acordou

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O uniforme estava lá no outro dia quando acordou. Depois da fogueira, onde descobriu ser Boto-cor-de-rosa, assim como Jussara Joaci. Eles descobriram quem seriam seus colegas de quarto. Allan pensou que poderia se livrar de Anori, mas assim que Gerardys descobriu que eram Anhang, o professor resolveu os deixar juntos. E assim que Torres acordou com o despertador, Araripe estava arrumando sua gravata listrada de duas tonalidades de dourado, a cor da classificação Cuca. Seu blazer também era dourado, e havia um símbolo da Cuca estampado no peito. Era redondo em sua maioria, havia parte do corpo da Cuca jacaré de chapéu típico de bruxa, seus olhos eram dourados, assim como o que cercava o círculo, quando Anori se virou para Allan, a Cuca exibiu seus dentes reptilianos e piscou. Torres levou um susto, enquanto Araripe arrumava sua gravata e seu colar, para que ambos tivessem espaço.

— Esse uniforme não é quente? — Perguntou Allan mais para si mesmo, conforme pegava seu uniforme, idêntico ao de Anori, com exceção do blazer e das listras da gravata: onde era dourado para Araripe, estava rosa pastel para Torres. O símbolo do boto era lindo, o animal estava da cor do uniforme, mas seu olho preto destacava-se. O boto piscou na direção de Allan, de uma forma menos ameaçadora. Torres foi ao banheiro. Tomou um banho e vestiu seu uniforme. Voltou para o quarto e olhou sua grade de horários no painel compartilhado, com curiosidade, conferiu os de Araripe também, parece que eles fariam grande parte das aulas juntos. Anori pegou seus horários, e colocou no bolso. Allan repetiu seus movimentos, antes de olhar onde dizia que das 06:30h às 07:45h havia o café da manhã no refeitório. Anori abriu a porta e esperou por Allan, juntos em silêncio desceram os degraus da Torre Lobo-Guará. Eles haviam ficado no 5º andar. Os dois estavam um pouco perdidos no castelo. Os cipós rodeavam as paredes, junto com quadros enganadores que ficavam apontando para direções erradas. Pelas contas de Torres, ficaram dez minutos vagando pelo castelo, até encontrarem o lugar mais movimentado. Assim que Allan olhou para dentro, viu sua irmã o abanando. Anori e seu Anhang se serviram e aproximaram-se das quatro, sentando um ao lado do outro. Alice, com o blazer e gravata listrada de vermelho vivo, pulou para perguntar a Allan como era o dormitório dos meninos, ficou decepcionada quando descobriu que era tão neutro quanto o das meninas.

— Bem, até agora ninguém pegou no nosso pé. — Comentou Elisabeth. Ela era com certeza a líder do grupo. Jussara encarou o café passado como se fosse venenoso.

— Não passou nem um dia, Elisabeth. — Retrucou. — Logo, vão ficar sabendo. — Joaci não parecia gostar da ideia de Santoro ser a “líder”.

— Você é muito pessimista. — Disse Elisabeth, jogando a mochila sobre os ombros e terminando o pão. A ruiva levantou. — Vejo vocês depois. — Santoro seguiu seu rumo, e quando Allan percebeu, já eram quase 08:00h, apressou a engolir tudo. Alice o mandou fazer devagar, mas não era eles que tinham acordado atrasado. Perto das 08:00h, Allan saiu com Camile e Anori para a primeira aula de Nhandejara. Os três se dirigiram à sala de Transporte Mágicos, os corredores ainda eram um pouco confusos, mas não demorou para eles acharem a sala. Estava bem sinalizada, Camile entrou com o urso de pelúcia nos seus braços e sentou em uma classe no final. Anori sentou na frente dela e Allan do lado de Araripe. O professor de Transportes Mágicos, Ali Santana estava desenhando alguma coisa na lousa branca. Allan não conseguiu identificar o que eram os desenhos e assim que deu 08:00h em ponto, a porta da sala se fechou e Ali pareceu acordar do seu estado sonolento. O professor encarou os alunos, coçando a barba castanha, parecia que ele não tinha se preparado para esse dia ou se preparou e alguma coisa deu errado. Ali Santana apagou o que desenhou na lousa e começou a desenhar uma vassoura. Os 30 alunos dentro da sala começaram a cochichar, no momento que Santana bateu forte na mesa, chamando a atenção de todos. O professor encarou um por um.

— Não vou perder meu tempo com apresentações, meu nome está no horário e na lousa. — Disse. — Transportes Mágicos é uma disciplina, onde vão aprender o básico. Eu não queria estar lecionando essa disciplina, e faço questão de lembrar isso. — Fez uma pausa. — Peguem seus livros e abram na página 12. — Ali observou todos pegarem seus livros debaixo das classes e abrirem na página indicada. Allan teve que espichar o pescoço para lembrar do número. O professor usava uma boina típica dos anos 1940, bem ultrapassada. Allan o observou, esperando um comando que veio de forma grosseira: leiam. Ali correu os olhos pela turma, e encontrou os de Torres por um segundo. Santana caminhou até os três, sentados em um triângulo e os observou. Todos os alunos pararam para encarar aquela ação do professor, Allan ficou confuso com a ação repentina, entretanto, Anori parecia saber porque mudou o clima da sala. Torres notou a análise do professor, não passou pela cabeça dele que todos os trabalhadores de Nhandejara sabiam da condição dos seis.

— Bem, parece que chegamos ao auge das esquisitices em Nhandejara. — Comentou Santana. Torres levantou a sobrancelha. Camile se encolheu na classe e Anori simplesmente concordou com o professor em um tom debochado, o que fez o olhar de Santana focar em Araripe. — Eu não quero ouvir sua voz na minha aula. A voz de ninguém. — Aumentou o tom para falar a última frase.

— Eu sou conhecido por falar bastante. — Provocou Anori. O professor encarou Araripe como se ele tivesse lhe dado um tiro. Santana apenas olhou para o restante dos alunos.

— Por essa piadinha, comecem a copiar a página 12, e estudem, porque na próxima aula farei algumas perguntas. — Disse, ninguém disse nada, mas os olhares para Anori foram perceptíveis. Allan ficou com raiva de Araripe, o que não era novidade. Começou a copiar. Era terrível escrever com penas, mas Torres não reclamou, até porque o professor estava em cima deles, tentando captar qualquer erro de Anori para expulsá-lo da sala, todavia, Araripe era bom e ninguém podia negar isso.

A sala era um silêncio, o que incomodava Allan, ele normalmente preferia o barulho, talvez, porque cresceu com uma irmã um pouco terrorista e barulhenta. Allan ficou imaginando se Alice estava tendo uma aula melhor que essa. Santana encarava Anori, o professor esperava qualquer brecha, mas Torres percebeu que Araripe fazia tudo com uma caligrafia perfeita e uma competência impecável. Allan até ficou com inveja, porque Anori parecia calmo, mesmo com os olhares raivosos de Santana. Araripe copiava rápido. Allan tentou focar-se no seu trabalho, mas era péssimo em manusear a pena. Precisou rasgar algumas folhas e repetir seu processo, assim que Ali saiu um pouco de perto dos três, Camile respirou fundo, soltando o ar que segurava, Anori continuou sua função e Allan parecia a cada segundo mais estressado com a pena. Araripe percebeu o Anhang rasgando a décima página do caderno.

— Vai gastar todo o caderno se continuar nesse ritmo. — Sussurrou Anori, sem virar os olhos. Allan o encarou com raiva. — Está pegando a pena de forma errada. — Araripe não olhou na direção de Torres, apenas mostrou como ele pegava a pena.

— Eu não preciso da sua ajuda.

— Não? — Perguntou debochado. Allan sentiu vontade de jogar o caderno na cabeça dele. — Então continue, está indo bem.

O professor encarou os dois, antes que Torres xingasse Araripe. No fim, Allan sentiu que deveria ter aceitado a ajuda. Olhou para seu Anhang e tentou imitar sua forma de pegar a pena, obviamente ele não era tão habilidoso com as mãos quanto Anori. Allan estava frustrado. Irritado. Nervoso. Queria jogar tudo para o alto e sair batendo os pés, mas respirou fundo e tentou novamente, rasgando a décima primeira folha. Suas pernas se moviam com rapidez, até que finalmente o sinal bateu. Allan olhou para o relógio que marcava 09:00h. Ele sentiu alívio ao olhar para o relógio. A porta da sala se abriu e Ali Santana voltou para seus afazeres na lousa, esperando os próximos alunos. Torres esperou Camile e encarou Anori, o esperando também. Allan não acreditava que mal começou as aulas e já estava cansado.

 Allan não acreditava que mal começou as aulas e já estava cansado

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

PRIMEIRA AULA DE TRANSPORTES MÁGICOS DO PRIMEIRO ANO:

Logo na primeira aula, aprendem sobre a Vassoura, muito utilizado por bruxas e suas variações como esfregões. Lembrando que qualquer objeto pode ter magia, afinal, o usuário passa sua mágica a coisa em questão.

NhandejaraOnde histórias criam vida. Descubra agora