Terminus

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O sol estava começando a se pôr enquanto eu caminhava pela trilha estreita, com Judith acomodada na mochila nas minhas costas. Suas pequenas mãos puxavam e brincavam com meus cabelos, me fazendo rir de vez em quando. Carl estava ao meu lado, seus olhos atentos a qualquer sinal de perigo, mas também um sorriso ocasional ao ouvir as risadas suaves de Judith.

A caminhada até Terminus era nossa última esperança de encontrar um lugar seguro, mas Daryl, Rick e Michonne decidiram ser prudentes e verificar o local antes de levar todos nós. Isso nos deixou, Carl e eu, sozinhos em uma cabana abandonada, esperando pelo retorno deles. A princípio, parecia uma boa ideia, mas logo as coisas começaram a dar errado.

Judith, inquieta, começou a chorar alto. Seus gritos ecoavam pelas paredes da cabana, atraindo a atenção indesejada dos zumbis. Em pouco tempo, estávamos cercados, os mortos-vivos batendo nas janelas e portas, tentando entrar. Carl e eu nos trancamos em um quarto, esperando pelo pior.

— Vai ficar tudo bem, Isabella. — Carl tentava me tranquilizar, embora eu pudesse ver o medo em seus olhos enquanto segurava Judith nos braços, tentando acalmar ela.

Os ruídos dos zumbis se tornavam insuportáveis, mas então, de repente, eles pararam. O silêncio que se seguiu foi quase mais aterrorizante do que o barulho. E então, o som da porta da frente se abrindo ecoou pela casa. Carl e eu trocamos um olhar de pânico, puxando nossas armas e apontando para a porta do quarto.

Quando a porta se abriu, minha respiração ficou presa na garganta. Lá estava Carol, viva e em pé na nossa frente. Sem pensar duas vezes, corri para abraçar ela com força, sentindo um alívio imenso inundar meu ser. Se Carol estava viva, isso significava que outros poderiam estar também.

— Só estão vocês dois aqui? — Carol perguntou, olhando em volta da cabana, avaliando a situação.

— Daryl, Michonne e Rick foram naquele tal Terminus, mas não voltaram e tem mais de um dia. — Expliquei rapidamente, e Carl concordou com um aceno de cabeça, ainda segurando Judith, que agora dormia em seus braços.

Carol olhou para mim e depois para Carl, ponderando por um momento.

— Um de vocês dois vem comigo. — Disse ela finalmente, olhando fixamente para nós.

Eu sabia que Carl era essencial para cuidar de Judith. Se ele saísse e algo acontecesse, ela não pararia de chorar e estaríamos em perigo novamente. Respirei fundo, tentando reunir a coragem necessária.

— Eu vou com você, Carol. Carl, você fica aqui com Judith. — Decidi, sentindo a responsabilidade pesar sobre meus ombros.

Carl assentiu, entendendo a necessidade da situação. A pequena se remexeu um pouco, mas logo voltou a dormir.

Carol me puxou para um abraço rápido e reconfortante antes de nos preparar para sair.

— Vamos descobrir o que está acontecendo em Terminus e voltar.— Prometeu Carol, e eu acreditei nela.

Deixamos Carl e Judith na cabana, esperançosa de que eles estariam seguros até nosso retorno. Caminhamos rapidamente pela floresta, cada ruído e sombra potencialmente perigoso. Meu coração estava acelerado.

Caminhamos em silêncio, Carol e eu, nossos passos quase imperceptíveis no solo da floresta. Terminus estava à vista, mas a sensação de algo sinistro no ar era inegável. Carol, sempre vigilante, tinha se camuflado habilmente entre a vegetação. Nós nos aproximamos, vendo Rick, Daryl, Michonne e os outros em perigo. Não havia tempo para hesitação.

Carol gesticulou para que eu ficasse quieta e posicionada. Com uma precisão que só Carol podia ter, ela mirou em um tanque de gás perto de uma estrutura e disparou. A explosão foi ensurdecedora, e o caos se instaurou instantaneamente. Os moradores de Terminus se espalharam, tentando entender o que estava acontecendo enquanto os zumbis, atraídos pelo som, começaram a invadir o santuário. As cercas caíram, permitindo que os mortos-vivos entrassem livremente.

Eu segurei minha arma com firmeza, observando a destruição que se desenrolava. Rick e os outros começaram a lutar para fugir, utilizando a confusão a seu favor. Terminus estava sendo consumido pelo fogo e pela horda de zumbis, seus moradores sendo devorados ou reanimados no meio do caos.

De costas, eu disparava contra um grupo de zumbis que se aproximavam. Cada tiro era uma luta pela sobrevivência, uma tentativa de manter os monstros afastados. Estava tão focada nos meus alvos que quase não percebi a voz chamando meu nome.

— Isabella?

A voz ecoou pelos meus ouvidos, familiar e incrédula. Dei o último tiro e me virei lentamente. Meus olhos se arregalaram quando vi Glenn e Maggie, ambos com sorrisos enormes nos rostos.

Soltei a arma no chão e corri para eles, o coração batendo forte. Abracei com toda a força que tinha, sentindo o calor de seus corpos contra o meu. Era real. Eles estavam vivos.

— A gente achou que... — Glenn começou, a emoção clara em sua voz.

Olhei para eles, lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

— Eu também. — Respondi, a voz trêmula. — Eu também.

O abraço dos dois me aqueceu de uma maneira que eu não sentia há muito tempo. Por um momento, toda a dor e o medo desapareceram, substituídos pela alegria pura de reencontrar minha família.

A caminhada continuou, agora com um grupo maior e mais unido. Rick, Michonne, Daryl, Carol, Glenn, Maggie e as quatro novas adições – Rosita, Abraham, Eugene e Tara – formavam uma linha sólida de sobreviventes. A estrada era longa, mas havia uma força renovada em nossos passos.

Estávamos andando por uma trilha estreita quando ouvimos gritos ao longe. Carl e eu trocamos um olhar rápido e, sem pensar duas vezes, corremos na direção do som. Encontramos um homem, um padre, tentando desesperadamente se livrar de um grupo de zumbis.

— Temos que ajudar ele — Carl disse, já correndo em direção ao padre.

Segui Carl, sentindo o peso da responsabilidade em cada passo. Juntos, afastamos os zumbis e salvamos o homem, que estava tremendo de medo.

— Obrigado, obrigado! — Ele disse, com os olhos arregalados e a respiração pesada. — Eu sou Gabriel, Padre Gabriel.

Rick se aproximou, observando o homem com olhos críticos.

— Onde você mora?

— Tenho uma igreja aqui perto — Gabriel respondeu, apontando na direção de uma trilha lateral. — Vocês podem vir comigo, é seguro.

Segui o grupo até a igreja, mas uma sensação desconfortável não me abandonava. A igreja parecia segura por fora, mas algo em Gabriel não me inspirava confiança. Ele era estranho e seus modos nervosos me davam arrepios. Observando seus gestos inquietos e a maneira como evitava contato visual, percebi que ele era um covarde, um homem que havia sobrevivido de maneira suspeita até ali.

Entramos na igreja, e ele nos mostrou o local onde estava morando. As paredes tinham versículos bíblicos rabiscados, e o ar era pesado com o cheiro de mofo e cera de vela. Carl estava curioso, examinando cada canto, mas eu permaneci alerta, cada fibra do meu ser me dizendo para não baixar a guarda.

Enquanto o grupo se acomodava, Rick se aproximou de Gabriel, fazendo perguntas diretas sobre como ele havia sobrevivido sozinho por tanto tempo. Gabriel respondeu com histórias que pareciam sinceras, mas seus olhos não paravam de fugir dos de Rick.

Dei um passo para trás, observando a interação. Eu não confiava em Gabriel, e quanto mais ele falava, mais claro ficava para mim que havia algo de errado com ele. Talvez fosse o medo que eu via em seus olhos, ou a maneira como ele se encolhia sempre que mencionávamos outros sobreviventes.

Permaneci em silêncio, mantendo Judith perto de mim e os olhos sempre em Gabriel. Sabia que, apesar de estar em um lugar que parecia seguro, a verdadeira segurança vinha da vigilância constante e da confiança apenas em aqueles que provaram merecer ela. Gabriel ainda tinha muito a provar, e eu não estava disposta a arriscar nossas vidas por causa das aparências.

Runners •ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇsTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang