Capítulo 38

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Hanna Muller

Quando eu cheguei em meu apartamento, o alívio se misturou a uma dor intensa. Descobrir que Richard não me deixou porque eu era insuficiente, como aconteceu com John Erick, trouxe um consolo amargo. No entanto, a devastação era ainda maior. Assim que fechei a porta, minhas pernas cederam e eu escorreguei até o chão, soluçando descontroladamente. O peso da solidão era esmagador, e cada respiração parecia um esforço monumental.

Sentei no sofá, abraçando uma almofada como se ela pudesse absorver minha dor. Meu corpo inteiro tremia, e as lágrimas escorriam sem controle. Sentia-me completamente perdida, uma ilha isolada de desespero e confusão. Eu precisava de alguém ao meu lado, um abraço reconfortante, uma palavra de apoio. Contudo, a realidade cruel era que eu estava sozinha, enfrentando meus demônios internos.

Meus pensamentos corriam desordenadamente, uma tempestade de emoções conflitantes. Questionei cada decisão, cada palavra dita ao Richard. Será que fui injusta? Ele fez de tudo para me proteger, e suas intenções eram boas. Mas não era a decisão dele para tomar, e essa tentativa de controle me magoou profundamente. A mágoa crescia dentro de mim, entrelaçada com a culpa e a dúvida. Sentia-me dividida entre a gratidão pela sua proteção e a raiva por sua interferência.

Levantei-me e comecei a andar pela sala, incapaz de ficar parada. Cada canto da casa parecia sussurrar lembranças, tanto boas quanto dolorosas. Sentia um nó na garganta, e minha mente se enchia de perguntas sem respostas. Como ele pôde achar que poderia decidir por mim? E como eu pude afastá-lo assim?

O peso da solidão aumentava a cada segundo, como se o ar ao meu redor estivesse se tornando denso e sufocante. Fui até a cozinha e peguei um copo de água, na tentativa de acalmar meus nervos. Mas a água mal desceu pela minha garganta, pois a angústia era sufocante.

Voltei para a sala e me sentei no chão, abraçando meus joelhos. Eu precisava entender meus sentimentos, precisava de clareza, mas tudo que conseguia era chorar. As lágrimas pareciam intermináveis, e a dor, insuportável. Naquele momento, a única coisa que eu podia fazer era me permitir sentir tudo, na esperança de que, de alguma forma, a tempestade dentro de mim encontrasse um momento de calmaria.

Eu permaneci ali, imersa em um turbilhão de emoções. Sentia-me exausta, tanto física quanto emocionalmente. O mundo parecia ter parado, e eu estava presa em um ciclo interminável de tristeza e reflexão. E assim, no silêncio da minha sala, eu deixei a tristeza me consumir, buscando forças para enfrentar o próximo dia e esperando que, de alguma forma, as respostas viessem com o tempo.

{...}

Já era por volta das três da manhã, e eu ainda não tinha conseguido dormir. Meus pensamentos estavam tão tumultuados que cada vez que fechava os olhos, a angústia me despertava novamente. Estava deitada na cama, encarando o teto, quando meu celular apitou. O som cortou o silêncio do quarto como uma lâmina. Peguei o aparelho do criado-mudo, e meu coração acelerou ao ver o nome de Richard na tela.

Eu hesitei por um momento antes de abrir a mensagem. Sentia um misto de esperança e medo. Esperança de que ele pudesse ter algo a dizer que trouxesse algum alívio, e medo de que suas palavras pudessem apenas aumentar minha dor. Respirei fundo e toquei na notificação.

A mensagem foi simples, direta, mas carregada de significado. Meu coração batia forte no peito enquanto eu tentava processar aquilo. Levantei-me da cama e fui até a janela, olhando para a escuridão lá fora. As luzes da cidade pareciam distantes, e eu me sentia ainda mais isolada.

Minhas mãos tremiam levemente enquanto digitava uma resposta. Respondi, enviando a mensagem antes que pudesse mudar de ideia. Havia tanto que eu queria dizer, tanto que precisava ser dito, mas encontrar as palavras certas parecia impossível naquele momento.

Richard respondeu rapidamente. A ideia de vê-lo de madrugada, de enfrentar essa conversa cara a cara novamente, me deixou nervosa. Mas sabia que era necessário. Talvez essa fosse a única maneira de encontrar alguma paz, de entender e ser entendida.

 Talvez essa fosse a única maneira de encontrar alguma paz, de entender e ser entendida

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Desliguei o celular e me sentei no sofá, abraçando uma almofada para tentar me acalmar. Cada minuto parecia uma eternidade enquanto esperava por ele. Meus pensamentos continuavam a correr, mas agora havia uma pequena chama de esperança no meio do turbilhão.

Quando finalmente ouvi a campainha, meu coração deu um salto. Levantei-me lentamente e fui até a porta, abrindo-a com mãos trêmulas. E lá estava ele, com a expressão tão cansada e confusa quanto eu me sentia. Não trocamos palavras imediatas, apenas um olhar que dizia mais do que qualquer conversa.

Richard: Oi. - disse ele finalmente, quebrando o silêncio.

Hanna: Oi, entre.- respondi, minha voz um sussurro.

Convidando-o para entrar, sabia que aquela conversa seria difícil, mas também sabia que era necessária. Fechei a porta atrás de nós, e nos sentamos, prontos para enfrentar a tempestade de emoções que ainda nos aguardava.





















Nota da autora:

Olá, leitoras incríveis! ❤️

Eu mal posso acreditar que já alcançamos a marca de 10.000 leituras! 🎉 Estou imensamente grato por cada um de vocês que tirou um tempinho para ler, comentar e apoiar minha história. O entusiasmo e ver vocês interagindo significam o mundo para mim.

Sei que fiquei ausente por alguns dias, mas voltei  ainda mais motivada e com energia para continuar essa jornada ao lado de vocês. Prometo que mais capítulos estão a caminho!

Muito obrigado por fazerem parte dessa comunidade maravilhosa.

Vocês são incríveis! 🥺🫀

União Sinistra • Richard RiosWhere stories live. Discover now