Capítulo 23

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Não posso ficar aqui deitada, à toa. Preciso fazer algo útil.

Me levanto e vou até a cozinha. A Sra. Kimberly está lá, preparando algo.

-Bom dia, Sra. Kimberly! -digo

-Bom, dia Srta. D'Angelo! Como está?

-Estou bem! E a senhora?

-Eu também estou bem!

Sorrio, gentilmente.

-Eu posso abrir a geladeira? Estou com fome.

-Eu fiz umas panquecas. O Sr. Salvatore pediu para que eu guardasse o seu no microondas, para quando você acordasse. -ela seca as mãos e pega as panquecas no microondas, me entregando -ainda estão quentes!

-Muito obrigada! -digo, pegando as panquecas e me retirando.

Elas parecem deliciosas.

Vou até meu quarto, me sento na poltrona e me delicio com as panquecas, que estão perfeitas.

Assim que acabo de comer, ponho o prato em minha mesinha.

O que eu posso fazer agora? Me sinto preguiçosa demais para sair daqui, mas ao mesmo tempo, entediada demais para permanecer aqui.

Acho que vou assistir um filme.

Me levanto e pego o prato, vou levá-lo até a pia.

Enquanto desço as escadas, ouço um barulho de peso caindo no chão, igual àquela vez em que o Sr. John morreu e caiu em meus pés.

Imediatamente meu coração acelera, e minha respiração está ofegante.

De novo.

O som veio do andar de baixo. Só havia a Sra. Kimberly.
Será que algo aconteceu com ela?

-Sra. Kimberly? Está tudo bem?

Silêncio no ar.

-Sra. Kimberly?

Não obtive nenhuma resposta.

Vou até a cozinha, temerosa.

Chegando na porta, me deparo com a Sra. Kimberly caída no chão. Sua cabeça está sangrando.

-DEXTER! SOCORRO! A SENHORA KIMBERLY!

Dexter vem em minha direção, ele está desesperado.

-O que aconteceu? - ele me pergunta

-Eu não sei! Chame a emergência! Rápido!

Ele imediatamente liga para a emergência.

Logo, ele me passa o telefone e digo o que aconteceu.
Eles estão vindo.

-Júlia, o que aconteceu?

-Eu não sei, não estava aqui. Eu estava trazendo esse prato e enquanto descia as escadas, ouvi o som de algo como um corpo caindo. Chamei por ela, mas ela não me respondeu. Quando cheguei aqui, ela estava caída, foi quando te chamei.-deixo escorrer uma lágrima em meu rosto - O que será dela? Estou preocupada.

-Tudo depende da merda da ambulância. Meu carro está quebrado por causa dos vagabundos de ontem. Eles quebraram meu carro todo, não tem como levá-la.

-Você não tem outro carro?

-Ele não está aqui. Roubaram.

-Droga.

Dexter parece preocupado e nervoso.

-Vamos verificar os sinais vitais dela. A queda pode ter sido fatal, dependendo de onde foi machucado.

Dexter sente a respiração dela.

-A respiração está pesada.

-Verei o pulso dela. -digo.

Verifico sua pulsação e não tenho boas notícias.

-A pulsação está fraca. Muito fraca.

-Merda. Vamos continuar verificando, não posso deixar que ela morra. Ela me criou, farei o que for preciso para salvar a Sra. Kim.

-Tudo bem, ela ficará bem. Vou verificar mais uma vez as batidas dela. -assim faço- está mais fraca.

-Ela não pode morrer.

O sangue está se espalhando pelo piso da cozinha muito rapidamente.

-Pegue um pano e água.

Assim, Dexter faz.

Não sei como fazer com que esse sangue pare de sair da cabeça dela, mas tentarei o meu melhor.

Pego a garrafa de água e molho sua cabeça, especificamente no lugar onde está concentrada a maior parte do sangue em seu couro cabeludo.
Ponho o pano por cima.

Não sei se é o certo, mas quero evitar que isso se alastre.

-Verifique a pulsação de novo. -diz Dexter

Assim faço.
1 segundo se passa.
2.
3.
4.

-Dexter...  Eu não estou sentindo a pulsação dela.

-Não, você deve estar enganada, sinta pelo peito dela. -diz Dexter, com a voz trêmula.

1 segundo se passa.
2.
3.
4.
5.

Nada.
Nenhum sinal.

-Dexter... Sinto muito.

-Não pode ser... Vamos fazer alguma coisa, tentar reanimá-la.

Ele mesmo tenta.
Verifica se há sinal vital.
Nada.
Ela definitivamente se foi.

-Não... -ele está chorando, seus gritos de decepção e angústia invadem as quatro paredes da cozinha.

Ele a amava, e isso é notável.

-Ela não poderia ter morrido... Não ela. Eu! Eu deveria ter morrido no lugar dela, sou um miserável mesmo! Mas ela não... -Dexter põe sua testa sobre o peito dela, aos prantos.

Vou até Dexter e o abraço, desabando juntamente com ele.
Eu entendo sua dor.

Quando minha mãe morreu, a sensação foi devastadora. É como se o meu mundo acabasse de ter sido desmoronado.
Apenas queria o abraço dela, mas ela não poderia me abraçar.

Eu o entendo e sinto muito por ele.
Que dor.
Que incessante dor.

A dor não é física, o meu coração dói.
Minha alma chora.

Stalker - Atração ObsessivaOnde histórias criam vida. Descubra agora