Capítulo 5: Trauma.

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Os dias passaram após aquela noite desumana. Na cama jazia Yrian, abafada pelo silêncio e a escuridão. A respiração dela era uma inspiração baixa e rápida, coração descompassado em seu peito. As tensões de tensão muscular lembravam-lhe o que havia acontecido durante a fadiga profunda que se mantinha em estupor.
O Doutor Carlos e a enfermeira Fabiana tiveram de insistir para que ela se mantivesse na cama. Parecia que o trauma afetou Yrian mais profundamente do que qualquer outra pessoa poderia ter imaginado. As sombras daquela reunião chocante ainda dançavam diante dos seus olhos fechados como se fosse o pesadelo próprio perseguindo-a mesmo quando ela tentava escapar para o mundo dos sonhos.
Na ala cada som é como eco distante combina-se com murmúrios do vento soprando através das janelas entreabertas. Yrian estava fora da realidade - Prisioneira de sua própria mente atormentada por revelações obscuras e terror visto. Ele estava tentando acabar com as lembranças, mas elas não podiam ser mantidas fora como sombras persistentes procurando luz.
Marcos Giovanni, o detetive responsavel pelo caso, afirmou com tanta verdade que o suicídio de Willow foi resultado da perda de sua esposa no manicômio, que Yrian teve uma sensação de fraqueza e impotência. Sentada ali, ouvindo suas explicações racionais, ela viu algo que ele não conseguiu: As sombras se moveram ao seu redor, distorcendo a verdade que ele planejou revelar.
Yrian tinha uma percepção nítida das entidades que manipulavam almas dos detetives, suas intenções, suas mentiras, seus movimentos. Yrian sabia que Giovanni não mentia de propósito; ele era apenas um jogador manipulado por forças além do seu entendimento.
À medida que ele explicava sua teoria, um sentimento de profunda tristeza e raiva se instaurava em Yrian.
Yrian sentia-se tão tola, tão incapaz... Em nenhum momento, Willow havia dado qualquer indício de pensamentos suicidas.
Não havia nenhum sinal disso em sua alma...
A frustração devorou Yrian. Por que não havia pistas, nem sussurros de desespero em sua alma? O mundo ao seu redor parecia confuso - a linha entre a realidade e o pesadelo era dolorosamente tênue.
Um leve toque quebrou o silêncio opressivo. O cheiro anti-séptico do hospital desapareceu por um momento quando a porta se abriu. Uma silhueta delineada pela luz fraca do corredor entrou na sala.
- Yrian? - Uma voz familiar sussurrou.
Uma figura apareceu, seu rosto marcado pela preocupação. Era Minerva, cujos olhos brilhavam com uma mistura de preocupação e determinação.
Yrian sentiu o alívio tomar conta dele. Neste ponto, Minerva aparecendo diante dele parecia o brilho de uma lâmina que poderia penetrar na escuridão sufocante.
- Minerva... - Yrian disse com a voz rouca, muito fraca.
Minerva correu e abraçou Yrian.
O abraço foi um conforto frágil, uma breve âncora na tempestade que assolava Yrian.
- Eu vim assim que descobri o seu estado..., murmurou Minerva, tanta calma jorrando de sua voz como um bálsamo. - O que aconteceu?
- E-eu...- Tentou Yrian, temor claro em sua voz. - Desmaiei...
Minerva lançou-lhe um olhar de preocupação, enquanto ambas mergulhavam em um silêncio perturbador.
Finalmente, Yrian encontrou sua voz, um sussurro.
- Há mais na morte de Willow... - Disse com a voz rouca, se aproximando do ouvido de Minerva
A testa de Minerva franziu.
- O que você quer dizer?
Primeiro hesitante, depois com urgência crescente, Yrian explicou sobre as sombras, sobre as entidades que sentia, sobre suas manipulações. Um lampejo de esperança surgiu. Talvez Minerva entendesse...

Minerva ouviu atentamente, seu rosto ilegível. Quando Yrian terminou, seguiu-se um longo silêncio.
- Eu acredito em você... -Disse Minerva finalmente, com voz firme. O alívio inundou Yrian.
Ela não estava mais sozinha...
Minerva suspirou profundamente, antes de afirmar:
- E-eu...vejo coisas, Yrian...- Ela murmurou, silenciosa. - Em meus sonhos, tenho pressentimentos e visões...
Minerva começou a chorar e Yrian segurou-lhe as mãos com ternura, enquanto o Corvo observava silenciosamente ao longe, seu olhar penetrante perdido nos horizontes distantes.







Sussurros em St.MargotWhere stories live. Discover now