Pesadelo

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Sabia que a Jennie tinha razão, sabia que seria mais difícil para mim lidar com tudo isso do que eu imaginava, assim como foi mais difícil deixar a Jane ir com o Jay ontem. Parte de mim queria gritar e dizer que ela estava cometendo um erro, mas como posso dizer que é um erro quando ela ficou tão feliz?

A verdade é que eu tinha entrado em uma guerra que estava perdida desde o começo, mesmo que eu tivesse mais armas e preparação que o inimigo. Eu dei a melhor parte de mim para a Jane e agora que ela não estava mais aqui, tudo isso parecia em vão.

A Jennie estava certa, mas isso não era o tipo de coisa que sairia da minha boca com facilidade, então apenas a deixei sozinha naquela sala e fui até o meu quarto. Por sorte o cansaço do Jet leg foi o suficiente para que eu dormisse após uma ducha quente e pelo menos por algumas horas pensei que não teria que pensar na Jane ou imaginar se ela estava sentindo minha falta, mesmo sabendo que não estava.

Ou ao menos foi isso que eu pensei, mas quando fechei os olhos, ela estava nos meus sonhos e pelo menos lá eu pude tê-la mais uma vez. No meu sonho, Oliver era meu filho e estávamos no quarto que eu tinha montado para ele. Jane estava o amamentando, com o rosto cansado e os cabelos bagunçados e mesmo assim era a mulher mais linda do mundo. Eu estava feliz ali e mesmo que parte de mim soubesse que aquilo era um sonho, eu não queria acordar. Ela estava com um sorriso no rosto, mas pouco a pouco esse sorriso se desfez e eu sabia que estava perdido.

Ela começou a chorar e seus olhos pareciam me culpar por alguma coisa. Ela estava ressentida por algo que fiz mesmo que eu não tivesse a menor idéia do que poderia ter feito de tão grave. Tentei me aproximar e acariciar seu rosto, mas de repente ela não estava mais na poltrona e sim perto da porta com o Oliver em um braço e uma mala na outra.

— Por quê você não me deixou ir antes? Por quê me prendeu aqui sabendo que eu amava o Jay? Agora eu te odeio e nunca mais quero ver você na minha frente! — Jane afirmou decidida e saiu dali batendo a porta.

Quando passei pela porta atrás dela não estava em um corredor e sim em um labirinto com diversas outras portas e cada uma que eu abria, a Jennie sempre estava lá. Em uma das portas ela estava gargalhando e rolando na cama com o Sik.

— Onde o seu marido pensa que você está? — Sik perguntou e a Jennie deu risada.

— No cabeleireiro. — Ela respondeu e gargalhou ficando por cima dele para cavalgá-lo.

Eu fechei aquela porta e na próxima ela estava em uma loja cara, gastando todo o meu dinheiro. Em todas as possibilidades daquelas portas ela estava me enganando de uma forma diferente e comecei a gritar para que aquilo parasse, mas continuava acontecendo.

Quando acordei, suado e gritando na minha cama, me assustei ao ver a Jennie ali com os olhos arregalados e a mão no meu peito e me irritei. — O quê pensa que está fazendo no meu quarto? — Questionei afastando a mão dela e vi seus lábios entreabertos como se ela não soubesse o que responder.

— Você estava gritando meu nome! — Ela explicou e percebi que ela não conseguia desviar o olhar das minhas tatuagens.

Eu estava sem camisa, usando apenas uma calça de moletom e não entendia porque ela parecia tão surpresa já que eu apareço sem camisa no palco diversas vezes, mas como já estava me incomodando me cobri com o lençol e isso fez com que ela desviasse o olhar.

— Eu estava tendo um pesadelo. — Resmunguei e ela concordou com a cabeça, mas não levantou da cama.

— Eu imaginei. O que eu estava fazendo de errado dessa vez? — Ela perguntou e pensei que estava zombando, mas seus olhos estavam atentos a mim como uma criança que pedia para ouvir uma história.

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