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Volto a encarar o Moscou e largo seus pulsos, saindo de cima da sua barriga. Estendo a mão para o fofoqueiro que aceita. Levanta, batendo as mãos na calça tática, retirando os matos que ficaram colados.
— Nós estávamos...
— É uma coisa da nossa cultura. Sabe, correr atrás um do outro. Tipo uma brincadeira.
Theus que tem os braços fortes cruzados, nos observa atentamente. Essa resposta do chefe da equipe de inteligência foi péssima. Tenho vontade de derrubá-lo no chão novamente, porém me contenho.
— Sério? E como se chama? — Theus indaga para nós. — Adoraria pesquisar a respeito. Adoro aprender sobre outras culturas.
— Eu estava ensinando alguns golpes de defesa pessoal para o Moscou. Vi as notas de desempenho dele e coitado, precisa melhorar muito para conseguir sair da sua colocação. Resolvi ajudá-lo, pois sei que ele tem muitos receios com os treinos de luta corporal e os de simulação. É o mínimo que posso fazer por ele ser tão acolhedor comigo. Claro, ele já falou que chorou algumas vezes de medo, contudo...
— Acho que estou me sentindo um pouco humilhado — Moscou diz, me fitando com raiva. Essa é a minha pequena vingança. — Sim. Daniel estará dando algumas aulas particulares para mim. Agora, se eu aprenderei, é outra história.
Seguro a vontade de sorrir e me vejo perdida no meio-sorriso que Theus libera. Meu Deus, preciso parar de ficar reparando nele dessa forma.
— Posso ajudar você também, Moscou — o diretor de diretrizes se prontifica.
— Deus é mais. — Um riso me escapa. — Quer dizer, é... Daniel dará conta. Apesar de ele estar ocupado com os treinos, com o laboratório, com o doutorado, conseguirá abrir uma brecha na sua agenda apertada. Ah, também não posso esquecer da vida agitada com as mulheres que ele leva. Sabe? Todo homem solteiro tem uma vida ativa e... bom... nossa, o dia está tão lindo, não é?
Eu vou arrancar a língua desse idiota e fazê-lo comer.
— Vejo vocês amanhã. Daniel, te vejo hoje na faculdade. Tem o coquetel de boas-vindas para os mestrandos e os doutorandos. Aliás, começarei a cursar o mestrado em Direito Administrativo.
— Não poderei ir. Tenho um compromisso — falo a primeira coisa que vem à cabeça.
E ele não sabe como isso me deixou numa enrascada. Não faço ideia de como o evitarei na faculdade. O consolo é saber que somos de ciências totalmente diferentes. O prédio de ciências da natureza fica numa extremidade e a de humanas em outra. Muito provavelmente não terei aulas nos mesmos dias dele. Os programas são diferentes.
— Certo — é o que diz, franzindo as sobrancelhas grossas e loiras. — Até, soldados.
Sai com toda sua magnitude de postura de dono do mundo. É realmente admirável.
