Enigma Of Souls

Capitulo 12 - (pt.1) - sombras

A luz fraca do amanhecer se infiltrava pelas cortinas pesadas do dormitório, desenhando linhas douradas no chão de pedra.

S/N estava acordada há horas, imersa em um mar de cobertores, mas o calor do sol que se anunciava não conseguia aquecer o frio que se alojara em seu peito desde a noite anterior. Ela revirava na cama, as lembranças do beijo trocado com Draco Malfoy a assaltando de forma implacável.
Foi um momento de fraqueza, um lapso de julgamento, um erro que a consumia por dentro.

Cada detalhe do ocorrido era como uma agulha afiada, perfurando sua consciência. Ela podia sentir os lábios de Draco contra os seus, frios e exigentes, tão diferentes do toque gentil e caloroso que ela imaginava que seria beijar Cedrico.

A recordação a fazia se encolher sob os cobertores, desejando poder voltar no tempo e desviar do caminho que a levou até aquele corredor escuro da biblioteca, ainda mais na ala estritamente proibida e, consequentemente, até Draco, que agora não saia de sua cabeça, ela não conseguia simplesmente deixar de pensar em como ela gostava da sensação que ele causou em suas entranhas quando segurou sua cintura com mais firmeza, ela tinha sentido como se aquilo significasse muito mais pra ele por causa daquela intensidade toda.

Entretanto, além da sua conturbação em relação a Draco, outra coisa acontecia em segundo plano. Havia um sussurro entre as paredes, uma história sendo contada nas sombras, e ela sentia o peso daquele segredo como uma capa invisível sobre seus ombros. Não era apenas a curiosidade que a movia, mas uma necessidade de entender, de desvendar os mistérios que recentemente, o torneio tribruxo estava borbulhando em sua cabeça, ela sabia que algo se escondia entre seus muros centenários.

Tentando se concentrar em alguma coisa além dos três jeitos de Draco, S/n manifestava em sua mente um plano de intervenção, precisava falar com Harry, ele tinha respostas, ou aparentava ter, ela precisava falar com ele, ela tinha perguntas a se fazer, a confusão estava delirando-a.
O sol, agora um pouco mais alto no céu, lançava uma luz que parecia simbolizar a clareza que ela tanto buscava.

Levantando-se decidida, ela se envolveu no manto da coragem, pronta para enfrentar o dia com todas as incertezas que carregava.

O café da manhã na Grande Sala foi um emaranhado de vozes e sons, mas S/N mal notava o burburinho ao seu redor. Seus pensamentos estavam focados em como poderia confrontar Draco sobre o momento que compartilharam, e ainda mais, como ela poderia investigar os mistérios por trás do Torneio Tribruxo sem chamar muita atenção para si. Ela sabia que tinha que agir discretamente, evitando despertar suspeitas tanto dos professores quanto dos alunos.

No tumulto da Grande Sala, S/N localizou Harry, isolado em um canto, absorto em seus próprios pensamentos. Harry Potter, com sua marca registrada de cabelos desordenados e óculos redondos um pouco tortos, sempre teve um ar de alguém carregando o mundo nos ombros, mas também de alguém disposto a enfrentar qualquer desafio que este mundo apresentasse. Essa resiliência e coragem eram palpáveis, mesmo na quietude de sua postura enquanto ele folheava um livro.

Aproximando-se, S/N sentiu uma mistura de nervosismo e determinação, mas o que a incomodou de fato foi o estranho arrepio por todo seu corpo quando seu olhar foi de encontro com sua cicatriz.

• Harry — começou ela, sua voz mais firme do que esperava - preciso falar com você sobre o Torneio Tribruxo.
Harry levantou os olhos, um brilho de interesse surgindo em seu olhar verde. Ele sempre teve a capacidade de fazer alguém se sentir imediatamente notado, uma qualidade rara e reconfortante.

• Claro, S/N — ele respondeu, fechando o livro e dedicando-lhe toda sua atenção - O que está te preocupando?

S/N hesitou por um momento, ponderando como iniciar uma conversa que mais parecia uma investigação. Mas a franqueza sempre foi uma abordagem que Harry apreciava.