Bucky Part.02

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Tenho tantas perguntas a lhe fazer. Eu nem devia querer essas respostas, mas preciso saber o porquê ela fez o que fez. Tenho a sensação de que ela não vai deixar a gente em paz sem antes lutar, e por mais que eu queira varrer isso para debaixo do tapete, esse não é o tipo de situação que vai simplesmente desaparecer. Talvez seja por isso que eu esteja aqui, sentado na picape, observando-a guardar as compras no seu carro. Não sei se ela percebeu que estou seguindo cada passo dela hoje , à espreita. Deve ter percebido. Escuto uma batida no vidro que me deixa sobressaltado. Meus olhos encontram os de Sam. Ele está com Marjorie no quadril, então abro a porta.

"O que estão fazendo aqui?"

Sam me olha com uma expressão confusa. Certamente estava esperando que eu reagisse com mais entusiasmo do que preocupação.

"Viemos fazer compras, já que você me deixou de babá da piveta, porque tinha compromisso e vimos sua picape."

" Papai quero ir com você." — fala Marjorie.

Ela tenta me alcançar, e deslizo o corpo para fora da picape enquanto a pego do colo de Sam. Na mesma hora dou uma olhada no estacionamento para ver se Lilly está ainda lá.

"Vocês precisam ir embora." - digo para o Sam.

Ele estacionou na fileira em frente à minha, então vou até seu carro.

"O que houve?" — perguntou Sam.

Me viro para ele e faço questão de escolher com cuidado minhas palavras.

" Ela está aqui."

Vejo a confusão no rosto de Sam antes de a ficha cair. Assim que ele entende a que estou me referindo

" O seu compromisso era esse? Ficar observando a defunta ?"

" Ela estava fazendo compras e está no estacionamento agora. Precisa tirar Marjorie daqui."

"Mas eu quero ir com você." — fala Marjorie.

"Mais tarde papai está em casa. Fique com o Tio Sam." — digo, segurando a maçaneta.

O carro do Sam está trancado. Fico esperando ele destrancá-lo.

É então que eu vejo Lilly.
É então que Lilly me vê.

"Depressa " — digo com a voz baixa.

Lilly está imóvel no meio do estacionamento, nos encarando. Ao entender o que está vendo e que sua filha está a apenas alguns metros de distância , ela abandona o carro e começa a vir em nossa direção.
Sam destrava as portas, então escancaro a porta de trás e ponho Marjorie no assento. Não sei por que tenho a sensação de que estou correndo contra o tempo. Não é como se Lilly fosse capaz de pegá-la com nós dois aqui. Só não quero que Marjorie veja que a sua mãe está viva. E também esse não é o lugar nem o momento para Lilly rever a nossa filha.
Seria caótico demais. Marjorie ficaria assustada.

"Esperem! "— grita Lilly.

Marjorie nem está com o cinto afivelado quando digo:

"Vá."

E então fecho a porta. Sam dá marcha a ré e sai da vaga assim que Lilly nos alcança. Ela passa por mim e se lança atrás do carro, e por mais que eu queira agarrá-la e puxá-la para trás, não ponho as mãos nela por ainda me arrepender de quando a tirei da porta da minha casa. Lilly aproxima-se do carro o suficiente para encostar na traseira dele e implorar:

" Espere! Sam, espere! Por favor!"

Sam não espera. Ele vai embora, e é doloroso ver Lilly considerando correr atrás do carro. Após finalmente perceber que não vai conseguir detê- los , ela se vira e me olha. Há lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Ela cobre a boca com as mãos e começa a soluçar. Estou dividido; me sinto aliviado por Lilly não ter nos alcançado a tempo, mas também arrasado pelo mesmo motivo. Quero que Lilly reencontre a filha, mas não quero que Marjorie conheça a mãe, embora elas sejam a mesma pessoa.Parece que sou ao mesmo tempo o monstro de Lilly e o protetor de Marjorie. Lilly me olha como se estivesse prestes a desmaiar de tanto sofrimento. Não tem condições de dirigir . Aponto para minha picape.

Ultraviolence - Bucky Barnes +🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora