Capítulo 1 - Café e Livros

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Boa leitura!

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A máquina de expresso chiava suavemente, enchendo o ar com o aroma tentador do café moído na hora. Carina Deluca, uma mulher de cabelos castanhos e olhos profundos, estava atrás do balcão, concentrada em preparar um latte perfeito.

Depois de ajustar o porta-filtro e apertar o botão para extração, o café fluiu de forma constante, criando uma espuma espessa e cremosa no topo. Enquanto a máquina trabalhava, ela aquecia o leite, girando o recipiente com cuidado para criar uma microespuma suave.

Por fim, verteu o leite com espuma sobre o expresso, formando um belo padrão de folhas na superfície da bebida.

- Seu latte sem açúcar, como sempre. - disse e entregou a xícara à mulher que observava cada movimento com uma intensidade característica.

Cristina Yang pegou a xícara, dando um pequeno sorriso de agradecimento. Sem dúvidas a mulher era mais do que uma cliente habitual; era uma amiga que conhecia Carina há anos e infelizmente conhecia detalhes que não queria que existissem.

- Obrigada. - respondeu, levando o latte aos lábios. Deu um gole, saboreando-o por um momento antes de pousar a xícara no balcão, produzindo um som suave e ao mesmo tempo firme, onde a porcelana encontrou o pires e juntos ressoaram ao tocar a madeira da bancada.

- Carina, - mais uma vez começou o assunto que sempre começava - tenho recebido e-mails...

A mulher oriental olhou para a italiana atrás do balcão, que parecia ocupada mas parou o que estava fazendo...

- Cristina - Carina suspirou que sabia exatamente do que se tratava. "Mas que droga de mulher insistente", pensou.

- Olha, é sério... eu tento deixar para lá, as pessoas que não me deixam quieta.

- Eu sei... - disse mas na sua cabeça queria dizer "não vem com essa que eu te conheço muito bem"

- Você precisa voltar a escrever. - falou de forma direta, uma característica marcante dela, não gostava muito de rodeios - Eu sei que foi difícil depois de tudo que aconteceu com a Ana... - fez uma pequena pausa - Mas já faz cinco anos que você não escreve absolutamente nada.- Carina só olhava, estava cansada daquela insistência mas entendia o lado da amiga e antiga editora - Seu talento não deve ser desperdiçado assim. Você tem uma criatividade que a gente não acha em qualquer lugar. Não sei como consegue ter tantas histórias incríveis e diferentes dentro de você. - despejou tudo, foi a última tentativa.

Carina sentiu um aperto no peito ao ouvir o nome de sua falecida esposa, a dor ainda recente, uma ferida aberta que nunca cicatrizava completamente. Ana se foi muito cedo, tinham tanto a viver ainda... Depois disso o que sua antiga editora falou soou quase como um zumbido sem significado, ressoando no ar.

- Já falamos sobre isso, Cristina... - suspirou e começo a arrumar umas xícaras que estavam no balcão, apenas trocando-as de lugar para ter um pequeno momento de fuga daquilo tudo.

- Eu sei, mas os leitores sentem falta das suas histórias. Eu sinto falta das sua história! Você tem uma legião de fãs que espera por um novo livro seu. A Westwood Press não sabe lidar com artistas. Eles são grandes demais e só querem resultados, pressionam muito. Te pressionaram demais.

- Não é isso...

Carina desviou o olhar, sentindo a pressão das palavras de Cristina. Ela se lembrava dos dias em que escrever era uma alegria, uma forma de se conectar com a realidade, com sua vida e principalmente com sua esposa, que sempre a apoiou em sua carreira. Mesmo com toda correria que aconteceu depois de seu primeiro best seller, co prazos, exigências e agenda lotada, gostava daquilo.

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