"Querido Diário" de Lana Berger

𝙿𝚁𝙾𝙿𝙾𝚂𝚃𝙰 𝙴𝙽𝙸𝙶𝙼𝙰𝚃𝙸𝙲𝙰 |38

☠IVAN BELL ☠
𝔓𝔞𝔯𝔱𝔢 𝔮𝔲𝔞𝔱𝔯𝔬

    2718 palavras

  O estrondo dos vidros se estilhaçando reverberou pelo ambiente, lançando uma onda de adrenalina que percorreu meu corpo com a velocidade de um relâmpago. Cada passo que dei, senti o cravar dos cacos sob as solas dos meus sapatos. O caos ao redor parecia surreal.

  Meu olhar varreu o espaço ao redor até encontrar a figura da garota, a poucos metros de distância, determinada, como se estivesse em uma missão, preparando-se para despedaçar mais uma vidraçaria.

— Berger, vem cá — chamei, ao mesmo tempo em que puxei de trás da porta um cachecol marrom, o tecido áspero entre os dedos.

  Ela se aproximou rapidamente, seus passos quase inaudíveis sobre o caos de vidro quebrado ao nosso redor. — O que foi? — perguntou em um tom baixo.

  Com delicadeza, abaixei seu capuz, revelando parte de seu rosto. Enrolei o cachecol em torno dela, cobrindo sua boca e seu nariz, e então puxei o capuz de volta sobre sua cabeça, ocultando sua identidade por completo. Não queria correr o risco de Alan a reconhecer e tentar algo contra ela; preferia mantê-la afastada de mais problemas.

  Um som abafado, quase indistinto, ressoou ao longe, atraindo minha atenção para a escadaria. Virei o rosto rapidamente, uma sensação incômoda de que ele estava próximo. Instintivamente, minha mão mergulhou dentro da jaqueta, retirando a arma mais uma vez.

— Você acha que ele vai mijar nas calças? — Lana perguntou, uma risadinha contida escapando de seus lábios.

— Você não quer ver isso — respondi, desviando de seu corpo e caminhando em direção à escadaria, meus passos agora mais cautelosos.

— Deveria me deixar bater nele.

— Não, Lana.

— Ele iria sentir o gosto do próprio veneno apanhando de uma mulher, Ivan — ela insistiu, sua voz carregada de uma determinação que quase me fez ceder.

  Quando coloquei o pé no primeiro degrau da escada, me virei para ela, meus olhos fixos nos dela. — Fica aqui, eu te chamo quando for seguro.

— Só você vai se divertir — ela retrucou, o desgosto evidente em sua voz.

  Sem mais uma palavra, continuei a subir as escadas, que rangiam sob meu peso, até alcançar um pequeno corredor com duas portas. Aproximei-me da primeira com cautela, empurrando-a devagar até que a escuridão de um pequeno banheiro se revelasse. Acendi a luz, a claridade iluminando o espaço vazio, sem nada de incomum à vista.

  Dirigi-me então à segunda porta, mas desta vez, em vez de cautela, a arrombei com dois chutes, a madeira frágil cedendo sob a força dos golpes. A porta escancarou-se, revelando Alan já em posição, empunhando uma barra de ferro — um atiçador de brasa — que ele deixou cair no chão assim que apontei minha arma em sua direção.

— Ivan? Você não tinha ido embora? Que porra você tá fazendo aqui?! — Sua voz oscilava entre o alívio e a confusão, como se sua mente tentasse desesperadamente entender o que estava acontecendo.

— Nenhum motivo te vem à mente, Cook? — retruquei, aproximando-me dele enquanto abaixava a arma. Peguei o atiçador de brasa, meu olhar varrendo o ambiente, sem encontrar nada que se assemelhasse a uma lareira ali em cima.