"O amor é a coisa mais triste quando se desfaz"

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Quando Carol desceu usando um dos vestidos de Soraya ainda a encontrou sentada no chão, chorando inconsolavelmente.

- Soraya, calma! Venha aqui! Você precisa se levantar! Vem! - a menina disse levantando-a do chão e ajudando-a a se sentar no sofá.

- Eu peguei um vestido seu emprestado. Espero que não se importe.

Soraya parecia nem ter ouvido o que ela disse, apenas continuava chorando sem parar.

- Sory, olha para mim - Carol falou, colocando uma mecha do cabelo loiro da mulher atrás da orelha para conseguir olhar seu rosto - nós precisamos conversar!

- Não, Carol! Por favor, não! Eu não estou te culpando por nada do que aconteceu. Na verdade, eu tenho a certeza de que a culpa é bem mais minha do que sua. Mas eu não tenho condições de mais nada agora.

- Soraya, me dê apenas uns minutos... eu preciso que você me escute.

- Eu não podia ter feito isso com a Simone. Eu... eu... eu não podia! Ela nunca vai me perdoar! Nunca! - a senadora exclamou, soluçando de tanto que chorava.

- Sory, é exatamente sobre isso que a gente precisa falar. Nós não...

- Por favor, Carol, por favor! Eu estou te pedindo! Agora não! Eu não quero ser indelicada com você, mas eu preciso ficar um pouco sozinha. Você pode fazer isso por mim?

A personal viu que seria inútil tentar ter uma conversa com a loira naquele momento e, portanto, decidiu acatar o seu pedido e ir embora.

- Tudo bem! Eu vou embora. Mas me ligue assim que estiver melhor. Eu preciso que você me ouça!

Soraya apenas fez um sinal positivo com a cabeça e a mulher deixou o apartamento.

Ela se levantou, tomou um banho e vestiu uma roupa confortável. Depois voltou para o seu quarto e trocou todas as roupas de cama. Ela queria poder apagar essa noite e esse dia de sua mente. Ela se sentia a pior pessoa do mundo e ainda havia uma bela ressaca e uma dor de cabeça para ajudar.

Ela se deitou na cama e alcançou o seu celular, tentou ligar para Simone várias vezes mas ela não atendeu. Como combinado, Luiz iria para a casa da mãe morena hoje, já que estavam com saudades e ela sabia que, apesar de qualquer coisa, a mulher não esqueceria de seus compromissos com o filho. Então, ela passou o resto do dia na cama, sentindo desprezo por si mesma.

E assim foi toda a semana. Soraya não conseguia nem mesmo ir trabalhar. Ela se sentia horrível. A ressaca física havia acabado, mas a moral estava mais viva do que nunca, apertando o seu peito. Ela passou a semana praticamente toda na cama, quase sem se alimentar e mal conseguia se levantar para tomar banho. Ela estava muito deprimida pelo que havia feito com a mulher que amava. Ela queria muito poder voltar atrás, fazer tudo diferente, mas ela não podia. Ela tinha perdido o amor da sua vida e agora teria que viver com isso.

Cinco dias havia se passado e Luiz voltaria para casa hoje. Então, Soraya se obrigou a reagir. Levantou cedo, tomou um banho e se arrumou, como não conseguia fazer desde aquela manhã. Tentou ligar para a esposa, como fazia todos os dias e, como de costume, ela não atendeu. Então deixou mais uma mensagem:

"Por favor, por tudo o que vivemos juntas, me deixa pelo menos falar com você. Você pode nunca mais acreditar, mas eu te amo e sempre vou amar"

Simone não atendia suas ligações, não respondia suas mensagens e, quando ela ligava para o seu gabinete, era educadamente informada de que a ministra estava em uma reunião e não podia atendê-la... todas as vezes.

Ela precisava resolver sua vida e tinha que começar em algum lugar. Já que Simone estava fugindo dela de todas as maneiras possíveis, ela resolveu ir para o próximo problema em sua longa lista: Carol. Ela precisava se desculpar com a mulher também. O que aconteceu foi um erro terrível, mas não era culpa da menina. E ela não poderia tratar uma mulher dessa maneira. Ela a convidaria para conversar, pediria perdão e encerraria qualquer relação com ela, inclusive a profissional.

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