Como Defender Uma Assassina (INTERSEXUAL)

Eles não teriam chances contra mim

POV CAMILA

9:46 da manhã, domingo.

Tomei um gole de café enquanto analisava os papéis em cima da minha mesa no meu escritório em casa. Resolvi tirar o dia pra focar e organizar as provas e tudo que era necessário para ir a tribunal pelo caso de Lauren. Falando nela, passei no presídio essa semana apenas para prepara-la para o tribunal. Lauren estava nervosa e tentei ao máximo deixa-la tranquila para que nada saísse dos eixos. Não toquei no assunto do nosso último encontro, pois não sabia direito o que estava acontecendo, e também não queria que meus sentimentos atrapalhassem o meu trabalho. Ainda assim tentei ao máximo ser gentil e mostrar a ela que estava tudo bem. Apesar de esconder muito, podia perceber que Lauren era um pouco paranóica e qualquer coisa que pudesse entender errado, sabia que isso ficaria na sua cabeça por dias. Eu não queria isso.

Tirei um tempo também pra mandar mensagem para Sabrina, que fez questão de não responder nenhuma delas. Desde seu aniversário que não nos falamos. Eu sabia que pra ela estava tudo acabado desde aquele momento, mas de qualquer forma, eu não queria ser mais filha da puta de não resolver aquilo da forma correta, aliás, as coisas dela ainda estavam ali na minha casa e eu nem ao menos sabia onde ela estava ficando. Fiz o possível pra não olhar suas redes sociais, mas ela fazia questão de postar em todos os lugares possíveis que estava saindo e curtindo sua solteirice. Se ela ao menos soubesse que aquilo era totalmente irrelevante pra mim, postaria menos e viveria mais.

Voltei a organizar os papéis sentindo minha cabeça doer, estava assim a umas horas. Mesmo com a ajuda de Zendaya e Jenna, ainda era muita coisa pra fazer, teria que montar uma equipe. Precisava de pessoas ao meu lado, do lado de Lauren. Quanto mais pessoas estivessem envolvidas nisso, menos chance de receber ameaças e de correr risco. Sabia que precisaria de atenção, fazer muito barulho pra ser ouvida, já que estávamos falando da filha morta do senador do estado. Isso envolvia muitas coisas e eu estava tentando não ter medo, mas precisava me sentir segura de alguma forma, por isso tinha ligado pro meu meio irmão, filho do meu pai de outro casamento, para que ele passasse os próximos meses na minha casa já que Sabrina não voltaria mais. E falando nele, seu nome estava piscando na tela do meu telefone.

- Me dê boas noticias... - Falei assim que atendi sua ligação. Queria que ele chegasse o mais rápido possível. Já tinha recebido uma visita de Jacob e não esperava que fosse a última agora sabendo como eles estavam agindo pra manter Lauren presa. Precisava do meu irmão ali.

- Já consegui resolver tudo, amanhã eu viajo. - Daniel falou e respirei aliviada. - Pode ao menos me dizer em que merda se meteu dessa vez?

- Quando você chegar te conto pessoalmente.

- Não tem graça.

- É um caso, Daniel. Você sabe que sou advogada de defesa, estou sempre correndo riscos. - Suspirei forte tentando conter aquela agonia dentro de mim. Por mais que eu fosse boa no que fazia, tinha noção de que era uma profissão difícil. Mas não havia nada mais que se encaixasse melhor pra uma pessoa como eu, viciada em adrenalina e agitação. Eu gostava disso.

- Eu não gosto do seu trabalho.

- Eu sei.

- Não gosto que corra risco e não entendo porque aceita casos tão complicados. Parece que gosta de se colocar em perigo. - Ele dizia irritado e eu apenas escutava quieta.

Não era primeira vez que eu recebia sermão dele, isso era bem frequente. Daniel era a única pessoa que me fazia escutar quieta, ele se importava comigo e sempre que eu precisava ele largava tudo pra me socorrer. Era basicamente a única pessoa da minha família que eu me dava bem, e era assim pra ele também. Ele tinha muito medo de me perder, mas sabia que não podia me convencer a parar, sabia que eu continuaria pegando casos difíceis que me colocavam em risco, então tudo que ele podia fazer era ficar do meu lado tentando me proteger.