Na manhã seguinte, eu tinha planos de dormir até tarde, aproveitar o raro momento de descanso. No entanto, meus planos foram bruscamente interrompidos por um berro exagerado que fez ecoar pelo quarto.
— Sn, acorda! — Kugisaki gritou, sacudindo minha cama com entusiasmo.
— O que é isso, Nobara?! — resmunguei, ainda meio grogue e puxando o cobertor sobre minha cabeça, tentando me esconder do mundo.
— Não vem com essa! Levanta logo, você tem explicações para me dar — ela continuou, puxando o cobertor e me forçando a encarar a luz do dia.
Com um suspiro cansado, me sentei na cama, tentando entender o motivo de tanta agitação. Mas antes que eu pudesse perguntar, Nobara já estava apontando algo.
— O que é isso no seu pescoço? — ela perguntou com um sorriso astuto, claramente percebendo algo que eu não tinha notado.
Franzi o cenho, confusa, e me levantei para me olhar no espelho. Foi quando vi: uma pequena marca no meu pescoço, resultado do momento da noite passada com Megumi. Minha mente disparou em busca de uma desculpa plausível, e rapidamente me virei para ela.
— Ah, isso? — sorri nervosa. — Eu... acabei batendo na prateleira enquanto tentava pegar um livro ontem à noite. Nem percebi que tinha ficado assim...
Kugisaki cruzou os braços, arqueando uma sobrancelha. Claramente, ela não estava comprando minha história, mas, para minha sorte, não insistiu mais no assunto. Apenas me lançou um olhar desconfiado.
— Claro, Sn... Uma prateleira, hein? — Ela riu, mas logo mudou de assunto. — Bom, melhor você se arrumar. O dia está lindo lá fora, e não vou deixar você passar a manhã toda na cama.
Assenti, aliviada por ela ter deixado o assunto de lado. Mesmo que não fosse a verdade, era melhor assim.
Apesar de me sentir um pouco exposta, segui o conselho de Nobara e me levantei para me arrumar. O reflexo no espelho mostrava a pequena marca no meu pescoço, algo que eu não conseguia deixar de olhar. O pensamento do que aconteceu na noite anterior com Megumi continuava a rodar em minha mente. O modo como ele me olhou, a intensidade em seus olhos... tudo isso ainda me fazia sentir um arrepio na espinha.
Enquanto eu trocava de roupa, Nobara continuava a falar sobre o quanto o dia estava bonito e como seria bom fazer algo ao ar livre. Mas, para ser honesta, minha cabeça estava em outro lugar, perdida em lembranças da noite passada.
— Ei, você tá me ouvindo? — Nobara perguntou, puxando-me de volta à realidade.
— Hm? Sim, claro! — respondi rapidamente, tentando parecer mais presente do que estava. — Do que você estava falando mesmo?
— Eu disse que a gente deveria dar uma volta, talvez encontrar os outros... — Ela me olhou com um misto de preocupação e curiosidade. — Mas, sério, o que tá acontecendo com você? Você parece distante.
Suspirei, tentando encontrar as palavras certas. Parte de mim queria contar a verdade, desabafar sobre tudo o que estava sentindo. Mas outra parte, talvez a maior, preferia manter isso para mim mesma, pelo menos por enquanto. Eu ainda estava tentando entender meus próprios sentimentos, e compartilhar isso parecia algo grande demais.
— Acho que só estou cansada, sabe? — respondi, meio evasiva. — Depois de tudo que aconteceu... minha cabeça está meio bagunçada.
Ela assentiu, aparentemente aceitando minha explicação, mas sem deixar de lado aquele olhar atento que indicava que ela sabia que havia mais do que eu estava dizendo.
— Tudo bem, só... sabe que estou aqui se precisar falar sobre qualquer coisa, certo?
Sorri, genuinamente grata por sua preocupação.
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Culpa Do Acaso - Megumi Fushigoro
RomanceSn Ito e Megumi Fushigoro são rivais no colégio há anos. Ambos competem por uma atenção ou importância de seus professores, mas, ao serem forçados a colaborar em missões e treinamentos, descobrem que seus conflitos mascaram sentimentos muito mais pr...