A música do amor

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Era uma tarde ensolarada de quinta-feira quando Satoru Gojo, um jovem descompromissado e animado, recebeu uma mensagem de Shoko Ieiri. A garota era sua amiga há anos e tinha o plano mais inusitado: montar uma banda. Gojo não tocava nenhum instrumento até então, mas Shoko, sempre esperta, logo o convenceu a aprender bateria. 

- Vai ser incrível, Satoru! - Insistiu Shoko pelo telefone - A gente já tem o Suguru na guitarra, a Utahime no baixo e o Nanami no teclado.. Só falta você. 

- Você tá maluca, Shoko! Nunca toquei bateria na vida! 

- Não se preocupe, eu conheço um cara que pode te ensinar, e você aprende rápido, vamos, vai ser divertido! 

Depois de um tempo de insistência, Satoru aceitou. Quando chegou ao estúdio improvisado de Shoko, encontrou Suguru Geto pela primeira vez. Ele estava encostado na parede, mexendo nas cordas de sua guitarra, parecendo distante e um pouco arrogante. Satoru, sendo ele mesmo, tentou puxar papo logo de cara. 

- E aí, cara? Toca há muito tempo? 

Suguru apenas olhou para ele, com um meio sorriso desdenhoso. 

- Algum tempo - Respondeu, de maneira seca. 

Aquele pequeno encontro não saiu da mente de Satoru. Ele não conseguia entender por que Suguru parecia não gostar dele, e isso começou a incomodá-lo. Quando Shoko apresentou oficialmente todos os membros da banda, a tensão entre Gojo e Geto já era palpável, mesmo que sem motivo aparente. 

- Gente, esse é o Gojo, ele vai tocar bateria - Disse Shoko, animada. 

- Espera aí, ele vai aprender bateria agora? - Perguntou Suguru, levantando uma sobrancelha. 

- Relaxa, cara, sou um gênio. Vou aprender rápido - Disse Satoru, com o mesmo tom de desdém que sentiu vindo de Geto. 

A partir daquele momento, uma rivalidade estranha se instalou. Cada vez que os dois se viam, era como se uma faísca de provocação surgisse. Geto era sempre frio, respondendo apenas o necessário. Gojo, por sua vez, não deixava barato e tratava Suguru com a mesma ironia. 

- Ei, Suguru, acha que pode me acompanhar na bateria hoje? - Provocou Gojo, enquanto limpava sua bateria antes de um ensaio. 

- Não precisa de muito esforço pra te acompanhar - Retrucou Geto, tocando algumas notas soltas na guitarra. 

Os dois brigavam como duas crianças, trocando farpas em todo ensaio. Utahime, a baixista, revirava os olhos e resmungava baixinho. 

- Por que vocês não conseguem simplesmente se dar bem por cinco minutos? 

- Porque ele... - Começava Gojo, apontando para Suguru, mas Utahime já cortava. 

- Não importa, Gojo! Só se concentrem na música. 

Nanami, sempre calado e focado no teclado, suspirava, sem paciência para as infantilidades dos dois. 

Apesar das brigas, a banda começou a fazer sucesso nos bares da cidade. Cada show atraía mais gente, e a química musical entre eles era inegável. Shoko, sempre a alma da banda com sua voz poderosa, mantinha o grupo unido, mesmo com as tensões entre Gojo e Geto. 

Era em um desses shows, num bar movimentado da cidade, que a virada aconteceu. Após a apresentação, Gojo estava nos bastidores, secando o suor da testa, ainda com o coração acelerado pelo ritmo da bateria. Ele se aproximou de Suguru, que estava trocando as cordas da guitarra com o olhar distante de sempre. 

- Tá, me fala.. Qual é o seu problema comigo? - Perguntou Satoru de repente, parando ao lado de Suguru. 

Suguru olhou para ele de relance, voltando a atenção para a guitarra. 

- Que problema? 

- Você sabe do que eu tô falando! Desde o primeiro dia, você me trata com desdém. O que foi que eu fiz? 

Geto parou de mexer na guitarra e, pela primeira vez, encarou Gojo de verdade. Seu olhar estava mais sério do que o habitual, e Satoru não sabia o que esperar. 

- Não foi nada que você fez, Satoru - Disse Suguru calmamente, mas com um toque de nervosismo que Satoru nunca tinha percebido antes - É que... Eu não sabia como agir. 

- Como assim, "não sabia como agir"? - Gojo cruzou os braços, confuso. 

- Desde o primeiro dia que te vi, achei você bonito demais - Confessou Geto, com um pequeno sorriso envergonhado - E isso meio que me deixou... desconcertado. Então, em vez de lidar com isso, acabei te tratando assim. 

Satoru ficou em choque por alguns segundos, incapaz de responder. Ele nunca esperou uma confissão dessas de Suguru, e, por um instante, sentiu o rosto esquentar. 

- V-você tá falando sério? - Gaguejou Gojo, sentindo o rosto corar ainda mais. 

- Sério - disse Suguru, agora com um sorriso de canto, notando o embaraço de Satoru - Não sabia que você ficava tão tímido assim. 

Gojo olhou para o lado, tentando se recompor. 

- Bom... Eu também não sabia. 

Depois daquele dia, a relação entre eles mudou. As provocações continuaram, mas agora tinham uma leveza diferente, quase como um flerte. As brigas deram lugar a trocas de olhares, e Gojo não podia evitar sorrir toda vez que Suguru tocava algum riff mais ousado na guitarra. 

- Ei, Gojo, tá distraído aí? - Provocava Suguru no meio dos ensaios. 

- Só tava admirando o talento de alguém, só isso - Retrucava Satoru, piscando. 

Com o tempo, os dois foram se aproximando cada vez mais, até que, inevitavelmente, começaram a namorar. O clima na banda também mudou, com Utahime e Nanami fazendo apostas sobre quanto tempo levaria para eles assumirem publicamente. 

- Eu disse que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde - Shoko comentava, satisfeita. 

- Você sempre sabe de tudo, né? - Brincou Utahime. 

A banda continuou fazendo sucesso, mas agora com uma nova energia. Gojo e Geto, além de serem uma dupla perfeita no palco, estavam mais conectados do que nunca. A música que eles tocavam parecia fluir de maneira mais harmoniosa, e, finalmente, as provocações e brigas infantis deram lugar ao carinho e compreensão. 

E, no final, foi Shoko quem observou tudo de longe com um sorriso no rosto. Afinal, ela sabia que, no fundo, uma banda é muito mais do que apenas música.

One-shots satosuguWhere stories live. Discover now