The Story of Us

tragedy

And the story of us looks a lot like a tragedy now

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Agosto 2023

Rosamaria POV

Sair do trabalho sabendo o que me esperava em casa era uma sensação desesperadora, na minha cabeça, o mundo parava enquanto eu estava trabalhando, e quando eu voltava pra casa, ele desmoronava. Já faz uma semana que minha mãe entrou em surto de novo e eu já não sei mais o que tentar, queria que nossa família tivesse ao menos condição de pagar uma clínica pra ela se internar, acho que eles saberiam cuidar melhor do que eu. Pelo menos estou feliz que Carol me convenceu a sair amanhã, vai tirar minha cabeça da minha realidade e de quebra, ainda vou fazer minha namorada feliz.

Desci do Uber na frente de casa e já notei a vizinha na sua porta acenando pra mim, paguei o motorista e fui até ela. "Oi, Dona Dercy."

"Olha, que bom que você chegou, minha filha, eu ouvi uns barulhos aí dentro mais cedo, liguei pro seu tio e ele falou que tava vindo."

Eu imediatamente fiquei preocupada. "Muito obrigada." Me apressei pra abrir o portão de casa e ignorei o caos que era normal agora na garagem, ainda não tinha encontrado tempo pra ajeitar o jardim. A casa estava silenciosa e isso me preocupou mais, meu coração quase saía pela boca. Tirei meus sapatos e da janela da sala eu já vi minha mãe deitada no sofá e a TV ligada. Ela tá bem. "Mãe, cheguei, tá tudo bem por aqui?" Falei abrindo a porta, ela não respondeu, estava dormindo. E eu entendi porque.

A caixa de remédio que eu tinha escondido estava no chão ao seu lado, ela tinha achado. Mas como? Escondi muito bem no fim do meu guarda-roupa. Andei poucos passos e já vi sua obra de arte, todas minhas roupas na cama ou no chão do meu quarto, meus livros também bagunçados, minha cama sem lençol com os travesseiros jogados em qualquer lugar. Suspirei frustrada, ela estava tão bem quando eu fui trabalhar hoje, eu não consigo mais confiar no que eu vejo, não posso mais deixar ela sozinha.

Voltei até o sofá pra checa-la, ela provavelmente tinha tomado remédio pra dormir, e se ela não precisasse desses remédios dosados, eu já teria jogado eles fora, mas não era uma opção. Ela estava respirando bem, só estava dopada mesmo, vi que nenhuma quantidade absurda de remédio tinha sido tomado então fiquei mais tranquila. Tentei mexer ela pra ver se ela acordava pra ir pra cama mas ela nem respondeu.

Meu tio chegou alguns minutos depois e me ajudou a arrumar a bagunça que ela fez e me prometeu ficar com ela enquanto eu estivesse no trabalho nos próximos dias. Eu estava exausta de uma forma que nunca estive antes, era mental e física junto, e além disso eu me sentia sozinha. Nesses momentos eu me segurava pra não ligar pra Carol e contar tudo, pra ela me segurar no colo e me consolar, mas eu tinha muito medo do que as pessoas viam quando olhavam pra minha mãe, tinha medo da Carol me ver nela e isso a assustar.

Então, eu continuava sozinha, chorava sozinha, cuidava sozinha e, pra piorar, minha defesa era afastar todo mundo mais ainda. Esperava me sentir melhor quando minha irmã voltasse pra casa semana que vem. Ela sempre foi a ponte entre nós duas, a pacificadora. Fora que é a única normal da família, nada a abala e ela tem uma força que só ela. Não vejo a hora dela chegar mas me sentia culpada dela estar largando seu sonho no exterior porque eu não dei conta aqui, espero que tudo se normalize rápido pra ela poder voltar.

Eu tive sorte que o trabalho nos próximos dias não foi monótono no escritório, tínhamos projetos pra cuidar de perto e isso nos fez ter uma rotina diferente do normal, isso me distraiu das coisas que estavam acontecendo em casa. Segui a rotina com meu tio, ele me ajudava de dia e eu me virava a noite. Na verdade, ele já fazia muito, a noite ela já tinha cansado de dar trabalho o dia todo e ficava bem mais tranquila comigo. No fim de semana, meu tio pediu arrego, disse que não podia ficar e eu aceitei já que não estava trabalhando.