Foguinho 🧸:
Lica: que demora- resmungou me encarando e terminei de me arrumar - e cadê teu marido?
Foguinho: que marido? - fiz careta e peguei minha bolsinha - não sou casada e muito menos fui pedida em casamento.
Lica: engraçadinha,né? - bateu no meu braço e dei risada - fala isso mas já estão quase tendo um vida de casados,porque você vive dormindo na casa dele e ainda está grávida.
Olhei com deboche e olhei para a tela do meu celular quando senti ele vibrar. Vi que era uma mensagem do Matheus falando que daqui a pouco chegava aqui e olhei para a minha mãe.
Foguinho: ele já está vindo - falei e ela colocou as mãos para cima agradecendo,fazendo eu dar risada.
Já tínhamos voltado para o Brasil a uma semana e eu tinha completando dois meses de grávida e estou indo para a primeira consulta.
Vai eu,Matheus e minha mãe. Vamos fazer a ultrassom em uma clínica lá na pista,porque se fizermos por aqui no morro,no outro dia a favela toda vai está sabendo.
Escutamos a buzina do carro e saímos de casa,fechamos o portão e entramos no carro. Dei um selinho rápido nele e senti sua mão ir de encontro com a minha barriga,enquanto ele fez um movimento breve olhando para a minha mãe e falando com ela. Dando partida no carro em seguida.
Demoramos um pouco para chegar na clínica e ainda tivemos que esperar um bocadinho para sermos atendidos e o Matheus já estava resmungando,mas só foi alguns minutos para meu nome ser chamado.
Doutora: bom dia - falou com um sorriso e sorri para ela,respondendo o seu bom dia - como você está se sentindo?
Foguinho: tô bem,até agora não estou tendo nenhum enjoo. Só algumas cólicas e o peito sensível ,nada além disso.
Ela falou mais outras coisas e depois me mandou deitar na cama,baixei a saia que eu estava vestida e senti ela colocar um gel na minha barriga. Olhei para o lado vendo o Matheus e a minha mãe prestar atenção em cada movimento que a médica fazia e sorri de lado.
Doutora: barriguinha bem pequenininha,quem ver nem pensa - concordei sorrindo - vamos ver como esse bebê está.
Respirei fundo começando a me sentir nervosa e apertei minha mão. Era a primeira vez que eu iria ver ele e escutar seu coração. Senti a mão do Matheus vir de encontro com a minha e segurei o choro que queria descer.
Mas foi quase que impossível não chorar quando eu vi um borrão pequeno na tela e logo em seguida o barulho do coração dele. Passei a mão no rosto tentando afastar as lágrimas,mas elas insistiam em cair cada vez mais.
Parecia que a ficha só tinha caído mais realmente agora,depois de escutar seu coração. Parecia que antes era tudo só um sonho,mas agora,vendo ele pela telinha e escutando seu coração,se tornou bem mais que um sonho. Eu realmente vou ser mãe.
Ramos: parece um cavalo correndo - escutei sua voz rouca e em seguida a risada da doutora,levantei o rosto encarando ele e percebi seus olhos brilharem.
Lica: parece mesmo - falou e vi que ela já estava chorando - meu netinho.
Doutora: seu bebê está muito bem,do tamanho de uma amora - sorri e ela passou o papel na minha barriga limpando - vou passar algumas vitaminas para você .
Concordei e me ajeitei para levantar,Matheus veio me ajudar e segurou na minha cintura,beijando meu rosto.
Ramos: amo vocês pra caralho - sussurrou no meu ouvido - tô com uma vontade fudida de chorar aqui,vocês tão tirando a minha marra.
Joguei a cabeça para o lado e dei risada,olhando para seu rosto e vendo que seus olhos realmente estavam vermelhos.
...
Foguinho: eu realmente vou ser mãe - falei para a manu e ela deu risada,olhando para o boddy que eu tinha comprado hoje depois de sair da clínica- minha ficha tá caído mais agora.
Manu: as vezes eu até esqueço - pegou a outra roupinha- só vou me acostumar mesmo quando ver você com o barrigão.
Foguinho: as vezes eu acho que eu nem vou ter barriga grande - passei a mão no rosto - não vejo nada de diferença até agora.
Manu: ainda tá no início- me olhou - tem seis meses pela frente ainda. Mas olha,eu também comprei roupas para meu afilhado,viu? Só esqueci de trazer. - concordei.
Foguinho: mas sabe o que queria? - ela negou - um açaí agora.
Manu: aproveita que eu recebi o pagamento ontem e pago para você.
Foguinho: tudo na sua conta - levantei - depois do açaí a gente aproveita para ver como está indo a reforma lá no espaço,porque já têm uns dois que não vou lá.
Ela concordou e fomos saindo de casa,no meio do caminho mandei mensagem para o Ramos e avisei que estava indo tomar açaí e que depois iria na reforma do meu Studio.
Assim que chegamos eu já fui logo procurando um lugar para sentar,porque da casa da manu até aqui tem que andar um bocado ainda e eu como uma bela sedentária,canso rapidinho.
Manu: o mesmo de sempre,né? - concordei e ela foi fazer os nossos pedidos.
Fiquei encarando o movimento da rua e vendo umas crianças passar correndo,até eu reconhecer o Breno,menino que me levou flores a mando do Matheus a alguns meses atrás.
Breno: e aí,tia - gritou do outro lado da rua e balancei a mão para ele - depois eu falo com a senhora,tá?
Antes que conseguisse responder,ele saiu correndo com uma bola embaixo dos braços e a bermuda quase caindo,o que me fez dar risada.
Manu: quando você vai ganhando mais reconhecimento no crime,as pessoas começam a te dar mais prioridade- sentou na minha frente - assim que eu cheguei,a mulher do caixa já veio logo me atendendo.
Foguinho: respeita a bandida - brinquei e ela deu risada - foi depois desses últimos dias que você ficou na boca.
Ela concordou e na hora eu senti uma sensação estranha no meu corpo,fazendo eu me arrepiar por inteira.
Foguinho: olha para isso - mostrei meu braço que estava todo arrepiado - tá repreendido.
Manu: tá repreendido mesmo. Misericórdia- fez o sinal da cruz séria e balancei a cabeça.
Olhei para frente e vi uma mulher do cabelo grande todo preto passando bem do meu lado falando no celular e foi quando eu me arrepiei de novo.
Foguinho: quem é essa? Nunca vi ela aqui - manu ficou mais séria e negou com a cabeça.
Manu: nova puta da favela - virei meu rosto para trás para encarar ela e foi quando peguei ela já me encarando e quando ela viu que eu a olhava,surgiu um sorriso nos seus lábios.
Foguinho: não gostei dela - virei para a manu e senti uma dorzinha no pé da barriga- não gostei mesmo. - a suspirei e mostrei meus pelo arrepiados para ela de novo.