032. IDAS E VINDAS.

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𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀

– Mas amar não é o suficiente, não foi isso que você mesmo disse? — continua, a lágrima escorrendo contra sua vontade pelo rosto. – Eu odeio amar você, eu odeio amar em si. Pensar em outra pessoa além de mim só me machuca, porque uma hora vocês vão embora e eu permaneço aqui... Sozinha.

– Anita, eu... — tento me aproximar e segurar em suas mãos, mas ela recua.

– Termina. — exige. – Termina com ela. Agora!

O tom agressivo dela é completamente compreensível. Tão compreensível que eu nem penso em retrucar, ou muito menos tentar acalma-lá porque sei que qualquer coisa que eu disser só vai piorar oque ela está sentindo.

– Tá bom. — respondo, sentindo um alívio de imediato.

Mas ela parece não ter ouvido e continua falando.

– Cansada de suas desculpas, cansada desse seu lado egoísta, covarde — enxuga às lágrimas no rosto. – O único que se dá bem nessa história é você.

– Você ouviu o que eu disse?

– Mas você fala demais, eu quero ações. Atitudes. Mesmo que sejam mínimas. — junta as pontas dos dedos. – Você tá me perdendo, Raphael.

– Eu sei disso, Anita. Eu sei... — passo a mão pelo cabelo. – Eu vou tomar uma atitude. Não posso perder você de novo.

Suspiro fundo e fico encarando ela esperando uma reação, Anita me encara com uma mistura de descrença e mágoa, os olhos dela brilham com uma intensidade que eu nunca vi antes.

Ela cruza os braços, como se estivesse tentando se proteger das palavras que saem da minha boca, como se estivesse cansada de ouvir promessas vazias.

– Vai? — ela desafia, a voz cheia de sarcasmo. – Já ouvi isso antes. Toda vez você diz que vai tomar uma atitude, mas continua aí, com ela, com essa vida dupla que só te favorece.

Sinto o peso das palavras dela, cada sílaba batendo forte contra o que já está despedaçado dentro de mim. Ela tem razão. Eu falo demais e faço pouco.

– Dessa vez é diferente. — respondo, mas até eu percebo o quão fraco isso soa.

Ela solta uma risada amarga, balançando a cabeça.

– Diferente? Porque eu estou na sua frente implorando pra você fazer alguma coisa? Não, Raphael... Eu não quero te implorar mais. Isso me destrói.

Ela está tão perto de mim, mas ao mesmo tempo, sinto como se estivesse a milhas de distância. Não suporto ver o rosto dela marcado pelas lágrimas, uma dor que eu causei.

– Eu vou terminar com ela. — repito, dessa vez com mais firmeza, tentando mostrar que falo sério.

Mas Anita continua impassível, seus olhos me perfurando como se buscassem algo mais profundo, algo que talvez nem eu tenha certeza se posso entregar.

Ela faz uma pausa longa antes de responder, o silêncio se arrastando entre nós.

– Se você não fizer isso, Raphael, eu vou embora. E dessa vez, não tem volta.

Assim que ela sai, me deixando sozinho naquela sala apertada, é como se o mundo ao meu redor tivesse ficado mais claro. Não preciso ver a reação dela pra entender o impacto do que acabou de acontecer.

Ela finalmente admitiu.

"Eu te amo, seu idiota."

Era o que eu estava esperando há tanto tempo. Eu sabia, no fundo, que Anita sentia algo profundo por mim, mas ouvir isso sair da boca dela foi... Incrível.

𝐀𝐃𝐔𝐋𝐓É𝐑𝐈𝐎. - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora