CAPÍTULO IV
Última gaveta
Se aproxima do meio-dia quando ouço toques suaves na porta do meu escritório.
Estou analisando o pedido de arroz, feijão, macarrão, legumes, ovos, tempero e carnes baratas, que serão entregues em todos os quartéis de Caelum.
E claro, superfaturando os valores em 10% a mais, para que eu tenha verba suficiente para abastecer o orfanato por, no mínimo, três meses.
Além de ajudar algumas famílias — espalhadas por Caelum — sempre que tenho a oportunidade.
Faço isso tudo com muita cautela, mesmo que eu acredite que Denai irá pegar metade do dinheiro e usar para comprar brinquedos e fantasias infantis, contrabandeadas de Aleegra.
Aleegra é um país livre, que faz fronteira com Caelum. Possui um leque cultural tão extenso quanto nós possuímos leis estúpidas.
Esse país será minha nova casa, assim que eu conseguir meu passaporte clandestino e de Ariel, para então fugir de Caelum com o meu cristal, de uma vez por todas.
— Pode entrar — falo, imaginando ser Youngsun com meu almoço, enquanto fecho as abas dos navegadores que possuem minhas planilhas criminosas.
— Você é sexy demais trabalhando sério desse jeito...
Reviro os olhos, girando minha cadeira levemente e olhando para Jungkook, que entra devagar na minha sala, vindo em direção à mim.
— Não se sente na minha mesa.
— Recebemos isso... — ele fala, me mostrando um envelope branco e grande, com um carimbo de cera amarelo mostarda, contendo o emblema do governo.
E se senta na minha mesa.
— Quer fazer as honras? — diz, esticando o envelope na minha direção.
O envelope que contém a inscrição: "Para os senhores Jeon e Park", numa letra cursiva exageradamente caligrafada.
— Não entendo como eles ainda gastam dinheiro com papel, quando temos e-mails, mensagens de texto e diversos aplicativos para trocar palavras de forma econômica — digo, não dando atenção a mão de Jungkook esticada e abrindo uma nova aba do navegador, para cuidar de outras instâncias do meu trabalho, que não precisa da minha atenção apenas na área alimentícia.
Ele dá de ombros e começa a abrir a carta sozinho.
— O Governo gasta dinheiro com tantas banalidades... — comenta, abrindo o envelope de vez. — Acha que convites de papel serão a contenção de gastos mais urgente, meu amor?
Eu apenas respiro fundo, tendo o cuidado de não mover o mouse do computador, para que não bata na coxa de Jungkook, sentado irritantemente perto de minha mão.
Me contenho, também, para não perguntar qual foi o grande lapso de memória que Jungkook sofreu para começar a me tratar com tanta intimidade.
Para me chamar de meu amor.
— Que governo caridoso... — ele diz, levemente debochado, enquanto lê o conteúdo interno da carta.
— O que é? — pergunto baixo e calmo, sem tirar os olhos da tela, mas estou curioso.
— Um convite para o Baile Beneficente da Primavera. Será tão belo...
A voz de Jungkook pingava deboche.
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CONTRATO LASCIVO :: Jikook
FanfictionNo futuro de Astra, casamentos obrigatórios fazem parte de um regime ditatorial, onde o Alto Governo decide com quem você passará o resto da sua vida. Jimin, um respeitado Tenente, guarda segredos e perigosos esquemas criminosos, que podem levá-lo à...