Cap. 01- Estou olhando.

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Há dois anos chegou um professor bem bonito na minha escola, porém ele não dava aula para mim, apenas para o terceiro ano do ensino médio enquanto eu fazia o segundo. Quando o conheci estava ainda no 9° ano e, sinceramente, apaixonei-me no primeiro momento. Havia sido meu amor de verão no ano passado e seguia com menos intensidade até os dias atuais, mas isso não era uma boa coisa. Foi terrível ter que passar mais de um ano sofrendo romanticamente por um homem de idade avançada, o qual certamente nunca havia olhado em minha direção. Não sabia sua exata idade, mas aparentava ter aproximadamente 26 anos.

Ele se chama Oscar Emboaba, cabelos castanhos, olhos de mesma cor, alto, porte físico forte e malhado, rosto lindo e, acima de tudo, tinha um sorriso perfeito. Já perdi a conta de quantas vezes fiquei sem ar ao vê-lo passar sorrindo e conversando com algum professor. Eu parava no lugar e ficava contemplando a visão que eu só tinha duas vezes por semana. Não sabia quando disfarçar quando isso acontecia como neste exato momento, em que Emica me arrastou para a porta do banheiro feminino — que ficava alguns metros da porta da sala dos professores —, onde eu respirava de forma ofegante vendo o senhor Emboaba passar conversando com o diretor.

— Ártemis, eu sei que gosta dele, mas tente disfarçar um pouco. As pessoas já estão desconfiando... — me alertou pela quinta vez no mês.

Baixei o olhar e meneei a cabeça.

— Sei disso, mas não consigo! Você sabe que é a minha primeira vez neste assunto — sussurrei — e eu não sei como agir! — Bati com as mãos em minhas coxas, indignada comigo mesma.

— Ao menos tente desviar o olhar e não ficar com essa cara de bocó com a boca aberta — imitou minha expressão, fazendo-me rir por um momento.

— Idiota — sorri meneando a cabeça.

Emica Fox é minha melhor amiga e a única a saber de minha paixão secreta pelo professor de história. Ela já tentou todas as possíveis formas de tirá-lo da minha cabeça, mas sem nenhum sucesso. É como se os outros garotos não fossem bom o suficiente, e só ele fosse... Não sei, é difícil explicar!

Respirei fundo quando o perdi de vista ao entrar na sala dos professores.

— Bem, vamos — puxei sua mão em direção ao refeitório

Caminhamos de braços entrelaçados em direção à mesa que sempre sentávamos, a qual era frenquentada raramente por algumas alunas que estavam nas mesmas aulas que nós.

— Art — Emica me chamou, fazendo-me a encarar —, vai ter uma festa da Mary, do 3° ano, e ela está nos chamando. Você vai?

— Não sei... — baixei o olhar.

Eu tinha um sério problema com festas. Em minha concepção, nenhuma roupa ficava bonita em meu corpo, sempre encanava com todas e acabava desistindo de sair.

— Art — chamou-me pelo apelido com a voz doce —, tem que parar de odiar seu corpo! Lembra do que sempre eu te falo: quando você encontrar alguém que te ame de verdade, as coisas que você mais odeia em si, serão as que ele mais vai amar — sorri com suas palavras. — Vamos, gatinha.

— Está bem...

Emica bateu palminhas de alegria e começou a falar alguma coisa relacionada com a roupa que iriamos usar, mas me perdi totalmente do assunto quando o senhor Emboaba adentrou o refeitório conversando com uma aluna. Ela ria de algo que ele falava enquanto rebolava a cada passo que dava. Cheguei a pensar que sua bunda cairia. Aquela cena me concedeu uma onda de ciúmes e lágrimas encheram meus olhos, não por causa do ciúmes, mas pelo fato de ela ser mais bonita que eu e ter tido coragem para falar com ele, coisa que jamais terei.

Senhor EmboabaWhere stories live. Discover now