Desde pequenas, eu e minha irmã éramos como duas metades de um todo. Mesmo sendo gêmeas, nossas vidas seguiram caminhos tão distintos que parecia impossível acreditar que tínhamos compartilhado o mesmo ventre. A diferença entre nós começou no nascimento. Minha irmã veio ao mundo às onze da manhã, de parto normal, saudável e cheia de vida. Já eu... bem, eu fiz minha mãe sofrer. Após mais dez horas de trabalho de parto sem sucesso, tive que ser trazida ao mundo através de uma cesárea.
Minha mãe, sempre supersticiosa e apegada a simbolismos, achou que nossos nascimentos premonitavam nossos destinos. Minha irmã nasceu sob a luz do sol e, por isso, foi batizada em homenagem ao amanhecer: Aurora. Já eu, nasci envolta na escuridão da noite e fui batizada de Luna, a própria Lua. Para minha mãe, Aurora era a luz; eu, a sombra.
Parecia exagero de sua parte, mas a verdade é que a diferença entre nós não era só uma coincidência médica. Essa divisão — luz e escuridão — refletiu-se nas nossas vidas, nas nossas personalidades. Aurora sempre foi vibrante e cheia de energia. Onde quer que ela estivesse, as pessoas gravitavam ao seu redor. Ela tinha uma confiança natural, uma facilidade incrível em fazer amigos, e nunca ficava sozinha por muito tempo. A beleza dela não se destacava só pela aparência física, mas pela maneira como ela preenchia o ambiente, como uma manhã radiante depois de uma longa noite.
Fisicamente, éramos praticamente idênticas. Ambas tínhamos cabelos castanhos, longos e ondulados, que caíam como uma cascata pelas costas. Nossos olhos eram de um castanho profundo, quase dourado quando iluminados pelo sol. Tínhamos traços delicados, a pele clara e uma altura mediana, e nossas formas eram quase iguais — elegantes, com curvas suaves. Se alguém nos visse de longe, não seria capaz de nos diferenciar. Mas ao nos conhecer, logo perceberia o contraste entre nós. Aurora tinha uma vivacidade em seus movimentos, um sorriso fácil que cativava as pessoas. Já eu... eu preferia o anonimato, o silêncio, e raramente me via em destaque.
Aurora, sempre extrovertida, parecia viver uma vida de filme. Ela era popular, sempre rodeada de amigos, e seu carisma era inegável. Quanto aos relacionamentos, esses eram incontáveis. Ela estava sempre namorando alguém, e os namorados vinham e iam como o vento, nunca durando muito tempo. Aurora parecia se entediar com facilidade, nunca se apegava a ninguém por muito tempo. E eu, do meu canto, observava com uma mistura de inveja e fascinação. Não porque eu quisesse a mesma vida volátil e cheia de aventuras, mas porque ela possuía um dom que eu nunca tive: a capacidade de conquistar e se conectar com as pessoas tão facilmente.
Enquanto ela estava sempre cercada de amigos e admiradores, eu vivia numa rotina de timidez e solidão. Meus amigos eram poucos e raros, e meus amantes ainda mais. Eu me sentia invisível ao lado de Aurora. Mesmo os homens com quem eu me envolvia pareciam sempre compará-la a mim, mesmo que não dissessem isso em voz alta. Era como se ela fosse a luz brilhante, e eu, apenas um reflexo pálido.
Entre os muitos namorados de Aurora, houve um que me marcou de maneira diferente. Seu nome era Gustavo. Ele era bonito, claro, como quase todos os namorados dela. Tinha uma presença marcante, um jeito tranquilo e seguro, sem o desespero ou vaidade que muitos dos outros exibiam.
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Histórias Que Nossos Pais Não Contam (+18)
Short StoryUma coletânea de contos eróticos dos mais variados temas para os mais variados gostos e prazeres que irão dominar sua imaginação e sentidos.