A Caçula Todoroki (Concluída)

O Julgamento - Capítulo 48

Tsuki estava deitada na cama, o cobertor enrolando-a como um casulo e somente a mão que usava seu celular para fora dele, estava vendo as notícias do dia, e claramente, todas eram sobre o mesmo assunto:

O que aconteceu no Tribunal.

À medida que lia e relia todas elas, lembrava de tudo que tinha acontecido apenas algumas horas mais cedo.

❄️🔥

— Minha acusação? — Ela repetiu o pedido do juiz. — Minha acusação é que Enji Todoroki merece perder a guarda de todos os seus filhos, Vossa Excelência.

Se sentia nervosa, fazia seu máximo para parecer firme e objetiva, não demonstrar o medo. Não tinha que ter medo, Endeavor não faria nada com ela quando estavam rodeados de gente.

— Ele é um criminoso em potência que comete seus crimes por baixo dos panos do heroísmo há quase 30 anos. Casou-se com minha mãe por meio de um casamento arranjado para roubar a individualidade dela, com o objetivo de gerar um herói perfeito através dos filhos.

Ela olhou para seus irmãos, estavam na bancada de testemunhas, ela e Shouto lado a lado, na frente do juiz.

— O primeiro filho dele se chamava Touya, e ele o descartou quando viu que não era perfeito, mas meu irmão passou a vida curta que ele teve tentando impressioná-lo e mostrá-lo que podia atender e ultrapassar suas expectativas. — Disse Shouto.

— E Touya morreu tentando impressioná-lo, um terrível acidente com a individualidade, saiu de controle e ele não conseguiu reverter. — Tsuki completou. — Depois ele descartou Fuyumi, e Natsuo... E nós dois nascemos.

— Nossa infância se resumia em sofrer, ver nossos irmãos e mãe sofrerem e não poder fazer nada.

— Ele batia na nossa mãe quando ela tentava nos proteger, nos nossos irmãos. Nos privava de conviver com eles, jogou nossa mãe num hospital e não deixa ela sair de lá. E tudo só vem piorado desde então.

— O que ele chamava de "treinamento" era só um nome pras torturas que ele cometia com duas crianças. Se errássemos, ele nos batia, nos tirava comida e nos trancava. Se acertássemos... Bem, nunca acertamos, nada era suficiente pra ele.

— Nada saciava sua sede eterna por poder. O poder que ele não consegue alcançar e quer forçar outros a fazer seu trabalho. Crescemos como máquinas, sem sonhos, sem ambições, sem propósitos, tudo o que fazíamos era o que ele mandava. E ele passava dos limites em tudo, e continua assim que hoje.

Tsuki acenou com a cabeça para Aizawa.

— Eu não trouxe somente acusações, eu trouxe provas dos crimes cometidos pelo réu.

— Objeção! — Endeavor pediu ao juiz.

— Negada. — Ele respondeu.

Em um telão acima do lugar do juiz, um vídeo começou a passar. O vídeo do dia que Endeavor a espancou.

No começo, Fuyumi e Tsuki apareciam sorrindo, a mais nova arrumando o cabelo da mais velha, e então foi possível ouvir uma porta se abrir, Fuyumi largou o celular e Tsuki o colocou encostado no pé do sofá, de um modo que filmasse boa parte da sala.