𝟓𝟗: 𝐌𝐚𝐬𝐤𝐞𝐝 𝐂𝐫𝐢𝐦𝐞𝐬

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Nadine Petrov

Contei mentalmente até três antes de liberar todo o ar quente preso nos meus pulmões, sentindo meu peito relaxar enquanto lutava para manter a calma diante do que nos aguarda hoje.

Hoje.

O baile, os leilões disfarçados, o acordo asqueroso que ameaça a vida de dois adolescentes.

Sinto meu estômago embrulhar apenas de imaginar as inúmeras violências que poderiam cometer contra eles. Sabia que trazê-los de volta com vida seria um grande desafio. Com uma organização criminosa poderosa por trás, e a aliança entre a máfia italiana e a NSA, a situação parecia nos deixar com uma corda no pescoço.

Kastiel estava aflito, tentando esconder sua fragilidade de mim. Mas eu via. Ele estava com medo.

Já estávamos acordados. Ele estava sentado na ponta da cama, com os cotovelos apoiados nos joelhos e o rosto enterrado entre as mãos. Sentei-me na cama discretamente, observando-o de costas para mim. As cicatrizes que formavam o meu nome já estavam fechadas. Senti a angústia me consumir ao vê-lo atormentado por seus próprios pensamentos, pelo medo de falhar com eles.

– Sei que está acordada – disse, endireitando a postura. – Está com fome? Fiz café da manhã para você.

– O quê? – Inclinei a cabeça, desacreditada. – Há quanto tempo está acordado?

– Tempo o suficiente para preparar o seu café da manhã – ele se virou para me encarar. Seu olhar era frio e vazio. – Não temos mais a mordomia de receber café na cama como nos hotéis que frequentávamos. Agora somos nós por nós mesmos.

– Eu sei, mas eu mesma posso fazer a minha comida.

– Está reclamando? – Ele franziu a testa ao fazer a pergunta.

– Não – engoli a seco, pensando nas palavras certas para responder. – Você já está lidando com muitas situações e confusões internas. Eu não quero que você se preocupe comigo.

Ele arqueou as sobrancelhas, esboçando uma expressão desacreditada. Kastiel bufou alto, levantou-se e passou a mão pelos cabelos negros, demonstrando irritação.

– Vou buscar a sua comida.

E então, ele não disse mais nada, apenas virou as costas e saiu do quarto.

Fechei os olhos com força antes de cair novamente na cama. Esfreguei as palmas das mãos no rosto, sentindo o sono esvair aos poucos, dando lugar a uma sensação de preocupação. Eu não costumava me importar com esse tipo de comportamento de Kastiel, era algo totalmente novo para mim. Agora, sinto apenas uma vontade avassaladora de protegê-lo de tudo o que ele sente.

Eu podia perceber como ele estava, e isso me incomodava.

Levantei-me da cama, estiquei os braços e bocejei em seguida. Me arrastei até o banheiro em passos preguiçosos, alcancei a pia e comecei a procurar pela minha necessaire com os meus produtos de higiene bucal.

Encarando meu próprio reflexo no espelho, comecei a me escovar. No entanto, enquanto eu fazia isso, memórias do passado voltaram à tona, como uma avalanche pesada, que me causavam sensações de calafrios. Tudo parecia se reconstruir enquanto eu me observava. Não era uma sensação de medo. Na verdade, eu anseio pelo final.

O final de tudo aquilo, em que daremos um fim naquele maldito jogo sujo que não parecia ter fim.

Enxaguei a boca com a água da pia e livrei-me de minhas roupas para tomar um banho gelado. Entrei na água corrente, deixando-a tranquilizar meus músculos e penetrar em meu couro cabeludo, dando-me uma leve sensação de alívio e tranquilidade. 

𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐋𝐔𝐂𝐈𝐅𝐄𝐑 (TWISTED EMPIRE)Where stories live. Discover now