Capítulo 9 - Via de Mão Dupla

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ATENÇÃO: SEMPRE LEIAM AS NOTAS DOS CAPÍTULOS, POIS CONTÉM INFORMAÇÕES IMPORTANTES. NÃO VOU RESPONDER A NENHUMA PERGUNTA SOBRE O QUE EU JÁ TIVER DITO.

E lá vamos nós com mais um capítulo! Boa leitura!

...

No amor felizmente a riqueza está na doação mútua. O que não significa que não haja luta: é preciso se doar o direito de receber amor.

— Clarice Lispector


Se há um ano o conceito de passar todas as noites na companhia de uma pessoa e ainda não se sentir plenamente satisfeito me fosse apresentado, eu provavelmente teria soltado uma estrondosa risada de escárnio. Porque seria irreal demais. Nunca passei mais tempo do que o necessário na companhia das mulheres com quem dormia. Não me preocupava em levá-las a encontros, assumi-las como namoradas. Corinne foi a única a se encaixar nessa categoria, e ainda sim, de forma incompleta porque nós nunca sequer dormimos juntos mesmo depois de quase três anos juntos. Estar com ela era cômodo. Ela não se intrometia em meus assuntos, se contentava com o que eu estava disposto a dar, tinha a aparência que me atraía, e fazia tudo o que eu queria fazer na cama, sem reclamar, e ainda pedia por mais. Mas havia sempre um vazio, um oco, um espaço em branco que nunca conseguia ser preenchido. Eu ainda preferia ficar sozinho que passar mais de três horas em sua companhia, mesmo quando gastávamos esse tempo fazendo sexo. Quando terminava, eu só queria ir para casa.

Mas aqui, deitado com meu anjo, depois de um sexo fantástico em que só tive que gozar e mais nada, assistindo TV enquanto ela recita sua coleção de frases bizarras de filmes, me fazendo rir como ninguém nunca foi capaz de fazer, tudo o que mais gostaria é não ter que sair daqui nunca mais. Estar em sua companhia é melhor que qualquer coisa no mundo, mesmo quando brigamos, não há nada que eu queira mais. Os momentos em nosso apartamento são sempre a melhor parte do meu dia. Ali nos sentimos livres para nos amar, sem as constantes interrupções das circunstâncias e das pessoas que insistem em querer nos ver separados. É como viver em nosso próprio mundo, onde não precisamos fingir. E saber que meu anjo deseja estar comigo tanto quando a recíproca é verdadeira, me faz ter esperança de que nossa relação possa avançar. Mas, mais do que isso, me dá a força necessária para continuar tentando.

É impressionante e revigorante a influência que ela tem sobre mim. Quando Eva está bem, tudo está bem para mim. E ela sempre parece tão genuinamente feliz quando está ao meu lado, não pelo Gideon Cross que sou no trabalho ou com outras pessoas ao nosso redor, conhecidas ou não. Mas pelo Gideon que só mostro a ela, com todos os defeitos, traumas e medos que o acompanham. E ela o ama. Minha nossa, como ele é amado por essa mulher.

As falas que Eva recita são do filme Um tira no jardim de infância, de crianças dizendo coisas constrangedoras para a professora. Eu só posso dar risada, e imaginar como seria.

"Ei", ela diz "quero ver se vai achar graça quando os seus filhos disserem a mesma coisa pra professora sobre você".

"Como a única pessoa que diria isso pra eles seria você, não sei ao certo quem ia merecer apanhar", rebato e me viro para continuar assistindo ao filme.

O silêncio que se segue é ensurdecedor.

Eva nunca escondeu o medo que tem de pensar em um futuro duradouro comigo, e isso é algo no qual temos que trabalhar, porque eu não planejo sair de cena tão cedo. Minha existência solitária foi totalmente esquecida no momento em que percebi que a amo. E eu quero tudo com ela. Casamento, que já está a caminho, nosso próprio lar, que ainda vamos discutir; e, claro, filhos, que ainda levarão um bom tempo para chegar. A ideia de ser responsável por um ser tão indefeso ainda me assusta.

SÉRIE CROSSFIRE - Livro 3 (Gideon PDV): Para Sempre MinhaWhere stories live. Discover now