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O vento cortante soprava através das arquibancadas vazias do campo de lacrosse, fazendo S/N puxar a jaqueta para mais perto do corpo. As luzes do estádio estavam apagadas, lançando sombras longas pelo gramado onde, tempos atrás, risadas e provocações se misturavam a corridas e jogadas ensaiadas. Mas hoje, a única coisa que restava era um silêncio desconfortável e um coração pesado.
— Nunca pensei que te encontraria aqui de novo.
A voz familiar de Brett rompeu o silêncio, carregada de um cansaço que S/N conhecia bem. S/N não se virou de imediato. Ainda encarava o campo, sentindo a presença dele se aproximar devagar, como se ambos temessem que qualquer movimento brusco pudesse quebrar algo que já estava por um fio.
— Eu também não.
Respondeu finalmente, deixando escapar um suspiro contido. Brett parou ao lado, mantendo uma distância cuidadosa. As mãos enfiadas nos bolsos da jaqueta do time, os olhos verdes fixos em algum ponto indefinido do campo. Ele não precisava dizer nada para que S/N soubesse que também estava lidando com a mesma tempestade interna.
— Por que voltou?
Ele perguntou, sem rodeios. S/N fechou os olhos por um momento antes de encará-lo.
— Porque, apesar de tudo, esse ainda é o único lugar que faz sentido.
Brett soltou uma risada sem humor, balançando a cabeça.
— Faz sentido? Depois de tudo o que aconteceu? Depois do que a gente se tornou?
S/N sentiu o peito apertar. Não havia necessidade de dizer em voz alta, porque ambos sabiam. Sabiam como as promessas quebradas, as brigas e o orgulho os haviam levado para lados opostos. Como haviam se afastado, não por falta de amor, mas por medo de tudo que aquele sentimento exigia deles.
— Eu não queria que terminasse assim.
S/N confessou, a voz baixa, quase um sussurro levado pelo vento. Brett virou-se para encará-la, os olhos carregados de algo que S/N não conseguia decifrar.
— Nem eu.
Por um momento, o silêncio se instalou entre eles, mas dessa vez não era sufocante. Era a pausa antes de uma decisão. Antes de escolherem se dariam um passo à frente ou se continuariam presos no passado. Brett respirou fundo, os olhos se suavizando por um instante.
— Ainda machuca?
S/N olhou para ele e sorriu tristemente.
— Como o inferno.
Ele assentiu, um pequeno sorriso se formando nos lábios.
— Então estamos no mesmo barco.
E ali, sob as luzes apagadas do campo que guardava suas memórias mais felizes, S/N e Brett se perguntavam se ainda havia algo para ser salvo.
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