Sete

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— Me desculpe, me desculpe, foi sem querer — pedi, atrapalhada, olhando para a mancha vermelha que aumentava rapidamente.

— Não minta, sei que foi de propósito — falou sério, então, soltou uma risada. — Eu tô brincando, sei que foi sem querer.

Semi-aliviada, ri junto. Só, então, olhei para o cara direito. Minha respiração parou por alguns segundos, pois, bem na minha frente, estava o homem mais lindo que já tinha visto na vida.

Ele vestia um uniforme do Clube — calças de cor azul escura e blusa branca com o símbolo do local — que parecia pequeno demais e, agora molhado, me deixava ver — e muito bem, obrigada — a definição do corpo. E que corpo! Muito corpo, lindo corpo. Os olhos eram castanhos e brilhantes, emoldurados por cílios longos e espessos; eu podia me afogar na profundidade deles.

Senti meu estômago esquentar, e imaginei se isso não era um efeito tardio da metanfetamina. Aumento do desejo sexual era um dos efeitos? Não lembrava, mas devia ser, porque ou eu não estava no meu estado normal e estava imaginando coisas, ou aquele homem um deus da beleza.

Notei que ele também me analisava e não pude deixar de me encolher sob seu olhar atento, mesmo que um sorriso se abrisse em seu rosto e os solhos brilhassem com algo que eu não sabia definir o que era.

Ele pigarrou, balançando a cabeça, como se estivesse tentando focar.

— O engraçado é que é a segunda vez, em menos de uma hora, que derrubam algo em mim.

Hm, aquilo explicava as roupas pequenas.

— Eu nem sei o que dizer. Bem, não molhou muito, foi mais a blusa e... — Suspirei, sem saber mais o que falar.

— Não, sério. Tudo bem, mesmo. — Ele deu de ombros.

Uma mulher passou, o comeu com os olhos e depois fingiu que não estávamos ali.

— Talvez tenham outra roupa pra você... — tentei, mas a expressão dele já me disse tudo.

— Não tem, essa foi a única que coube em mim. Vou ter que ir em casa trocar de roupa.

Me senti horrível.

— Eu posso falar que a culpa foi minha, não quero que você perca um dia de trabalho por minha culpa.

Ele abriu e fechou a boca várias vezes, parecendo em dúvida sobre o que dizer, um sorriso no canto da boca.

— Sério mesmo, senhorita, não tem problema. — Ele deu um sorriso de canto que fez  meu coração acelerar

Ele, provavelmente, era o funcionário mais bonito do clube. Ok, todos os funcionários do clube eram bonitos, afinal precisam de belos rostos (e corpos!) para entreter as damas e o cavalheiros que frequentavam o local, mesmo que ninguém admita. Mas aquele na minha frente... Uau. UAU!

— Nem ficou assim tão molhada. — Nós dois olhamos para sua blusa.

Ele arqueou uma sobrancelha e me olhou, apertando os lábios para não rir.

— Só parece que fui esfaqueado — brincou.

— Tá, ficou. Então... Posso lavar pra você, se tiver algum lugar aqui, tipo um banheiro dos funcionários ou algo assim. — Quase pude ver, pelo tempo que demorou a responder, ele pesando os prós e contras, devia estava achando que eu era uma garota rica e burra.

— Não acho que seria apropriado, a senhorita é uma frequentadora do clube, além disso eu...

— Eu sei — interrompi, — mas quero ajudar e você precisa de ajuda, vai ser rápido. Você não perde o emprego e eu posso ficar mais tranquila com a minha consciência. — Novamente, ele parou para refletir.

Aluna ExemplarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora