As estrelas me levaram até você

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- O que? Onde eu estou. – Minha cabeça doía muito.

- Calma, ta na minha casa.

- Frank, você... Cadê o Thomas? – Me levantei

- Meus amigos o levaram para o hospital aqui perto, ele estava mais ferido que você.

- Eu tenho que vê-lo. – Fiquei tonto e cai na cama.

- Ei vai com calma. Você levou uma pancada bem forte na cabeça mas acho não vai ter nada.

- Por que você me trouxe para sua casa?

- Seu amigo estava muito ferido e os meus amigos levaram ele para o hospital, se eu chegasse com dois feridos lá muita gente ia fazer perguntas sobre vocês, por sorte tenho uma amiga médica lá que deu uma despistada na papelada, mas acho que vão ter que ligar para alguém daqui a pouco.

- Isso pode deixar comigo, eu vou buscá-lo. – Tentei levantar mas não consegui.

- Esta certo mas antes você tem que descansar.

Alguém bateu na porta, era uma mulher de cabelos curtos, bem curtos e olhos castanhos, segurava uma bandeja com comida e alguns curativos.

- Vejo que já acordou. – Falou a mulher.

- Edward, essa é minha mãe Gloria.

Eles se pareciam um pouco mas ela estava um pouco pálida. Ela se aproximou e olhou minha cabeça, tirou um curativo que estava na minha cabeça e colocou outro.

- Trouxe algo para você comer, não sabia do que você gostava, então trouxe o básico. – Deu um leve sorriso.

- Obrigado por tudo.

- De nada meu querido, agora coma e descanse.

Ela saiu do quarto e me deixou com Frank. Comecei a olhar ao meu redor, era um quarto bem pequeno mas aconchegante, uma parede estava pintada de azul escuro com varias estrelas e pelo quarto todo tinha livros e coisas de astrologia.

- Sua mãe é muito linda. – Falei olhando para ele.

- Eu sei. – Ele baixou a cabeça.

- Como vocês nos encontraram?

- As estrelas me levaram até você. – Fiquei vermelho. – Estou brincando. Eu sempre pego carona com os  caras que trabalham lá no club, e hoje quando estávamos na estrada vimos a cena, eu não sabia que era você mas eu e meus amigos não gostamos muito de violência e covardia, antes de parar o carro a gente viu um cara com um pé-de-cabra batendo em um cara e outro deitado no chão e dois em cima de dele, paramos o carro e fomos ajudar.

- O que aconteceu?

- Quando eu vi que era você e seus amigos eu não acreditei mas depois de ver vocês dois no chão...

- O que você fizeram?

- Quando chegamos perto, seu amigo que arranjou briga no club correu para cima de mim mas meus amigos eram mais fortes e estávamos em maior numero, demos uns murros e chutes neles e mandamos eles ir embora, seu amigo estava completamente bêbado. Eles entraram no carro e saíram em toda velocidade pela estrada.

- Obrigado. – Falei com lágrimas nos meus olhos.

- De nada, mas se eu fosse vocês nunca mais chegaria perto daquele seu amigo.

Eu fiquei calado e ele se calou, ele percebeu que não foi uma boa hora para falar aquilo. Eu finalmente consegui me levantar e fui em sua direção, dei um abraço apertado nele, seu corpo ficou rígido como uma pedra e estava quente.

- Se não fosse você e seus amigos... – Falei abraçado a ele.

De repente ele relaxou e me abraçou também, ficamos abraçados por quase um minuto, eu me senti bem perto dele, me senti diferente.

- Preciso ir buscar Thomas no hospital. – Soltei ele envergonhado.

Ele olhou para mim e não falou nada por alguns segundos, ele parecia que tinha levado um choque, acho que ele não esperou o abraço.

- Está certo, o que você vai contar para sua mãe e para os pais dele?

Não deu tempo de responder, meu celular tocou e atendi, era minha mãe perguntando onde eu estava.

....

Mentir é fácil, para que sabe. Convenci a minha mãe e ao meu pai que eu e Thomas fomos assaltados no caminho de volta para casa por caras mascarados e que Thomas tentou reagir e um dos assaltantes começou a bater nele e que eu tentei defender ele, foi ai que disse que Frank apareceu e os ladrões saíram correndo sem levar nada. Eles questionaram sobre o carro e por que meus outros amigos não estavam comigo, eu disse que Thomas queria voltar para casa porque não estava se sentindo bem e eu fui com ele porque não queria mais ficar na festa, como os outros meninos estavam tão "animados" na festa não queríamos acabar com a alegria deles e saímos escondido.

A história caiu como uma luva, todos acreditaram. Frank tinha me deixado no hospital e voltou para casa. Thomas estava desacordado e a única coisa que faltava era falar a história para ele para confirmar a mentira. O hospital era bem simples, meus pais e os pais de Thomas falaram com os médicos e disseram que iam levar a gente para um hospital particular, em poucos minutos já estavam aprontando Thomas para levá-lo. Enquanto meus pais e os pais de Thomas resolvia a papelada uma medica se aproximou.

- Posso ver seu curativo? – Falou delicadamente.

- Pode, mas a mãe do meu amigo já olhou mais cedo.

- Ah, você é o amigo de Frank.

Deve ter sido a médica que Frank mencionou em sua casa.

- Sim.

- Vocês tiveram muita sorte, Frank me contou a história verdadeira pelo telefone, não se preocupe vamos manter isso em segredo. – Disse olhando meu corte na cabeça. – Frank é um menino de ouro, não é todo mundo que faz o que ele faz.

- É verdade, ele me salvou e salvou meu amigo no meio da estrada.

- É.. Ele é um salvador mesmo. – Falou baixando a cabeça.

- O que você quer dizer? – Perguntei confuso.

- Nada, seu curativo está bem feito, Gloria fez um ótimo trabalho.

- Você conhece a mãe dele?

- Sim, ela é um amor de pessoa.

- Sim, ela é. Poucos minutos que passei perto dela eu vi isso em seus olhos. Frank deve se orgulhar muito dela.

A médica se calou e virou a cabeça.

- Qual é seu nome? – Me perguntou com um tom diferente.

- Edward e o seu?

- Elizabeth, mas pode me chamar de Liza.

- Foi um prazer te conhecer Liza e obrigado pelo que fez pelo Thomas.

- Não foi nada.

Nessa hora minha mãe me chamou para irmos embora, a papelada já estava certa e a ambulância que ia levar Thomas para o outro hospital já tinha chegado.

- Edward? – Chamou Liza baixinho.

- Sim?

- Se aproxime mais de Frank, como eu disse ele é um bom garoto mas não é de aço.

Não entendi o que ela quis dizer e não pude mais falar com ela minha mãe se apressou e me levou para o carro onde fomos para casa.

Do Lado de Fora (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora