3.

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Os próximos dias na Clareira foram os piores para mim. Newt não falava comigo, sequer me olhava. Todas as vezes em que tentei conversar, ele me dava qualquer motivo para cair fora.
Minha única companhia nesses dias foi Chuck, que, ao contrário de Newt, não parou de falar por 1 minuto. Isso, pelo menos, esvaziava minha cabeça.

–  Newt está estranho esses dias. Não quer papo com ninguém. – Meu corpo estremeceu ao ouvir isso. Eu e Chuck estávamos sentados nas redes da tenda, eu não tirava os olhos de Newt, que trabalhava concentrado nas plantações, esperando que ele me encarasse de volta. Isso estava demorando bastante para acontecer.

– Thomas? O que foi?

O que foi é que estou totalmente perdido. Sinto falta de Newt. Sinto falta de quando sentávamos longe de todos e ficávamos conversando e rindo sobre qualquer coisa. Sinto falta do seu cheiro, da sua risada, de ouvir sua voz.. Mas, agora? Agora ele provavelmente me despreza. E eu simplesmente não sei o que fazer.

–  Nada, Chuck. Nada. Só estou pensando. – Respondi, ainda observando Newt. Ele estava concentrado demais em seu trabalho. Era como se arrancar ervas daninhas fosse a coisa mais importante do mundo. E, ah, claro, sua expressão tão séria como nunca.

–  Hm... Chuck, o que você faria se você fosse... huh... rejeitado?

–  Hum.. bom, se fosse alguém que eu odiasse, agradeceria. – Dei risada e se eu não estiver louco, tenho certeza que Newt me olhou de soslaio nesse momento – E se fosse alguém que eu gostasse, eu tentaria de novo, de novo e de novo, quantas vezes fosse preciso. Porque às vezes vale a pena mesmo sendo muito trabalhoso.

Não escutei o que Chuck continuou falando porque já estava caminhando em direção a Newt. Se eu não tentasse, como iria saber se valeria a pena ou não?
A cada passo mais perto, meu coração acelerava e eu sentia os calafrios percorrendo todo o meu corpo.
Newt estava de costas e demorou para perceber minha presença, fiquei alguns segundos o observando antes de tocar seu ombro.

–  Cansei, Newt. Precisamos conversar. – De princípio ele levou um susto, mas logo que olhou para mim voltou ao seu trabalho.

–  Não tenho mais nada para falar com você. – Respondeu, indiferente. Uma raiva tomou conta de mim e eu rapidamente o empurrei para um lugar onde ninguém pudesse nos ver, pressionando-o na parede.

–  Eu sei que você queria o mesmo que eu, Newt. E meus pensamentos estão me matando.

–  Não piore as coisas, Thomas... já está está sendo difícil pra mim!

–  Não piorar o que, mértila?

–  Como você não entende? Eu estive tentando te afastar. – O encarei, não entendendo nada do que estava falando. Newt deu um longo suspiro antes de continuar a falar.- Estava tentando esquecer a droga do seu sorriso, da sua risada, de como você fica vermelho quando ri muito de minhas piadas que não tem graça nenhuma, e dos seus olhos... eu tive de fugir de tudo isso. Eu tive vários sentimentos por você e não queria estragar nossa amizade. Gostar de você é um problemão, Tommy.

–  Espera, então... v-você gosta de mim?

Naquele momento tudo ao meu redor ficou em completo silêncio. Era como se só existisse Newt, bem na minha frente. Como se só fossemos nós. Os olhos dele exalavam um brilho que eu nunca havia reparado em todas as vezes em que eu o observei. Ou isso aconteceu agora.. porque ele estava falando comigo. Sorri com esse pensamento.

–  Sempre gostei, Tommy. Desde a primeira vez que te vi, te achei.. diferente. Mas eu não podia demonstrar. Iria acabar com a Ordem, entende? Eu não teria ninguém ao meu lado.

–  Mas agora tem. Nós temos um ao outro, Newt. – Respondi, colocando uma de de minhas mãos em seu rosto. Ele não recuou.

–  Não, Tommy.. isso é errado – Ele olhou para o outro lado, desviando seu olhar de mim, claramente decepcionado. Segurei seu rosto firmemente com as duas mãos e fiz ele me encarar, bem no fundo dos meus olhos.

–  Errado seria se não tentássemos. Me deixa te mostrar... – Susurrei, o encarando enquanto minha mão corria por seus cabelos loiros. Nós não desviamos o olhar um do outro por um segundo sequer e eu não queria que isso acabasse tão cedo. Mas seus lábios e a vontade de tocá-los aumentava cada vez mais. Eu já podia sentir a tão familiar respiração de Newt muito próxima. Colei nossos lábios num impulso e uma onda de sensações diferentes percorreu todo o meu corpo. Senti sua língua nos meus lábios, já logo deixei minha boca entreaberta e então eu ví como Newt desejava isso. Como ele me desejava. Foi um beijo tão intenso, voraz, tudo o que eu esperava que acontecesse nos últimos dias.
Nos afastamos pela (droga) da falta de ar. Newt pousou uma mão sob meu rosto, me encarava sorrindo, os olhos vidrados nos meus e eu nos dele. Aquele par de olhos castanhos que eu queria ter como refúgio para escapar de todo o horror desse lugar. Logo despertei de meus pensamentos quando escutei a voz de Newt quase num sussurro.

   – Eu amo você, Tommy.

Cruel. |NEWTMASWhere stories live. Discover now