Capítulo Quatro

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Sabe aqueles momentos da vida em que você acorda de manhã achando que os acontecimentos do dia anterior foram um pesadelo horrível e depois sofre a decepção de descobrir que foi tudo verdade?! Pois é... Muito pior é quando você acorda sem esperança nenhuma de que aquilo foi um sonho ruim.

Não sei quanto tempo fiquei deitada em minha nova cama, encarando o tento enquanto pensava em tudo ao tentar não pensar em nada. E o pior era que, entre aquela mescla confusa de lembranças que desenrolava frente aos meus olhos, a que mais se destacava era a daquele dia. De novo e de novo. Quase como se já não tivesse doído o suficiente quando aconteceu e minha mente precisasse ficar recordando para que eu não cometesse o mesmo erro imbecil de novo.

É. Tá bom. Como se fosse fácil cometer um erro de julgamento tão grande como aquele.

Esfreguei as mãos sobre o rosto e empurrei o edredom para o lado, me levantando.

Minhas coisas, distribuídas naquelas caixas, não iriam se arrumar sozinhas se eu ficasse deitada remoendo o passado. Mas, antes, precisava de cafeína.Então, esfregando os olhos e arrastando os pés, deixei o cheiro de café me guiar até a cozinha. Contudo, quando cheguei àquele cômodo, quase desejei ter ficado enrolada em meus pensamentos pessimistas. E o mais irônico daquela situação era que eu havia entrado direto na visão do sonho de milhares de garotas ao redor do mundo. Eu as entendia, afinal, certa vez também sonhei em acordar e encontrar, em minha cozinha, Zayn Malik sem camisa fazendo café-da-manhã.

É. Certa vez.

Agora, todavia, minha parte racional estava em alerta, berrando para que eu corresse na direção oposta, mas, infelizmente, meus hormônios tinha uma ideia diferente, a qual envolvia ficar parada e apreciar a bela visão de suas costas definidas enquanto ele mexia em alguma coisa sobre o fogão. Sim, eu detestava cada fio de cabelo daquele garoto, mas isso infelizmente não anulava o sex appeal dele.

Sacudi a cabeça ao perceber que estava mordendo o lábio inferior. Talvez, ao invés de café, eu precisasse de uma bebida alcoólica. Ou de um pouco mais de vergonha na cara. Puxei o cabelo para trás e estava prestes a girar nos calcanhares e voltar ao meu quarto, decidindo que seria melhor ir a uma Starbucks, quando fui descoberta:

- Oi, bom-dia, Stormy. - a voz dele era ainda mais rouca de manhã.

Involuntariamente levei as mãos ao cabelo em uma ajeita-los, mas parei no instante que percebi que tentava parecer mais bonita para ele. E outra parte da minha dignidade também estava ferida graças ao fato de estar com meu pijama que consistia em uma blusa de alças finas e um short curto. E a esperança de que meu vestimenta passar despercebido por Malik logo se extinguiu frente a olhada pouco discreta que ele lançou para minhas pernas. E o pior é que me senti lisonjeada por sua atenção.

Patético.

Mordi a frustração comigo mesma e resmunguei qualquer coisa em resposta ao seu cumprimento, nem mesmo tentando parecer simpática. Poderia culpar um mau humor matinal, mas tinha a esperança de que ele me acharia antipática e desistisse de tentar manter conversas casuais comigo. Queria que ele me ignorasse também, isso seria um grande avanço na minha meta de fingir que ele não estava ali, que ele era de novo só um cara famoso bem distante da minha realidade, que era alguém do passado. Obviamente, com a ajuda de minha sempre ausente sorte, ele não entendeu a dica e ainda soltou uma risada rouca ao falar:

- Vejo que você também não é uma pessoa matinal. - virou as panquecas na frigideira - Eu também não.

- Sério? - arqueei a sobrancelha - E o que está fazendo aqui e a essa hora então?

Não estava realmente em busca de uma resposta. Na verdade, estava buscando aquela meta de ele me achar uma pessoa antipática. Todavia, ao invés de me ignorar, ele ignorou meu tom rude.

Meio AmargoWhere stories live. Discover now