Capitulo 16

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Bia

Nós também tínhamos um "quartinho do sequestro" na Rocinha, haviam 28 na verdade, eram necessários.

É lógico que não era nada cinco estrelas, mas pelo menos dava pra sobreviver em condições humanas.

O lugar onde me colocaram parecia mais uma fossa ou algo do tipo, simplesmente um buraco, com uma janela minúscula quase no teto, um vaso, nada de descarga, apenas um balde com água pra que eu pudesse "eliminar" minhas necessidades fisiológicas, nada de cama, somente um colchão que nem podia ser chamado de colchão de tão fino que era.

Aquele lugar fedia a morte. Uma pena eu não ter medo dela.

Não me levem a mal, mas existem pessoas querendo me matar todos os dias, não é como se eu morresse de medo ou algo assim, às vezes eu tinha medo, mas outras vezes eu ficava tão indiferente ao perigo, que meu coração parecia de gelo.

Esse era um desses momentos, eu não estava com medo de morrer, ou de ser torturada, eu só estava com ódio, porque eu não entendia o motivo daquilo.

Nós iríamos fazer um acordo com eles, e é isso que recebemos em troca?

No momento eu só conseguia pensar em como meu irmão estava, ele tinha essa mania de se culpar quando alguma coisa dava errada, mesmo não sendo culpa dele, e eu sabia que era exatamente o que ele estava fazendo agora.

Bruno

— ALGUÉM PODE POR FAVOR ME DA A LOCALIZAÇÃO DA MINHA IRMÃ PORRA — todos os meus funcionários da linha de frente estavam ali, e os outros estavam rondando a comunidade em busca de algum traidor que tenha ajudado eles a entrar

— FICAR GRITANDO NÃO VAI FAZER ELA APARECER MAGICAMENTE KB! A GENTE TEM QUE PENSAR — minha loira grita e vejo o desespero nos seus olhos, ela quase nunca se altera, mas ver a melhor amiga se entregar no lugar dela foi uma bomba, eu sabia que a amizade das duas era grande, mas meu respeito pela minha irmã cresceu ainda mais

Minha irmã. Minha irmãzinha.

Tenho que encontrá-la, eu prometi pra mamãe que ia cuidar dela sempre, aquela baixinha é minha vida.

— Tudo bem, tive uma ideia, acho que tá na hora de reunir forças — todos me olham confusos

— Como assim? — o Coringa que está com os olhos vermelhos de tanto chorar pergunta

— Lembra do Lukas, sub do Complexo da Maré, ele e a Pikena são amigos, ele vai liberar uma ajuda — falo tentando pensar

— Verdade, deixa que eu ligo pra ele — meu melhor amigo fala no fio de voz que o resta, nunca o vi tão triste

— Gus, ainda sabe atirar? — digo e ele pega uma metralhadora, da um giro, e carrega ela

— Com certeza — fala sério

— Isso é bom, hoje é o dia de provar que eu fiz bem em te deixar voltar — ele concorda com a cabeça, sei que ele é apaixonado pela minha irmã, e vejo o ódio no seu olhar

— Pode pá chefe — fala

— Então é isso, todos se armem, peguem só os blindados e a gente se encontra em meia hora em frente minha casa — saio

AGORA É GUERRA!

Bia

Vejo Dioela entrar.

Não sei o que ela faz trabalhando pro Alemão, a mulher é uma guerreira.

A 7 anos perdeu um filho, acho que ela tinha 18 na época, o menininho tinha só 2 anos quando os tiras mataram ele em uma invasão.

Desde então parece que ela entrou no mundo do crime só pelo prazer de pegar em uma arma e se sentir mais poderosa do que aquele lixo que matou o pequeno Kevin.

Mas o que eu não entendo é por que ela trabalha no Alemão, tudo bem que o patrão daqui é sangue bom, só que a 2 meses ele está nos EUA e o CJ é quem tá tomando conta!

E vou te falar uma coisa, O CJ É DA PIOR RAÇA! O cara é tão ordinário que tortura as pessoas pelos simples querer. Um informante meu, disse que até os moradores têm medo dele e torcem pro patrão voltar logo.

— O CJ quer ver você — ela fala

— Vai ser um prazer ver aquele idiota implorando pela vida e depois morrendo — digo entre os dentes

— Acredite, não é só você que quer isso — sorri

Eu me levanto e ela algema meus pulsos.

Algema da Federal, que isso hein.

Eu sei que é estranho, mas eu tenho um "dom" de diferenciar as algemas da Civil, da Militar, da Federal, e todas essas merdas.

Ela me guia em direção a um corredor subterrâneo e então abre uma porta.

Essa porta da direto em outro corredor, dessa vez luxuoso, esbanjando ostentação, gravo cada detalhe do corredor.

Dioela abre uma porta e então eu vejo o filho da puta sentado.

— Hora de termos uma conversinha — sorri tão sádico que quero voar em seu pescoço

ESSE CÍNICO DO CARALHO VAI ME PAGAR

Amor BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora