Capítulo três

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Eu não entendi muito bem o motivo de John estar na minha porta à essa hora e nesse exato momento, eu achava que tinha sido muito clara em nossa ultima ligação e ele também tinha sido. Era arriscado para nós termos qualquer tipo de encontro que não fosse na empresa e tememos que algum dia Julie descubra sobre nós, porque John à ama apesar de tudo...

- O que você está fazendo aqui? Está louco? Entre. - eu disse assustada com sua visita repentina.

Ele continuou parado à porta e eu percebi que ele estava desesperado. Um pouco ensopado, com a gravata frouxa e os cabelos desgrenhados, como se estivesse entrado em crise. Puxei-o para dentro do meu duplex e fechei a porta espiando o corredor caso houvesse mais alguém por ali. Ele se sentou no sofá e eu o servi com uma xícara de chá.

- O que eu faço? - Ele finalmente balbuciou - Não sei mais o que fazer da minha vida. Ontem depois que você desligou, eu simplesmente não consegui mais pensar em nada. Apenas nas coisas que faço você e Julie passar.

- Você não tem com o que se preocupar - Eu o interrompi, não consigo ver o homem que amo em crise existencial. - Pare de se lamentar, nem parece um homem de 42 anos - falei igual ao Sam.

Ele hesitou antes de pegar em minhas mãos e me encarar.

- Eu sei que ficou chateada ontem, porque você sabe o que havia acontecido...

- John eu não sou uma criança, tenho 25 anos e sei muito bem o que está acontecendo e o que eu faço da minha vida. Eu sei que você transa comigo e com a Julie, vocês estão noivos é claro que isso acontece...

- Esse é o problema.

- O que? Você transar com nós duas?

- Não, o casamento. O casamento é o problema, eu não sei o que fazer Lydia - ele começou a alterar a voz - Eu não quero me casar.

Isso eu já sabia.

- Então por que você não acaba logo com isso?

Me levantei e o puxei para o canto do cômodo onde havia um espelho. John parou de frente para o objeto e eu fiquei em seu lado observando-o se encarar ao espelho. Ele parecia mais baixo com suas costas curvadas aparentando cansaço e eu o entendia, passei para traz dele e levei minhas mãos até seu ombro.

- Eu sei que estou muito velho para namorar ainda, mas não sou sincero o suficiente com Julie para nos casarmos. - comecei a massageá-lo e ele deu um gemido baixo - eu nem a amo tanto assim também... Você sabe Lydia.

- John...

Ele se virou para mim e me segurou pelos meus pulsos, se aproximou o suficiente para nossas testas se encostarem, me encarando.

- Você me ama, Lydia?

Ah, meu Deus.

- Por que isso agora, John?

- Eu preciso saber... Eu preciso... - Ele fechou os olhos e os apertou com força como se sentisse dor.

- Você sabe que eu amo você. Sempre amei. E sempre vou amar.

Ele abriu os olhos e levantou a cabeça.

- Então por que você nunca fez nada para que ficassemos juntos? Para me separar de Julie?

Agora eu fiquei brava

- Como é que é? - eu gritei com a voz esganiçada - Não depende só de mim para isso tudo acabar. Se você está nisso é porque quer. Você sempre quis.

- Como poderia fazer algo se não sei como você se sente sobre isso?

- Quando você quer uma coisa, você tem que ir atrás, não acha? Ou você acha que eu gosto de ser amante? Quem você acha que vai sair como errada nessa história, se um dia alguém descobrir?

LYDIAOnde histórias criam vida. Descubra agora