Tudo pode piorar!

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Mal a Amanda saiu da sala, meu próximo cliente chegou, ou seja, hoje meu almoço virou jantar.
Depois de infindáveis 57 minutos, a oferenda decidiu voltar para o mar. Graças a Deus! Sério, eu preciso comer.

Mas quando eu acho que vou desfrutar o descanso dos justos, eis que adentra na minha sala a minha amada secretaria Estela.

- Gustavo você não está esquecendo de alguma coisa, filho? - Eu já disse que ela é uma fofa?

- Oh Estelinha, só você para lembrar que eu não almocei. Juro que se você não fosse tão apegada naquele seu velhinho caquético eu te dava uns pegas.

- Olha o respeito menino! Eu estou falando sério. - Fala a minha grisalha predileta tentando fazer cara de ofendida.

- Tá bom meu anjo pré-terceira idade sou todo ouvidos.

- Gustavo Abrantes Sobral, é bom o senhor nunca mais me chamar assim. Além disso, trata de se dirigir à recepção ao lado e pedir desculpas agora.

- Hein? Pedir desculpas para quem criatura?

- Para pobre moça inocente que você escorraçou. Que coisa feia, isso lá é jeito de falar com a menina. A coitadinha está sofrendo. E depois do seu showzinho, ela não deu nem um piu. Será que nem depois do merecido sermão que a Amandinha te deu, você não vai tomar vergonha e se desculpar pela sua grosseria?

Eu juro que não dá para acreditar nisso. Eu salvo todos do apocalipse amoroso da descompensada e é assim que me agradecem? É inacreditável! Mas se tem uma coisa que eu aprendi nesta vida é que não é nada inteligente discutir com a Dona Estela, nem o marido dela tem coragem. E olha que o velho já está se aposentando na polícia. Ela é um anjo, mas não tira a minha velhinha do sério, pois com certeza você não aguenta.

- Tá bom Dona Estela, amanhã eu falo com a sonsa, beleza?

- Do que você chamou ela Gustavo? Que absurdo! Bom Deus perdoa, ele não sabe o que diz. Levanta logo daí e vai pedir desculpas para a Sônia. E ai de você chamar ela de novo sonsa, me ouviu bem?

Como eu tenho amor às minhas bolas, tomo o rumo da recepção. Lá chegando encontro a Sônia basicamente catatônica.

- Oi Sônia, tudo bem? - A pobre me olha com cara de desespero. Nossa, acho que eu posso ter extrapolado.

- Então, eu queria me desculpar pelas minhas palavras. Eu fui um pouco rude contigo. - Nem uma palavra. A criatura permanece completamente muda. Jesus! Que porra que eu fiz? Mas quando eu estou quase chamando o SAMU, a descompensada começa a chorar feito uma doida e me abraça.

É sério, ela está grudada em mim e quando eu não sabia mais o que fazer vem a avalanche. Ela se afasta de mim e me encara com os maiores e assassinos olhos azuis que eu já vi.

- Olha Senhor Gustavo me desculpe se eu me descontrolei no serviço, mas é que eu tenho trigêmeos de 4 anos, sendo que meu marido acabou de me pedir um tempo. Agora me diz, tempo é a única coisa que eu não tenho. Eu mal tenho tempo de pentear o cabelo. Eu juro que não mereço isso. Me diz eu mereço?

- Com certeza não Sônia. Eu queria me desculpar por. - E a infeliz nem deixa eu terminar a frase e já começa a ladainha.

- E agora, graças aos seus préstimos, eu tenho certeza que sou corna, pois eu mereço, não é mesmo? E para piorar, eu ainda vou ter que viver o resto da vida rodeada por gatos, apesar de ser alérgica aos bichanos. Deixa eu ver, será que eu esqueci alguma coisa?

Sabe aquele momento que você se sente o resto do resto de algo que sobrou e não deu certo? Pois é, tá meio que rolando este sentimento dentro do meu âmago. Por que eu fui abrir minha boca?

- Sônia me desculpe, eu falei um monte de bosta. Na verdade, eu continuo achando que serviço não é lugar de discutir problemas pessoais, mas no seu lugar eu já teria quebrado a cara do desgraçado. É isso, eu vou bater nesse imbecil do seu marido para você. Me passa o endereço? Pode falar. – Eu tento aliviar o clima, mas lá vai ela chorando de novo. Caralho o que eu faço?

- Eu não quero que o senhor bata nele. Eu só quero ele para mim! - Fala a pobre soluçando.

- Então é isso! Vou te ajudar a conseguir o imbecil de volta, quer dizer, seu digníssimo esposo. Mas agora por favor, para de chorar, vai para casa, tira o resto do dia de folga e só volta amanhã. Daí a gente conversa. Por favor?

- É sério que o senhor vai me ajudar?

- Sim Sônia. E se este paspalho não voltar para você, eu mesmo faço o seu divórcio e deixo ele sem um puto no bolso. Está bom para você?

- Tá. - Ela fala sem conseguir acreditar no que eu disse. Se bem que nem eu estou acreditando.

- Beleza, então agora vaza da minha frente antes que eu mesmo te demita. - Nisso a Dona Estela, que estava com cara de mulher em liquidação, logo fecha a cara e me olha feio. E como eu não sou tão imbecil assim, peguei a dica. - Quer dizer, vai pra casa que você precisa descansar.

E por glória de Deus, a criatura sai da sala e toma o rumo da roça.

Só que como desgraça pouca é bobagem, adivinhem quem está fazendo plateia na porta de saída? O ser humano mais sem noção do mundo, meu melhor amigo Henrique. Ele tem minha idade, é irmão da Amanda e médico. Quando ele quer, é o cara mais gente boa que eu conheço, mas em compensação sabe como me tirar do sério.

- Gustavo do céu eu sempre pensei que seu pau fosse pequeno, mas não a ponto de virar uma buceta. Sério, amanhã aquela sua amiguinha vai trazer um esmalte para vocês fazerem a unha uma da outra.

Que dia é esse senhor? Eu não mereço!

- Nem mais uma palavra sobre isso Henrique. Senão eu juro que desconto toda minha raiva em você e olha que eu nem almocei hoje.

- Calminha aí princesa, não vou te encher mais não. Estou precisando de seus serviços.

- Meu Deus, decidiu trocar de sexo e quer eu legalize a papelada?

- Vai a merda Gustavo! Por que eu tenho você de advogado mesmo?

- Porque nem sua irmã, nem seu pai te aguentam. Então só sobra o sortudo a sua frente.

- Eu vou comprar uma propriedade e quero que você analise a transação. Está aqui a documentação.- Ele me entrega uma pasta cheia de folhas.- Hein, as meninas estão querendo ir na inauguração de uma boate sexta, topa?

- Ótimo, depois de hoje eu estou precisando mesmo relaxar.

- A Amanda está aí? - Pergunta o mala.

- Não, ela saiu com um médico babaca chamado Edu, deve ser seu coleguinha lá do hospital. A peste da minha irmã que apresentou para a Amanda.

- É sério Gustavo que mesmo você comendo a metade da cidade, você não consegue controlar este ciúme ridículo da Amandinha? Supera, você é um bosta perto dela. Ela nunca vai te querer.

- Vai se fuder Henrique. Até parece que eu estou comendo um caminhão de bosta por ela. E vê se vaza que eu tenho que atender um cliente daqui a pouco.

Ciúme,até parece.

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Oi galera, então  este  é  o primeiro  livro  que  estou  escrevendo. Então, humildemente peço a opinião de vocês. Vai ajudar super, rsrsrs! Bjossss e amanhã sai capítulo novo...

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