A estrada

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–... Você deve, então, adentrar a direita, quando estiver seguindo a autoestrada... –Stiles soltou um grande suspiro, quanto tempo o seu pai estava lhe dando as direções? Já tinha perdido a noção de tempo e espaço. Além disso, falar ao telefone e tentar carregar suas malas para o jipe era extremamente difícil ainda mais descendo a estreita escada da residência dos McCall, a propaganda de "Não fale no celular enquanto diriges" deveria se amplificava para casos especiais como aquele.

–Cuidado! –Exclamou Melissa salvando um vaso de porcelana de sua morte certa, Stiles tinha colidido com a mesa aonde o coitado estava. O adolescente deu um meio sorriso nervoso, a senhora McCall nada disse, apenas pegou a uma das malas do garoto e a carregou, com surpreendente facilidade, o que deixou o jovem Stilinski boquiaberto.

–O que houve? –Inqueriu o xerife.

–Nada... Só me sentindo um pouco menos masculino. Não, isso soou errado. Meio que sexista. Digo, lógico que existe um estereótipo voltado para a postura do homem como um ser forte e viril. Algo que, claramente, não sou. Digo, me refiro ao forte...Pois quanto ao viril! Ops! Pai! Você não deveria ouvir essa parte. Viril? Eu? Ora, ainda sou virgem. BEM virgem. Lógico que existem outras formas de satisfazer meus desej...AHHH! O que eu estou falando? Meu Santo Capitão América! Faça que meu pai não entenda as referências de conotação sexual! Amém!

–Er...Você está mesmo bem, filho? Tem condições de dirigir? –Stiles quase podia ver a expressão confusa de seu pai, consistia em franzir o cenho e massagear o pescoço. Quantas vezes o jovem Stilinski tinha feito o xerife assumir tal postura? Já tinha perdido a conta. Desta forma, Stiles achou prudente ignorar as perguntas de seu progenitor e continuar a tagarelar:

–Enfim, pai, você sabe que eu tenho Gps no celular, não que eu não aprecie seus longos e detalhados conselhos sobre o caminho que devo seguir e tal, mas meio que já estamos atrasados, se eu não sair agora, só chegaremos a noite em Beacon Hills. –Falou um pouco ofegante, arrastando a mala reminiscente. Scott desceu as escadas, já com uma mochila nas costas, passou por Stiles e pegou uma das alças da mala para ajudá-lo. Contudo, aquilo não foi uma boa ideia, pois o garoto a levantou, como fosse pluma, a pesada bagagem, caindo para trás devido a surpresa, a força lupina tinha lá suas desvantagens, principalmente quando não se podia controla-la.

–Oh! Sim! Hoje é o dia dos McCall humilharem o fraco Stilinski! –Resmungou –Eu sei carregar as minhas próprias malas, ok?

–Desculpa, cara... Eu só queria ajudar...E não sabia o tamanho de minha força. –Falou isso, mas havia um sorriso em seus lábios, ou seja, o recém–transformado–lobisomem não estava se sentindo tão culpado assim.

–Sei! –Imitou um rosnado o adolescente humano.

–Pensei que eu fosse o lobisomem aqui. – Resmungou Scott – E Stiles...

Quê?

Um rosnado muito mais grave e vibrante foi emitido por Scott, Stiles, surpreso e assustado, tropeçou sobre os próprios pés, caindo sobre a mala.

–Acho que esse é o rosnado verdadeiro.

–A poucas semanas atrás você tentou uivar e parecia mais um gato morto eletrocutado e agora você consegue rosnar? Você andou treinando? Isso é para impressionar os lobisomens do instituto? –Falou em um tom acusativo.

Stiles viu que acertou em cheio quando notou o corar nas bochechas em seu melhor amigo, bem, parcialmente, entendia a necessidade de Scott em ser aceito... Que adolescente não quer ser aceito em algum grupo social? Se sentir parte de um todo? Um adolescente lobisomem não seria diferente. Além disso, Stiles presumia que teria algo mais profundo naquela busca por aceitação, em suas pesquisas, acabou criando uma teoria que talvez Scott ansiasse por algo semelhante a uma alcateia. Lógico que era só uma teoria... Lobisomens não são lobos em sua totalidade, nem todos os hábitos do animal serão compartilhados em sua versão humana. Pelo menos assim esperava.

Beacon Hills InstituteWhere stories live. Discover now