Capítulo 8

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Eu esperava encontrar qualquer resquício de algum clima estranho no carro.Mas isso não aconteceu, o clima não ficou tenso, o ar não ficou difícil de se respirar, eu não me senti (muito) culpada por ter sido tão evasiva a respeito de um assunto pessoal de alguém.

Ele ligou o rádio, para descontrair um pouco, e como se fosse um complemento de toda a conversa que tivemos, começou a tocar Royals.Enquanto eu inutilmente tentava entender a letra e acompanhar o ritmo. consegui ver no retrovisor que Jonatan estava com um sorriso descarado no rosto, deixando sair, uma parte do refrão em um dom timidamente baixo, fazendo seu pomo de Adão, subir e descer acompanhando o ritmo da música, movimento que meus olhos sem o mínimo de vergonha na cara capturavam e tentavam memorizar na minha cabeça.

Sobe, desce, sobe...

We didn't come from money

-Não somos guiados, mas controlados, sem ele não sobrevivemos neste sistema.-Ele fala enquanto da de ombros.

-Temos um apreciador de Indie pop, neste carro produção?Quantos anos você tem?16?-Falo recordando do que houve no escritório.

-Não, apesar de que "gosto musicais não entram em questão no momento",-Ele faz uma pausa breve e volta a falar-Mas pareço!- Ele diz fazendo um tom firme, como se estivesse falando com toda a convicção do mundo.

Demoro alguns segundo para finalmente me tocar, rolo os olhos dramáticamente enquanto dou uma risada anasalada.

-Claro né, já foi parado em várias boates, por que pensaram que era só mais um adolescente tentando fazer coisas ilegais, para satisfazer os desejos insanos causados pelos hormônios a flor da pele.

-Acho que começamos com o pé esquerdo, e para celebrar ainda o acontecido foi numa segunda-feira fria e tediosamente monótona, onde qualquer coisa que saísse do nosso cotidiano corriqueiro com certeza traria estresse.-Jonatan diz fazendo a volta com o volante, enquanto dou baquetadas imaginárias no ar, seguindo o ritmo de uma música aleatória.

-Melhor ainda foi aquela que você fez de novela mexicana, "Clarissa Gonçales, agora eu sei quem você é"-Falo forçando minha voz em um tom mais grave, em uma tentativa falha de imitá-lo.-Você ficou treinando essa fala depois da sua apresentação foi?-Falo gargalhando.

-Ei!-Ele diz em um tom falsamente indignado, não estando nem um pouco incomodado.-Como vilão eu tinha que dar o meu melhor, não?Passar a melhor  impressão possível. Aliás, o que passou pela sua cabeça, depois de sair correndo, que eu teria uma amnésia, e não lembraria que eu quase matei uma desatenta no meio da rua?Acho que não é tão fácil.

-Ah,-Dou de ombros.-não é pecado tentar, ou é?-Pergunto ousadamente.

-Quando isso envolve seu futuro em uma empresa?Acho que não tem problema em se passar de boa samaritana que não sabe de bolhufas nenhuma.-Ele diz em um tom visivelmente irônico.-Inclusive, mesmo depois de tudo você levou meu almoço, considero isso um ato de profissionalismo para me subornar depois?Ou um ato de caridade por pura bondade?

Posso achar inacreditável o fato de Jonatan estar tão descontraído em uma conversa aleatória como está?Quer dizer, como novo porta-voz da empresa pensei que a última coisa que ele fosse fazer seria ficar descontraído.Nada contra, ele ainda é jovem, mas ambicioso do jeito que ele "aparentemente", ser despretensioso não estava no perfil mental que fiz dele desde o incidente, que não faz nem 48 horas que ocorrerá.Quem imaginaria que ele usasse a palavra bolhufas numa frase, nunca ouvi nem minha tia Pam usar isso numa frase.
 
Fazer a viagem neste carro foi bem menos maçante do que eu imaginava, perdoem-me pela inconveniência, mas a única conversa que eu realmente tive com Jonatan não teve mais de cinco minutos, e honestamente não imaginava que iria ter diversas conversas paralelas com o não escritor do meu lado.

O Filho Do Meu Chefe.[HIATUS]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt