Prólogo

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Simmons caminhava lentamente pelas ruas da pacata Holmes Chapel. Os olhos verdes focavam em observar cada árvore e pessoa que passava pelo local enquanto ele andava pela calçada. Fazia alguns anos que não pisava naquela cidade, mas tinha que concordar que se ficasse mais alguns fora, não mudaria nada. Holmes Chapel sempre seria a cidade pacata, onde as pessoas não costumavam sair depois das seis e meia da noite, onde 80% da população se consistia em Betas, 15% em Alfas e 5% em Ômegas. Henry fazia parte dos 15%.

Henry Simmons era o filho mais velho de uma família formada por mulheres Betas. Ana, sua mãe, havia tido uma relação com um Alfa; não fora mordida, mas teve dois filhos com ele, que, assim que soube da notícia da segunda gravidez, saiu de casa e nunca mais voltou. Ana ficou mal, mas tinha ao garoto para apoiá-la. Foi difícil para Henry ajudar a mãe até o momento em que completou dezesseis anos e se revelou Alfa, o que a assustou, já que imaginou que, assim como a irmã mais nova, ele se tornaria um Beta. Jena revelou-se Beta aos dez anos. Agora com vinte e dois anos, Henry voltou para a casa depois de alguns anos de faculdade de direito.

As covinhas no rosto de Henry apareceram assim que ele sorriu ao encarar o portão da escola. Fazia cinco anos que ele não pisava ali e, mesmo que parecesse loucura, sentia falta dos tempos de colégio. Henry era o típico popular da turma, mesmo que não tivesse se revelado até o segundo ano. Ele tinha o cabelo cacheado, as covinhas e olhos verdes acompanhados de uma simpatia incrível que eram o suficiente para ser desejado por homens e mulheres, e toda aquela popularidade só aumentou quando se revelou Alfa. O cheiro que Henry emanava deixava muitos loucos. Ninguém entendia como um Alfa podia ter um cheiro tão forte e bom, isso era coisa de Ômega.

— Henry Simmons, quem diria que você voltaria para minha escola. — Elena era a diretora da escola, uma Alfa, uma das bem rígidas e dominantes. Depois que Henry se tornara Alfa, eles acabavam brigando muito. Não que Henry a desrespeitasse, pelo contrário, ele sabia que ela era a superior na história, mas seu instinto de Alfa não o deixava ficar quieto e simplesmente abaixar a cabeça.

— Diretora Elena, pensei que já havia se aposentado — ele murmurou em um sorriso. As mãos saíram do bolso da calça apertada e arrumaram o cardigã preto em seu corpo.

— Vai demorar até isso acontecer. O que veio fazer aqui? — perguntou, abrindo o portão e revelando o pátio repleto de alunos. Era intervalo.

— Trazer um trabalho para Jena. Vê se pode, acabei de voltar e já recebo trabalho. — Ele riu, passando pelo portão e percorrendo os olhos pelo local à procura de sua irmã.

— Jena fica na árvore atrás do pátio — Elena anunciou, fechando o portão e o trancando, guardando a chave em seu bolso logo em seguida.

— Obrigado. — Ele andou despreocupado até lá enquanto recebia os olhares curiosos e admirados dos Betas da escola. Os poucos Alfas ali presentes não se atreviam a cruzar olhares com o do de cachos, afinal, ele era mais velho. Se entrassem em brigas, o vencedor não seria nem discutível. — Achei. — Henry sorriu ao ver os cabelos pretos da irmã amarrados em um rabo de cavalo. Ela se encontrava sentada ao lado da árvore e conversava animadamente com alguém que estava encostado ali. Os olhos dela brilhavam, e o sorriso estava sempre estampado em seu rosto alvo. — Jena. — A voz rouca de Henry invadiu não só os ouvidos da garota, mas também os do garoto ao seu lado, que tremeu ao escutar o tom do desconhecido. Tão rouco e suave.

— Henry. — Ela se levantou rapidamente para correr para os braços do irmão. O garoto, que antes estava sentado, agora havia se levantado apenas para acompanhar a amiga, que parecia estar animada com a presença da pessoa. — Que saudades! — Ela sorriu enquanto era colocada de volta no chão. — Hey, Lu, vem cá. Ele é meu irmão, aquele que te falei. — Jena levantou a mão e chamou o garoto, que timidamente saiu de trás da árvore com o rosto abaixado.

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