FIM?

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C A S S I E   A N D R A D E

Quando as ambulâncias chegaram, fomos transferidos para um outro hospital. Fui obrigada a passar quase uma semana e meia em observação. Ganhei pontos e o meu pé foi engessado.

Fiquei em observação graças aos ferimentos na cabeça e no meu pé. Segundo os médicos eu tive sorte, poderia ter até perdido o pé.

O tempo passava como uma lesma, eu já estava ficando louca de tanto tempo confinada naquele quarto. Estava tentando me distrair lendo o diário de um banana.

Um livro divertido e infantil.

Desviei minha atenção do livro quando Enzo entrou no quarto. Fechei o livro e esperei Enzo se aproximar.

Ele teve sorte na explosão, havia apenas se ralado, machucou a testa de leve. Umas pedras atingiram a cabeça, ganhou alguns arranhões e queimaduras leves, mas nada grave.

— É hoje em! — falou um pouco alto demais ao parar ao lado da minha cama.

— Hoje eu ganho alta? — perguntei esperançosa.

Ele assentiu — O médico disse que você deu muita sorte.

Balancei a cabeça, já havia ouvido muito essa frase. Talvez fosse sorte ou não.

— Demos muita sorte. — corrigi — É meu filho, isso é só o começo da vida agitada de futuros policiais.

Enzo abriu um sorriso de canto — Sabe... Eu tô começando a repensar... — o encarei erguendo a sobrancelha e ele cruzou os braços — Sabe o que é o pior nisso tudo?

— O que?

— É gostar dessa sensação de perigo. — disse — É como olhar para trás e descobrir que você nunca viveu de verdade. Nunca se arriscou por ninguém. Nunca fez nada na vida.

— Você é mais louco que eu sabia?

Enzo riu e deu de ombros. Sua expressão mudou de repente — Quero te agradecer de novo.

Joguei a minha cabeça para trás, cansada de ouvir isso — Nesses nove dias você só veio me visitar, o que? 15, 20 vezes? E em todas me agradeceu — eu cruzei os braços — Você não cansa? Eu não fiz nada demais. Só fiz o que você faria por mim numa situação igual.

— Não, não canso.

— Não me faça levantar e te dar um murro, Enzo Teixeira.

Ele abriu um sorriso me encarando. Então se sentou ao meu lado na cama e respirou fundo — Quando eu cheguei na sua casa pela primeira vez e vi você entrando no quarto pensei: "Putz, ninguém merece. Vou ter que aturar a filhinha do namorado da minha mãe. Essa pirralha vai me encher o saco... " Realmente foi o que aconteceu, você me encheu o saco, eu te enchi o saco e quando vi e acabei me apegando a você. E agora é como se você fosse a minha irmãzinha a vida toda e vez ou outra tá sempre salvando a minha pele.

— Isso porque vez ou outra você corre para onde eu tô pra salvar a minha pele.

Enzo me encarou, confuso.

— Sua mãe disse que você estava no hospital, porque veio atrás de mim.

Ele apenas balançou a cabeça. Apoiei a cabeça na mão com um sorriso.

— Foi fofo, você correr pro hospital atrás de mim...

— E o seu namorado? Veio te ver? — perguntou mudando de assunto.

— Veio... — parei percebendo o que ele acabou de perguntar e eu responder. Então o corrigir — Ele não é o meu namorado.

— O Rodolfo acha que é. — Enzo estava com um sorrisinho — E não é? Depois de tudo que o cara passou?

STALKER - O Fantasma cibernéticoWhere stories live. Discover now