Olhei, virou poesia

O primeiro voo

Sonhadora
Tornou-se a mariposa
Quando abandonou
Seu casulo,
Seu Porto seguro
Ela queria voar
Conhecer o luar
Mas quando ia levantar voo
O senhor barata
Preocupado, coitado
Que sempre encontrava
Uma desculpa
Veio correndo até ela
Mariposa e se você
Chegar à lua
E não tiver nada pra comer?
De queijo você não pode viver
E se fizer frio?
Você vai congelar de arrepio!
E se você se cansar?
Nem consigo imaginar!
E se ficar com sede então?
Meu Deus, o que você vai fazer?
E se a viagem for longa?
E se? E se? E se...
No fim ela tinha
Uma grande,
Enorme, gigante
Bagagem pra carregar
Estava com medo,
Preocupada,
Podia tudo dar errado,
O senhor Barata
Havia avisado
Tentava voar,
Mas não saia do lugar
Talvez tivesse esquecido
De bater as asas para voar
O chão, agora era o melhor lugar
Já ia quase desistir
Foi quando viu o senhor
Gafanhoto que pulava
Pulava e pulava
Rumo ao infinito.
Como você consegue gafanhoto?
São tantos os problemas?
Perguntou a Mariposa,
Já voltando para o casulo.
Lá tudo era seguro.
Não
Carrego
Meus
Problemas
Comigo,
Deixo
Eles
No
Lugar
De
Onde
Nunca
Deveriam
Sair
Gritava o gafanhoto
palavra por palavra
Cada vez que pulava
A mariposa
Resolveu então
Numa ultima tentativa
Tirou da bagagem
todos os seus
Problemas
Preparou o voo
E voou, voou...
Tão alto
Como nunca antes
havia conseguido.
O problema não estava
Na maneira de voar
Mas em todos os (se...)
Que ela deixou de carregar.