Às vezes, o peso de uma história não acabada acaba sobrepondo dez que a gente termine. Não terminar um trabalho dá uma sensação de mal estar, falta de capacidade e, por que não, falta de talento. A gente duvida tanto da própria habilidade nessas horas que pensa em desistir.
Bom estou aqui para dizer: Não desista.
Os conselhos que vou dar neste post são um pouco dúbios, e no final do dia, quem vai decidir o que fazer será você mesmo, mas vamos lá. Primeiro de tudo, acho que é importante não se desesperar. Sabe, às vezes um número é só um número, e uma história é só uma história. Você pode ter achado a ideia o máximo quando começou, e desanimou dela no caminho, e tudo bem. Aposto que a Meg Cabot tem uma pasta no computador dela com uns 768575 arquivos de livros e contos e rascunhos pela metade, porquetodos nós somos assim. Nem sempre aquilo que começa bem vinga, e nem sempre aquilo que começa mal será largado pela metade.
Eu enxergo como um processo de seleção natural. Imagine o seguinte: todos os dias eu tenho uma ideia nova. Eu anoto essa ideia, deixo cuidadosamente estocada, e aí uma hora ela vai crescendo, e eu começo a escrever. De repente, essa ideia se esvai, a inspiração vai embora, ou eu simplesmente perco o ânimo praquela história em especial, e aí a engaveto. E aí o oposto acontece, e eu reacendo a chama de uma história perdida há meses, anos quiçá. Eventualmente, o que não era bom o bastante vai sendo deixado pra trás, e o que tem potencial de verdade é retomado. As histórias mais fortes sobrevivem. E sim, ainda há esperança.
Contudo, isso não é uma desculpa pra abandonar todo e qualquer projeto. Acho que o desânimo e a falta de inspiração podem ser sintomáticos e, sim, podem ser revertidos. Nos meus Diários de Escrita ( pra saber do que eu estou falando), falei várias vezes sobre bloqueios criativos que duravam meses, de histórias que me senti tentada a abandonar, e por razões profissionais, tive que me forçar a fazer uma análise de consciência pra descobrir o que estava errado. Então, quando você estiver desanimado com relação a um projeto, faça-se as seguintes perguntas:
1) Você pensou a fundo na história, ou só colocou no papel a primeira coisa que te veio à cabeça?
2) Seus personagens estão conseguindo levar a história, ou são levados por ela?
3) Quando você relê o que escreveu, sente um fluxo natural ou parece que você quer acabar logo com isso?
4) Quando você fecha o arquivo, vai direto pra outra ideia ou fica algum tempo ruminando o que escreveu?
5) Você consegue fazer uma lista de três acertos e três erros do seu original até agora?
Se a resposta pra qualquer uma dessas perguntas for não, então você tem um problema.
Pra ser completamente sincera, não existe solução perfeita pra esse tipo de caso, e como eu disse no começo, no fim do dia, você é quem vai precisar decidir o que fazer. Você pode se forçar a continuar escrevendo, pode recomeçar ou pode simplesmente abandonar, fazer a Elsa e cantar let it go.
Mas qualquer que seja a sua decisão, não se culpe. Não chore pelas histórias não-terminadas e parta pra outra. Não tem ninguém te impedindo de um dia, daqui a alguns anos, pegar aquela ideia e reinventar sua história. Nada está no caminho entre você e o final do seu livro – só você mesmo. Respira, relaxa e escreva. Terminar é consequência. Faça seu melhor, faça o possível, mas não se deixe abater.
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GUIA PARA ESCRITORES
Teen FictionMuitos jovens escritores compartilham as mesmas dúvidas, inseguranças, angústias, e até os erros que cometem nos seus manuscritos! Então pensei: por que não escrever autoajuda para escritores? Para fins práticos, anotei algumas das dúvidas mais comu...