Capítulo 16

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Dedicado a marques_thays

XX - "VOCÊ CONTINUARÁ ME AMANDO DEPOIS QUE EU ESTIVER FEIA?"

Alguém tocou a campainha na casa de Yanna Dantas. A mulher, quando abriu a porta, quase caiu para trás quando viu que quem estava lá era seu filho, acompanhado de uma garota (Zoe). Ela abraçou o garoto.

─ Meu filho! Meu filho, você voltou!

Cobrindo o rapaz de beijos e abraços, pediu para que ele e Zoe entrassem, pois serviria torta de abacaxi e Coca-Cola para os dois como forma de comemoração.

─ Fiquei tão feliz quando soube que você vinha. Até trouxe a namoradinha! ─ disse Yanna, empolgada. ─ aceita mais um pedacinho, amor?

─ Mãe, por favor. Tá me envergonhando na frente da Zoe! ─ disse Júnior.

─ Tudo bem, Júnior. Eu não ligo. Acho até bonitinho. ─ disse Zoe, fazendo barulho enquanto mastigava o gelo do copo de refrigerante. Ela adorava fazer isso.

Yanna não poderia mais esconder tamanho ciúmes do filho; sabia que Júnior já havia saído com algumas garotas, mas nada tão sério como o que ele estava tendo com Zoe. Ela quis saber por onde Júnior havia andado por todo o tempo que passara fora de casa; e, fingindo estar encantada (porque estava quase pondo o coração para fora da boca de tanta preocupação)., ouviu Júnior contar-lhe sobre o susto quando ele saltou de asa delta, ou quando ele conheceu Zoe e sua família de hippies; claro, ele não entrou na parte dos cogumelos alucinógenos, mas falou sobre o passeio no Rio Grande do Sul e sobre a sua estadia no Japão, onde pulou de bungee jumping e conheceu a dubladora do Pikachu momentos antes de voltar para casa. Tudo isso em tão pouco tempo! Yanna ficou histérica.

─ Como assim você pulou de asa delta? Bungee Jumping? O que você foi fazer no Japão?! Foi ela ─ Yanna apontou para Zoe ─ foi ela quem fez sua cabeça, meu filho, foi ela!

─ Mãe, pelo amor de Deus! Ninguém fez a minha cabeça. Mas eu entendo a sua preocupação. Não se preocupe, o mundo é a minha casa. ─ ele sorriu, abraçou forte a mãe e deixou uma carta para a avó e as irmãs, que não estavam em casa. ─ Agora, mãe, eu preciso ir.

─ Não, Júnior! Não! Não me faz sofrer novamente!

─ Eu não voltei uma vez, não foi? Mãe, a nossa vida é só uma. Eu preciso aproveitá-la.

Em outubro daquele mesmo ano, Zoe preparou um bolo para comemorar as dezoito primaveras do namorado. Os dois estavam viajando e, clandestinamente, nos Estados Unidos, eles entraram. Sim, desafiando as leis, mas vivendo, sentindo-se felizes por estarem fazendo isso.

─ Precisamos sair daqui o mais rápido possível, não? ─ disse Júnior. Acomodou-se na velha poltrona daquele hotel barato onde estavam hospedados e soprou as humildes velinhas.

─ Iremos. Mas antes você vai riscar mais um sonho de sua lista. Hoje ainda.

Faltavam dois: dirigir um carro turbinado numa estrada deserta e embarcar no novo Titanic. Dos mais prováveis, o primeiro. Mas como?

─ Júnior, eu consegui um carro com a dona do hotel. Ela só pediu que a gente tomasse cuidado. Claro, menti um pouquinho, disse que a gente tinha experiência em dirigir, o que não é verdade... Mas, sujo por mal lavado, ela aluga quartos para clandestinos nos Estados Unidos...

─ E o carro é bom?

Estavam os dois agora do lado de fora do hotel. Uma Mercedes vermelha, um pouco velha, mas turbinada, esperava o casal vinte para um passeio.

Um Conto Sobre um Monte de EstrumeWhere stories live. Discover now