Capítulo Cinco

469 91 68
                                    

Estou tentando entender, porque raios esse rapaz que nem ao menos sei o nome beijou-me e porque eu estou retribuindo o beijo.

A sensação que ele me transmite, é de que o nosso destino está cruzado. Estamos ligados por uma força maior. É como se alguém estivesse escrito no livro da vida que o meu destino é ao seu lado.

Mas no entanto, sinto que meu coração não pertence à ele ... o destino deve ter se enganado, o beijo dele tem gosto de serragem em minha boca.

— Desculpe. Não sei o que me deu... — ele afastou-se transtornado. Algo nele está errado. Eu o encaro surpresa e confesso que estou meio atordoada. Não esperava que meu primeiro beijo fosse assim. Tão surpreendente e contra a minha vontade.

— Você tem o hábito de beijar moças desconhecidas? — perguntei perplexa. O que há de errado aqui? Ele beijou-me como se me conhecesse há anos, como se quisesse fazer isso há muito tempo. Como posso aceitar o beijo de alguém que nem conheço? Espera. Espera! O que temos aqui?

Seu rosto agora mudara. Não se parecia nem de perto com o rapaz da foto. Aquela expressão serena e boa se desfez.

Como ele fez isso?

Seus olhos ganharam uma cor negra. Sua feição antes alegre e calma. Agora triste e revoltada. Seu rosto mudou. Assim como os seus cabelos.

Não! Definitivamente esse não é o rapaz da foto, assim como também não é o rapaz que acabara de me beijar. Como?

— Não... É que eu... — ele aproximou-se, eu recuei. Ele encara suas próprias mãos e sorri de canto. Me encara novamente com um sorriso em seu rosto. Um sorriso diabólico.

— Não se aproxime... — falei apavorada. Dei passos nervosos para trás, afastando-me cada vez mais dele.

— Ei... Espera, não precisa ficar assustada. — ele pegou em meu braço. Rápido demais. Eu jurava já estar longe dele. Não muito longe mas à uma certa distância.

— Tarde demais... Já estou bem assustada! — tentei recuar com medo do que ele poderia fazer, mas ele era mais forte que eu e me manteve em pé, parada à sua frente. - Me largue! Me solte, seu louco!

— Kessylin não faça escândalos. Não te farei nenhum mal! — ele diz com seus olhos negros presos em mim. Em seus lábios aquele sorriso ainda não desaparecera.

— Quem é você? — perguntei assustada. Ainda que eu esteja apavorada sempre fui curiosa. Ele ri. Uma risada estranha e perturbada. - Já mandei me soltar!

— Ela mandou solta-la. — uma voz atrás de mim disse. Uma voz conhecida.

Então o rapaz largou meu braço e deu um sorriso de canto. Virei-me para ver o dono da voz e fiquei chocada em vê-lo tão perto. Seus olhos transmitiam irritação, mas ainda estavam quentes. Conforme sua cabeça pendia para o lado, seus cabelos que caiam perfeitamente em sua testa, mexiam-se.

— Isso não é da sua conta... — o rapaz riu. Encostou-se em um dos carros que estavam por perto, tirando do bolso um maço de cigarro.

— Ela foi uma das minhas protegidas, tudo o que acontecer à ela, é da minha conta.

— Você disse uma palavra interessante... — o rapaz acendeu um cigarro. E o levou até a boca. Com a outra mão tirou do outro bolso um esqueiro e o acendeu. Sugou com força toda aquela nicotina para dentro, olhou para o céu e soltou a fumaça. — Foi sua protegida. Hoje já não é mais...

— Esperem aí... Eu estou aqui, e não estou entendendo nada. — falei aflita.

Olhei de um rapaz para o outro, assustada. O que havia me beijado, transmitia uma sensação ruim, um desejo de vingança. Já o outro, era o seu oposto.

||Ruptura|| DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora