Capítulo Nove

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Todo o meu corpo tremeu diante dessa hipótese. Se não é Haziel, quem seria? Aos poucos fui me vestindo, sempre atenta à qualquer movimento dentro do quarto.

Mas tudo manteve-se quieto.

Senti um pouco de desapontamento, talvez pelo fato de querer vê-lo outra vez. Peguei minha bolsinha de mãos, coloquei alguns pertences meu dentro da mesma e fui até a sala esperar pelo resto da família.

Então, enquanto eles não desciam sentei na beirada do sofá e pela primeira vez desde que chegamos resolvi ligar para a Rhaíssa, uma amiga minha da capital.

Na segunda chamada Rhaíssa ainda não havia atendido o celular, o que me deixou frustrada. Ouvi o som dos passos dos meus pais ecoarem pela casa. Desliguei o celular e opitei por tentar novamente mais tarde.

Debs veio até mim e segurou minha mão. Caminhamos até o carro enquanto nossos pais e Darah trancavam a casa. Coloquei minha irmãzinha no banco traseiro e passei o cinto de segurança em volta dela.

Ela sorriu. Eu sorri de volta, apertando a ponta do seu nariz.

— Olha, Kessy! — ela falou com seu indicador magro apontando para a casa.

Virei-me na intenção de vê-lo, eu sabia que era ele. Meus olhos percorreram toda a extensão da casa, até que eu o vi. Mais uma vez na janela do meu quarto. Sempre no meu quarto. Ele acenou com a mão, Debs e eu fizemos o mesmo.

*****

Ao fim do culto, acompanhei Debs até uma barraquinha de doces que estava estacionada na porta da igreja. Ela quis um pirulito grande, que com certeza deixaria a boca dela azul.

Sorri assentindo quando ela pegou o mesmo na mão e olhou-me como se pedisse autorização para comprar. Seu sorriso alargou-se, assim como o meu também. Enquanto ela vinha ao meu encontro abrindo o pacotinho, alguém sentou-se ao meu lado.

Senti todo o ar em minha volta parar, não virei minha cabeça ou falei algo e a pessoa que sentou-se ao meu lado fez o mesmo. Estávamos em silêncio. Um silêncio perturbador. Encarei minhas sapatilhas azuis, tentando amenizar essa sensação de constrangimento.

— Está um dia agradável, não acha? — sua fala me fez sorrir.

Hoje o dia amanheceu lindo. Olho para o céu e vejo alguns traços finos de nuvens. O Sol não está forte, talvez seja pelo fato de ainda não ser dez da manhã. Sorrio. Uma brisa passa pelo meu rosto.

— Sim! _ respondo-lhe. Debs senta ao meu lado, sorrindo. Me oferece seu pirulito, mas recuso retribuindo o sorriso. Ela avalia a pessoa ao meu lado, cuja ainda não olhei.

— Você quer? — ela oferece. Com um sorriso travesso, olhar inquieto. Vejo um movimento ao meu lado, uma mão pousa sobre a cabeça de Debs, o que faz seu cabelo bagunçar-se.

— Não... Mas ficaria feliz em ganhar um beijo na minha bochecha! — Debs ri com vergonha. Mas assim ela fez. Deu-lhe um beijo na bochecha e saiu correndo. Provavelmente correu por estar envergonhada.

— Ela não costuma beijar estranhos! Ela deve ter gostado de você... — falo respirando fundo. Seu aroma suave de erva doce invade minhas narinas, estamos em silêncio e isso me constrange. Porquê nunca sei como me comportar e acabo parecendo uma anta.

— Sou Heitor! — ele apresenta-se com sua mão estendida no ar, esperando pela minha. Então lhe encaro. Atenta aos detalhes, em sua expressão. Estendo-lhe a minha mão e o mesmo a beija.

— Kessylin! — respondo-lhe receosa. Sempre ficarei confusa, sem saber se ele é mesmo Heitor, ou é aquele tal de Leonel. Ele suspira com um sorriso no rosto, seus olhos nos meus. Nossa! Darah tem razão em apaixonar-se, ele é lindo!

||Ruptura|| DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora