Capítulo 22

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Bip... Bip... Bip...

O sol brilhava mais do que o normal, deixando o dia quase insuportável de tão quente, mas ao mesmo tempo estava tudo perfeitamente agradável. Dias assim deixavam tudo mais bonito, mais brilhante, mais intenso... O som distante das ondas quebrando na areia da praia criava um ambiente calmo, tranquilo. Tudo estava maravilhoso.

Bip... Bip... Bip...

Ao longe, eu ouvia baixinho uma risada de criança se aproximando. Meu irmãozinho brincava na areia, a algumas dezenas de metros mais abaixo de onde eu estava deitado, quase dormindo sob o sol. Se não fossem pelas várias camadas de protetor solar cobrindo minha pele muito branca, já estaria todo queimado.

Bip... Bip... Bip...

- Aí está você! - minha mãe gritou, rindo, se sentando ao meu lado na areia. Era engraçado ver o jeito que ela andava quando estava usando biquíni. Segurava a canga que envolvia sua cintura com as duas mãos, dando alguns pulinhos vez ou outra, desviando de todas as conchinhas da areia. Lembro de ela mencionar que o mais seguro era evitá-las, pois algum molusco ainda poderia estar ali e assim ela não mataria nenhuma forma de vida inocente. - Lagostinha, já renovou esse protetor?

- Qual é, mãe! Dez minutos atrás você me fez passar horrores daquilo! - eu ri, me sentando.

- Nunca faz mal perguntar para ter certeza, garoto. Por exemplo, seu pai sempre se esquecia de tirar o shampoo dos cabelos. Quando eu não avisava várias vezes, ele chegava a ir para a empresa com os cabelos daquele jeito. Me pergunto como nunca demitiram aquele atrapalhado... - ela resmungou a última parte. - Sinto falta dele.

- Eu sei, mãe. Eu também. - respondi, a abraçando de lado. Eu amava minha mãe. Ela era linda: tinha os mesmos olhos azuis que eu e meu irmão, embora os dele seja maiores, parecidos com os dos nosso pai, mas nosso cabelo loiro se manteve idêntico ao dela, assim como nossas sardas e uma pintinha localizada pouco antes do couro cabeludo, perto da bochecha, que ela herdou de nosso tataravô.

Se acha meu nome estranho, lhe apresento os nomes de meus pais: Gregor Delmontt e Ravena Colin Harris.

- Infelizmente, o Gregor do qual sinto falta não é o que morreu, meu amor. - ela continuou. - Ele havia virado alguém... Totalmente diferente. Ele quase largou vocês dois num orfanato, acredita? - ela bufou, arrumando as mexas de seu cabelo que foram bagunçadas pelo vento.

Bip... Bip... Bip...

- Chega de assuntos tristes! - levantou, me puxando. - Vamos ir ficar um pouco com o Li. Esse pestinha está pisando nas conchinhas outra vez...

Descemos as dunas, encontrando Liam cavando um buraco na areia, desenhando uma borda em volta dele com pedaços quebrados de conchinhas. Em uma delas, algum bicho esquisito tentava fugir.

- Liam Thomas Harris! - ela gritou. - Um molusco! Você destruiu a casinha dele!

- Desculpe, mamãe. Eu achei que estava vazia. - ele disse, se encolhendo dentro do buraco.

- Tudo bem, macaquinho. Só sabe aprontar, mesmo. Já me acostumei. - ela riu, bagunçando os cabelos loiros do menor. Liam estava muito corado, com os ombros queimados. Nossa mãe deu um tapinha em seus ombros, verificando, e ele se encolheu, ficando com os olhos marejados. - Ei, nada de encher esses olhões azuis de lágrimas, ok? Está vendo, Lowell? Eu disse que lembrar de dez em dez minutos faz diferença.

- Vem cá, pequeno. Vamos dar um jeito nisso. - eu disse, ajudando Li a sair do buraco e o colocando sentado em meus ombros, segurando suas mãos para não cair.

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