O careca pançudo diz coisas sem nexo, ou que pelo menos, não se encaixam em minha cabeça. A lousa, toda enfeitada de números e fórmulas, me deixa enjoada. O faladeiro aleatório, sobre futebol e sobre séries, me deixa ainda mais perdida, e com dor de cabeça.
É um saco Ária não estar na mesma sala que a minha. Às vezes quero surtar com isso. Mas, em certos momentos agradeço, pois com certeza, o interrogatório que ela faria se eu não tivesse chegado atrasada, vai se prolongar para mais mil perguntas no intervalo. Legal, ótimo!
Encosto minha cabeça na parede, e prolongo meus olhos para a janela, onde algumas crianças no jardim de infância, balançam e sobem e descem na gangorra.
A terra marrom me faz lembrar a cena de meus olhos tão próximos dos de Thiago, e aquele desesperador momento. Subo centímetros das minhas pupilas e fito o céu azul, como nunca esteve. Me lembro das esferas de Rafael, e o quão fiquei decepcionada em ser apenas sua amiga.
O sinal batuca e remexe em minha cabeça, prolongando minhas dores.
Puxo meu caderno debaixo da mesa, o jogo dentro da mochila e a apoio em um de meus ombros.
Pareço uma morta-viva vagando pelos corredores de mesas que formam minha classe.
São apenas dez alunos que restam sair, mas parecem mil e duzentos.Caminho me arrastando até a porta, quando Ária pula em mim.
- Finalmente te achei! - ela diz eufórica. - Por que você não respondeu minhas mensagens?
- Caiu a NET de casa.
- Por que não me ligou?
- Sem crédito.
- Por que chegou atrasada?
- Perdi o ônibus.
- Por que tá com essa cara?
- Que cara?
- Essa, de zumbi do The Walking Dead. Parece que te bateram de tijolo na cara, garota. Ânimo!
Mesmo quando estou nos piores dos dias, Ária consegue me arrancar risos.
- Ok, ok, você venceu. Bandeira branca! - ergo meus braços.
Ela empurra meu ombro e ri.
- Vêm, vamos comer. Às vezes cara feia é fome. - ela puxa meu punho, me levando até a cantina.
[...]
- Sério?! Caraca, o Thiago fez isso mesmo?!
- Fez. - afirmo mordendo um pedaço de minha esfirra.
- Que... Louco! - ela se enrola. - Quer dizer, sei lá também. Ele devia estar bêbado.
- Desconfio do mesmo.
- E depois do parque?
- Depois, o Alan me deixou em casa, ficou um super climão entre eu e ele e graças aos céus, minha mãe ainda não tinha voltado pra casa.
- Que sorte. O João não ameaçou nada?!
- E ele é louco?
- Não. - ela soltou uma risada nasal.
Abocanhei um pedaço de meu lanche.
- Cara, pelo pouco de convivência que tive com o Rafael, ele não me pareceu tão idiota. - ela parecia sincera em seu relato.
A olhei curiosamente.
- Assim, como assim só amigos?! O tanto de que coisas que aconteceu com vocês em um dia, não aconteceu comigo em dois anos de namoro com o Mário. Briga por ciúmes, dizer que você é especial, que ele se sente mais autêntico com você, beijo, essas trocas de olhares repentinas, esse constante apego. Se isso não é amor, eu paro de comer Nutella.
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Blue Stars ★ |R.L|
FanfictionE se as estrelas tivesse um papel mais importante do que só enfeitar os céus? E se elas estivessem presentes em uma pessoa? E se alguém tivesse poderes de te encantar com apenas as cores e os brilhos de seus olhos? " Uma voz grossa ecoou atrás de m...