Amor à Segunda Vista - LIVRO 1 (DEGUSTAÇÃO)

Capítulo 5 - ALFREDO

Hoje, 20 de Abril, já são quase dois meses desde que conheci essa beldade assustada em minha frente. E para conquistá-la da maneira como eu quero, tenho me empenhado para afunilar nossa amizade. Praticamente nas últimas três semanas eu tenho a visto todos os dias, conversamos e rimos bastante, apesar da companhia de Victória, um alguém que tenho que aturar para alcançar meu objetivo.

Já forcei um encontro só entre nós dois. "Por acaso" nos encontramos perto da sua faculdade numa semana que eu sabia que meu irmão estaria demasiadamente ocupado e não poderia buscá-la, como é de seu costume. Aproveitei essa brecha para planejar esse encontro. Além disso, dias antes, eu andei especulando algumas coisas sobre Lívia e descobri que ela é fã de Bon Jovi. Seja acaso, obra do destino ou puramente sorte, a banda estará no país em Maio.

Sabendo disso, tentei comprar os ingressos pelo site do evento, mas já estavam esgotados desde os meados de fevereiro. Mas sem esses ingressos eu não poderia, futuramente, pôr em prática o que eu vinha planejando. Por isso, com mais algumas pesquisas, consegui um par com um cambista, que me enfiou a faca. Paguei o triplo do valor em bilheteria, por cada um. Mas valeria a pena.

Com os dias correndo, e aproximação entre mim e Lívia se tornando mais cotidiana, eu vi que era hora de separá-la do meu irmão de uma vez por todas, abrindo, assim, espaço para que eu pudesse conquistá-la.

Wanessa não é apenas um rostinho bonito ou um corpo divinamente perfeito no qual eu me perco casualmente em suas curvas libidinosas. Ela é uma excelente designer, trabalha com ótimos editores e é uma das mais reconhecidas profissionais nessa área na empresa onde trabalha. Por esse mesmo motivo, e por ela me dever um favor de uns dois anos, pedi que ela usasse seus editores para outras funcionalidades. Tudo que Wanessa precisou foram algumas imagens do meu irmão (o que não foi difícil de conseguir, já que seu quarto é irrestrito), e algumas imagens dela própria, já que ela seria a "amante" de Henrique. De começo, Wanessa se recusou a fazer isso por mim. Nada que uma boa quantia em dinheiro, a cobrança de um favor e um pouco de lábia não resolvessem. Convencia-a de que seu trabalho seria totalmente anônimo e ressaltei que não teria problemas com meu irmão, já que Henrique sequer a conhece.

Convencida (muito mais por causa do montante de notas que deixei entre seus seios na outra noite), Wanessa fez suas edições, manipulações e montagens.

O resultado estava nas mãos de Lívia naquele momento. Ela encarava as falsas provas contra o namorado tão querido com o olhar que era uma mescla de tristeza, inconformismo e confusão. Durante alguns segundos, Lívia apenas olhou fixamente para as fotos, muda e totalmente estarrecida, enquanto eu tentava conter meu riso cínico. No entanto, eu precisava manter meu olhar de namorado traído.

De repente, ela pestanejou e as lágrimas escorreram pelo seu rosto, uma seguida da outra.

— Oh, meu Deus, não pode ser. — Murmurou, atônita.

— O que foi, Lívia? – Perguntei, falsamente desentendido.

Num segundo, ela desatou a chorar e eu me apressei em sentar a seu lado, apoiando sua cabeça em meu ombro, pronto para acalmá-la e consolá-la.

—Lívia, o que está acontecendo? – Repeti a pergunta, mas ela só fazia chorar.

Deitada sobre meu ombro, Lívia agarrou-se ao meu corpo e seguiu desabando seu pranto em mim. O perfume das suas madeixas subia pelo meu nariz e me deixava embriagado. Seus soluços eram abafados por conta do seu rosto contra mim e, pouco a pouco, levei minha mão até seu cabelo e o acariciei, como forma de acalmá-la, ao mesmo tempo em que ciciava sons para acalentar seu desespero.

—E-esse... Esse homem na foto... — balbuciou— Ele é meu... Meu namorado – gaguejou em meio a soluços – Eu não acredito, esse canalha mentiu pra mim esse tempo todo. E eu achando que ele era tão diferente.