Capítulo 13 - ALFREDO (PRIMEIRA PARTE)

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DISPUS UMA DOSE GENEROSA de café na caneca às, exatamente, cinco e meia da manhã. A cafeína iria despertar o meu sono e me ajudar a fazer meu percurso matinal e rotineiro de quinze quilômetros. Ainda que eu não tivesse me reestabelecido por completo, decidi que era hora de retomar a rotina para, principalmente, espairecer minha cabeça. Porque, devo confessar, minha mente não parava de me projetar de volta à noite em que dormi com "L". Ela tinha sido uma mulher espetacular, nossa noite de sexo fora inacreditavelmente boa e eu não consigo me lembrar de ter ido para a cama com uma mulher tão excitante como ela.

Mas assim que o dia amanheceu, eu me vi sozinho. L simplesmente havia ido embora e eu continuei sem saber seu nome, sem ter um telefone para contato. Ela fez comigo o que eu normalmente faço com outras mulheres. E nos últimos dias eu tenho pensado nela, assim como, provavelmente, Sophie e tantas outras pensaram em mim ao acordarem sozinhas e sem notícias minhas.

Uma ironia que tem me deixado irritado. Eu não deveria estar me importando, mas eu estava. E se não é do meu costume manter sexo casual com a mesma mulher, se eu tivesse um meio de me comunicar com L ou encontrá-la, não hesitaria em querer repetir uma noite de sexo com ela.

Virei o café amargo goela a baixo e balancei a cabeça fortemente. Precisava tirar aquela mulher da minha cabeça ou acabaria louco. Vesti uma regata branca e bermuda de nylon, tênis e sai pela cidade para cumprir meus exercícios e, quem sabe, ocupar minha mente com pensamentos que não sejam com o da misteriosa e sexy L.

Com o decorrer dos dias, L estava cada vez mais impregnada na minha cabeça. Um desejo imenso de poder reencontrá-la e transarmos novamente vinha me deixando com os nervos à flor-da-pele. Mesmo com meus dias corridos em me instalar no novo apartamento, assim que havia uma brecha, lá estava a imagem dela nua sob mim, sua boca na minha, nossos corpos suados e grudados um ao outro.

Eu não entendia por que meus pensamentos e desejos estavam tão ampliados, mas ponderei duas razões: a primeira, porque a noite com L tinha sido diferente de qualquer mulher com que estive, segundo, porque ao amanhecer eu me deparei sozinho e isso, de alguma forma, me deixou assustado. Nunca havia me ocorrido uma coisa dessas, já que era eu quem sempre as abandonava.

Ao me deparar com essa inversão de acontecimentos, houve um conflito interno dentro de mim, eu me senti mal por não saber de L, nem do seu nome real, de não ter um meio de contato, não ter absolutamente nada sobre ela. E por um instante me peguei perguntando se era esse o sentimento que tantas mulheres com quem me envolvi sentiram.

Afastei meus pensamentos pela vigésima vez e continuei com meu percurso e, agora, eu já retornava, o dorso pingando de suor. Tomei um banho longo e me vesti com roupas confortáveis.

Com minha vida organizada, como resolvi há alguns dias, precisava notificar meus parentes do meu retorno. Então, fui até minha antiga casa para rever minha mãe, de quem eu morria de saudades.

Quando cheguei, fui recebido com muita alegria por mamãe. Ela me abraçou forte e chorou, emocionada e feliz com meu retorno prematuro. É claro que dona Carmen não esperava por essa surpresa, visto que minha volta era para daqui a cinco meses ainda. Atada aos meus braços, minha mãe matou a saudade de praticamente dez anos. Como minha estadia na França fora ininterrupta, mamãe é que me fazia visitas vez ou outra. Nosso último contato tinha sido há três anos, meses antes do Natal.

Também matei a saudade de Karlita que chorou e me abraçou tudo ao mesmo tempo. Senti falta de suas broncas e de sua língua sem travas. E, ao contrário da minha mãe, eu não a via desde minha partida, o que aumentava mais a saudade. Minha governanta preferida continuava a mesma pessoa de sempre. Advertiu-me por não ter avisado que voltaria repentinamente.

Amor à Segunda Vista - LIVRO 1 (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now