Na Teia do Aranha (AMAZON)

02| Divórcio? Nem pensar!

"Porque garota, você ganhou isso

Garota, você ganhou isso"

- Como assim? - pergunto sem entender.

- Eu não vou me divorciar, isso é simples de entender até pra uma pessoa com ressaca - ele fala arrogante - Você é a minha esposa e vai ser enquanto eu quiser que seja.

- Mas isso foi um erro - eu tento explicar.

- Isso não foi um erro - ele me fala como se eu fosse estúpida e não entendesse o óbvio - Foi uma escolha. Nos conhecemos, gostamos um do outro e decidimos nos casar. Normal. Simples.

- Seria normal e simples se tudo isso não tivesse acontecido em menos de 24 horas e se eu lembrasse do que aconteceu! - eu falo já entrando em pânico, esse cara deve ser louco.

- Meros detalhes, meu anjo, nós vamos fazer dá certo - ele diz calmo saindo do banheiro - Podemos fazer terapia se você quiser.

- Terapia?!? - eu pergunto o seguindo pro maior quarto de hotel que já vi na vida - Nós não vamos fazer terapia porque não existe um NÓS!

Ele se vira rapidamente e eu esbarro na parede de músculos que é o corpo dele. Esse cara deve ser viciado em academia ou algo do tipo, o corpo dele é simplesmente perfeito.

- Ontem existia um NÓS - ele sussurra me segurando pela cintura.

- Mas eu não lembro de ontem, essa é a questão - respondo olhando seus olhos cinzas.

- Eu posso te ajudar a lembrar de ontem meu Anjo - ele diz e me puxa aproximando seus lábios do meu.

O beijo dele é tão faminto e possessivo que por um momento eu esqueço até do meu nome. Me seguro a ele passando meus braços pelo seu pescoço. Ele só está vestindo uma calça jeans o que me permite passar as mãos pelas suas costas musculosas. O que há com homens só de jeans que o tornam tão sexy?

Ele começa a beijar meu pescoço e apertar minha bunda me fazendo gemer baixinho. Só então me dou conta que nem sei o nome do homem que está me mordendo agora. Queria gemer seu nome mas EU NÃO SEI seu nome! O nome do meu suposto marido.

- Para! - tento afastar ele de mim mas isso só parece incentivá-lo.

Sinto ele me levantar e me colocar deitada numa cama. Ele volta a me beijar nos lábios e eu esqueço temporariamente tudo que não seja seu gosto e a sensação de suas grandes mãos apertando meu corpo.

- Você nem sabe meu nome - consigo me afastar o suficiente pra dizer.

- É claro que eu sei seu nome - ele me olha duvidoso - Seu nome é Sophia. Você era bailarina e é formada em fisioterapia, o que é muito conveniente pra mim.

Ele volta a me beijar e eu tento nos virar pra eu ficar por cima. Se ele não parar de me beijar assim não vou conseguir pensar direito o suficiente pra ter uma conversa coerente. Ele vê minhas tentativas e nos rola me deixando por cima. Eu me afasto e o olho nos olhos.

- Mas eu não sei seu nome!

- É claro que você sabe meu nome anjo - ele diz tentando me puxar de volta pros seus braços.

- Não! Eu não sei, ou pelo menos não lembro - respondo e ele me olha por alguns segundos antes de responder.

- Você estava realmente bêbada ontem - ele fala como se só tivesse percebido isso agora - Eu sabia que você estava bêbada mas não a esse ponto. Você realmente não lembra de nada ontem?

- Nada que te envolva - digo honestamente - Eu lembro de ir pro show da Britney e depois fomos beber drinks numa boate... e é isso.

- Meu nome é Felipe Matarazzo, muito prazer sou seu esposo desde ontem.

- Você só pode ser louco - onde eu achei esse maluco? - Eu não posso ficar casada com você. Eu nem sabia seu nome nem nada..

- Você sabia meu nome ontem. E você disse sim quando o Elvis perguntou se você queria se casar comigo - ELVIS??? - Você tanto pode ficar casada comigo como vai! Nós podemos fazer dar certo. Eu acredito em você meu anjo.

- Para de me chamar de meu anjo! Eu não sou sua esposa de verdade - penso rápido e é claro que não sou sua esposa - É claro que esses casamentos não valem de nada né? é só faz de conta! Que horas são? - olho o relógio no criado mudo ao lado da cama - Meu Deus, nosso voo sai daqui a duas horas e eu nem sei se o nosso hotel é perto daqui!

Me levanto, pego minha bolsa e começo a procurar meus sapatos.

- Você quase me fez acreditar nessa história de nos casamos em Vegas - dou uma risada fraca pois essa piada não teve graça - Bom foi divertido te conhecer Felipe, nos vemos por ai.. ou não. Tchauzinho!

Saiu e fecho a porta deixando-o boquiaberto sentado na cama. Graças a Deus ele não veio atrás de mim. Infelizmente não tive tempo de achar meus sapatos então vou descalça mesmo. Me arrependo disso quando a recepcionista do hotel, muito chique por sinal, me olha com ar de superior. Coloco meus ombros pra trás e levanto mais meu nariz. Quem é ela pra me julgar?

Eu sempre fui uma garota legal, muito legal por sinal. Uma boa filha, ótima amiga, excelente aluna e bailarina. Não vou deixar ninguém me diminuir por uma noite de aventura. Foi só isso. Daqui alguns anos eu vou me lembrar desse dia horrível e rir muito. Nem vou me lembrar do nome do cara que me levou pro seu quarto de hotel e me disse que eu era sua esposa.

Graças a Deus eu rapidamente pego um táxi e falo pro motorista o nome do hotel onde ficamos hospedadas. Ainda bem que isso é o suficiente porque meu inglês não é bom o suficiente pra explicar a alguém como chegar no hotel.

- ONDE VOCÊ SE METEU???? - a Amanda grita assim que abro a porta.

- Oh pelo amor.. para de grito! Minha cabeça ta explodindo - a cobra da Jéssica fala.

- Nós estávamos preocupadas quando acordamos e não te encontramos aqui! - a Michele me abraça depois que a Amanda me solta de seu abraço de urso - Nós não lembramos de nada que aconteceu ontem show, e você?

- Eu também NÃO! Isso é muito estranho - respondo - Eu acordei hoje com um cara e vim direto pra cá.

Prefiro não contar pra elas sobre a brincadeira dele sobre estarmos casados ou quanto ele era gato... Foco Sophia!

- Nós temos pouco mais de 1 hora pra chegar no aeroporto meninas, temos que correr! - aviso.

Foi uma loucura! Quatro mulheres desesperadas catando coisas espalhadas no quarto de hotel e se jogando na frente de um táxi depois que três passaram por nós e não pararam. O caos no aeroporto não nos ajudou mas conseguimos embarcar a tempo. Quando eu me sento na minha poltrona da classe econômica suspiro aliviada. Acabou. Cumpri meu papel de melhor amiga da noiva e vou voltar pra minha casa, pra minha vidinha, pra minha rotina...

Pelo menos era o que eu esperava.