Capitulo Quatro - A Toalha Verde no Pescoço

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"Acalma minh'alma, aquieta aí
O Pai tá cuidando, de tudo pra ti
Sossega, Claudia Canção"

Capitulo Quatro

— Podemos não falar disso? — perguntou ele depois de um tempo em silêncio.

— Claro.

Minha curiosidade me deixou numa sinuca de bico. Eu havia perguntado ao Alexandre algo que não me cabia saber, porém, onde estaria seu pai? Aquilo só me deixou mais curiosa! Será que o pai dele morrera? Ou será que tinha sumido? De todas as formas, era melhor eu esperar o tempo dele, mesmo que esse tempo não chegasse.

Fiquei brincando com a comida já que pedi a fome, até a Patty entrar na cozinha com uma roupa minha. Era uma saia rosa e uma blusa preta. Estava descalça.

Ela se sentou ao lado do Alex e começou a se servir, não parecia ter visto o moreno à mesa.

— Patty, esse é o Alexandre, meu vizinho, Alexandre, essa é Patrícia, minha amiga.

— Prazer em conhecê-la.

— Prazer!

Voltamos a comer em silêncio, o clima ruim ainda não havia saído, minha mãe tentava puxar algum assunto, mas sempre morria na boca do Alexandre, o que fez o almoço ser bem silencioso.

Quando Alexandre saiu da minha casa, minha mãe foi dormir e eu fui ver tevê com a Patty. Estávamos vendo uma série qualquer e também dormimos no sofá. Eram quatro da tarde quando acordamos e fomos lanchar. Os meninos da rua de baixo chegaram em minha casa me chamando para jogar futebol e eu e Patty fomos.

Eu joguei e Patty ficou esperando sentada na calçada, visto que não sabia jogar. Eu fiz dois gols, além de mim tinha a Beatriz filha da Vania, e a Duda, que morava na rua de baixo. Nós sempre vencíamos as partidas, o que fazia os meninos quererem uma revanche sempre!

O caminho estava livre para outro gol, um menino loiro tinha me passado a bola e eu estava prestes a fazer o gol quando eu o vi na varanda de sua casa: ele tinha os cabelos úmidos e estava sem camisa. Carregava uma toalha verde no pescoço. Meu coração bateu mais rápido e por um momento eu esqueci o jogo. E quando ele sorriu, percebendo que eu o encarava, meu mundo foi ao chão! Quase caí ali mesmo na rua, minhas pernas ficaram bambas. Mas eu voltei à realidade quando vi todos os garotos da rua de baixo comemorando um gol.

— Brittney! — Duda reclamava vindo até mim. — Por que você parou do nada?

Eu logo tratei de encara-la antes que ela se virasse para onde eu estava olhando e visse o motivo de minha distração.

— Me desculpa. Mas ainda estamos ganhando.

— Falta pouco pra acabar, vamos terminar logo e acabar com eles. — Duda era bem competitiva.

Terminamos a partida ganhando de 3 a 1. Eu estava cansada e precisava de um banho. Patrícia não deixaria passar o episódio da minha distração, mas eu dei graças a Deus quando a mãe dela parou a Hillux branca em minha porta, a chamando para ir para casa, nem deu tempo de conversarmos a respeito.

Eu entrei, tomei um banho e depois da janta fui ter meu tempo com Deus, precisava pergunta-lo sobre esse sentimento novo, não queria que fosse paixão, eu estava muito nova, e sem contar o fato que o Alexandre não era cristão. Deus precisava me dizer algo e precisava ser naquela noite, eu já não me aguentava de tanta agonia com esse sentimento novo.

— Deus — comecei. Minhas pernas estavam cruzadas em cima da cama e eu olhava para o teto do meu quarto. — O que é esse sentimento novo? É muito esquisito e eu nunca senti algo assim! Não quero que seja paixão, ele não é cristão e eu estou muito nova! Tira isso de mim! Por favor!

A Vizinha Cristã (Concluído)Where stories live. Discover now