Capítulo VII: Mônica

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Mya

Sento ao lado de Mônica no carro, ela foi minha rebelde preferida até agora, apesar do pouco tempo em que á conheço, se é que posso dizer que conheço. Durante a viagem conversamos bastante, ela fala muito sobre como é do lado dos rebeldes, mas me diz para não chamarmos eles assim.

_Somos rebeldes para quem está do lado de lá. Você agora é uma das nossas. Nos chame de parceiros, não de rebeldes_Disse ela quando me referi a eles como rebeldes.

_Ah, tudo bem, me desculpe.

_Não se preocupe com isso. Você vai aprender ainda.

Ela me explica como funcionam as coisas lá na Republica Americana e responde todas as minhas perguntas. Pelo o quê eu entendi, lá não há nenhum sistema de escolha para as profissões que vamos exercer no futuro, lá quem escolhe a profissão é você mesmo. Isso parece tão confuso, mas ela disse que funciona perfeitamente. Ela me falou que não existem muros nos limites das cidades e que podemos transitar entre uma e outra sem maiores problemas. Isso deve ser tão bom. Imagine que você não vive preso num lugar por quase uma vida inteira e que suas opções para onde ir não são dentro de um lugar delimitado.

Deve ser um paraíso lá. Mal posso esperar para chegar lá. Mas tenho de esperar. E como! A viagem demora muito, sem contar que eu ainda dormi um pouco no banco de trás e quando acorde o motorista havia sido até trocado. Quando percebo já estou bocejando de novo, deve ser efeito das horas sem dormir que passei. Mas a espera vale a pena quando finalmente vemos os primeiros sinais da cidade.

As luzes, os prédios, tudo! Meu sono passa na hora e eu fico agitada. Enfim vou saber o quê eu estava perdendo esse tempo todo. Quanto mais nos aproximamos, mais eu fico ansiosa. Quando finalmente entramos na cidade, meu coração quase sai ela boca. É tudo tão colorido. Vários cartazes com propagandas de produtos que eu nunca tinha visto antes, luzes por todos os lados e muitíssimas pessoas para todos os lados em que se olha.

_O que é aquilo?_pergunto à Mônica, apontando para uma coisa esquisita.

_Aquilo, Mayara, é um outdoor.

_Pra que serve essa coisa?

_Pra fazer propaganda, sabe. Quando não em propaganda na TV, às vezes eles resolvem fazer isso. Para chamar a atenção do público para o quê eles querem vender.

_Que estranho! e o quê é que está mostrando aquele outdoor?

_Uma torradeira, as pessoas usam para deixar fatias de pão torradas.

_E todas as pessoas daqui tem isso?

_Não, só quem compra isso.

_Têm gente que compra esse tipo de coisa?

_Sim. Eu sempre digo que quem tem dinheiro de sobra pode comprar o que quiser, seja útil ou não.

_Mas têm gente que não tem dinheiro aqui?

_Você não entende mesmo como funcionam as coisas aqui, não é? É claro que tem gente que não tem dinheiro pra isso.

_Que horror. Por que algumas pessoas podem comprar certas coisas e outras pessoas não? Não é um pouco injusto?

_De certa forma é. Mas veja bem, tem gente que faz por merecer ter mais dinheiro que os outros, entende? Algumas pessoas se esforçam mais que outras.

_Entendo. Mas por que você diz "algumas pessoas"? Não são todas que fazem por merecer?

_Mya, você ainda tem que aprender tanta coisa sobre esse seu novo mundo! Respondendo sua pergunta: Não, não são todos que fazem por merecer. Aliás, muito poucos tem o que tem hoje por mérito própio. A maioria das pessoas ricas daqui, só enriqueceram ás custas de pessoas mais pobres que foram e estão sendo exploradas.

DESTROYWhere stories live. Discover now