Cap. 1.: Noite de Verão, Noite de Guerra

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Os bosques no norte de Alphonsus eram conhecidos principalmente por seu sereno silêncio. Nas noites de lua e estrelas, o bosque assumia um ar lúdico e misterioso em contraste com o céu estrelado. Por isso o símbolo da Casa Borges, uma das mais antigas famílias de todo o reino, possuía a "Mão e Bordão" como insígnia. Nenhum integrante daquela família poderia assumir a senhoria da sua casa sem antes conhecer seu bosque como a palma da mão. Infelizmente, Lorde Gabriel não conhecia toda a floresta como a Cerva Branca conhecia.

Entre os rebeldes que levantaram as armas contra a Rainha, todos sabiam quem era a Cerva Branca e por que ela era uma aliada tão poderosa. Foi ela que apontou os caminhos secretos do subterrâneo para que os três grupos pudessem manter-se informados e em constante contato, foi ela que encontrou esconderijos perfeitos, usando e abusando de construções abandonadas e cachoeiras naturais com cavernas discretas. Mas também não falavam menos do seu companheiro, um homenzarrão do Povo Felino, de juba dourada e porte orgulhoso.

Cada passo impecável, o tenente da Cerva Branca escondia as pegadas e servia de principal batedor de todo bando dos Proscritos. Ensinou a enganar rastreadores e esconder rastros, também sugeriu que usassem as passagens subterrâneas para locomoção de grandes porções de rebeldes. Os Condes e Duques de Alphonsus apenas enxergavam o que eles queriam que enxergassem.

Êxitos a parte, o acampamento da Cerva Branca localizava-se à sombra de uma pequena serra não muito distante da estrada de ferro. O acampamento estava muito bem escondido e mesmo a Cerva Branca provou os boatos verdadeiros, exibindo-se com maestria nas artes arcanas. Dentro daquela serra, não importava o quanto gritasse dentro do acampamento, jamais o grito ecoava. As fogueiras, não importavam quão altas fossem, não entregavam a posição. E novamente, os bosques dos Campos Verdejantes permaneciam silenciosos para o mundo.

Mesmo com os sussurros e gemidos lânguidos vindos da barraca da Cerva Branca.

Burt saía de cima dela e deitava fitando o teto. Ao seu lado, deitada no seu braço, estava a elfa Drow que todos conheciam como Cerva Branca.

- Senhora, a servi bem...? – provocou Burt. O homem-leão sorriu, sua boca praticamente possuía um formato de sorriso, apenas enquanto rugia podia enxergar a fúria de Burt, mas raramente Nerina o via furioso. Que o diga rugindo.

- Maravilhosamente bem, senhor Tenente – respondeu a Cerva Branca cansada pelo esforço – Continua energético como sempre.

- Tem energia de sobra, se é que me entende. Devo servir às suas subalternas?

Nerina chamara um clã Drow para ensinar as passagens subterrâneas que ligavam todo o norte de Alphonsus. Gente que discordava da rainha e que caíram nas promessas de Górgias antes da sua morte na Cruzada dos Leões. Quando Nerina entrou em contato com aquele clã Adamantino de Drows percebeu que poderia usar seu ódio e ambição a favor do seu rei pedinte. Por isso, os sargentos de Nerina eram conhecidas entre os rebeldes por serem da mesma raça de elfos da Cerva. Por isso a nobreza élfica ainda apoiava a rainha.

- Um dia desses você pode morrer de tanta servidão – ela segurou a juba do leão e o forçou abaixar o queixo para ela – Não. Você é meu tenente. Se alguma hora descobrir que você perturbou uma outra Drow, talvez devesse manda-lo castrar.

O homem-leão riu: - Ah! Assim eu aguentaria a metade do que aguento hoje: oito.

- Vocês do povo felino são uns selvagens – ela acariciava a juba do leão. "tão macia, queria ter cabelos macios assim" – são assim tão energéticos nas suas tribos?

O Leão e a ElfaWhere stories live. Discover now