Dois

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            Passei pelos guardas que ficavam na porta do quarto de Maxon, todos se curvaram — novamente. Aparentemente ouviram o que Ashlar me falou e tiraram suas próprias conclusões. Eu sorri em agradecimento, meio tímida. Teria que me acostumar com isso, e logo.
           Desci para o primeiro andar, mas não sabia exatamente aonde ir. O palácio estava igual a um campo de batalha, e não tinha noção onde encontrar Marlee, ou Mary, por exemplo.
           Resolvi ir ate o refeitório principal, como Maxon instruiu. Era hora da refeição, e eu precisava comer, mesmo não sentindo muita fome.
           Ao chegar no salão principal, percebi que estava cheio: algumas selecionadas com suas famílias, rebeldes aliados, e alguns repórteres e fotógrafos. Já na Sala de Jantar, as coisas não mudavam, a unica diferença é que todos sussurravam, de boca cheia. Até as criadas pareciam calmas, mesmo com todas aquelas pessoas para servir.
           Avistei Georgia imediatamente. Ela estava espremida entre August e Gavril, sentada em um banco de madeira, na entrada do refeitório. Estava pálida mas seu rosto se iluminou ao me ver, o que disfarçou a palidez.
           Georgia tinha pontos em seu antebraço e fez careta quando soltou o garfo e se alevantou. Saltou do banco com um pouco de dificuldade, pela falta de espaço.
           Me aproximei dela, não podendo disfarçar meu desconforto aos olhares que me seguiam. Não deveríamos mostrar tão claramente nosso laço, afinal ela era uma rebelde. Mas parte da minha consciência falava por cima do sentimento de receio "Havia um monte de rebeldes no próprio Palácio! Não seja ridícula".
           E então estavamos nos abraçando. A jaqueta de um tecido duro, arranhou meus braços infaixados. Da mesma maneira que o toque do antebraço dela com meu corpo, a fazia sentir dor. Mas nem por isso foi um abraço rápido.
— Fico feliz por te ver bem! — falou me soltando, analisando de cima a baixo.
— É, não foi dessa vez que Illéa se livrou de America Singer. — eu disse fazendo piada.
— Não fale assim. Você é valiosa demais para o pais querer se livrar de você — ela fez uma pausa — E quando digo "o pais", me refiro a Maxon... quer dizer... o Rei! — sussurrou com um piscadela.
           Corei em surpresa. Mas claro, eles torciam por mim.
           Agora, de certa forma os nortistas também eram meus companheiros. Meu pai era um deles.
— Então todos acham que já existe uma escolhida? — falei, um pouco mais alto do que deveria, pois uma criada ouviu e abriu um sorriso tímido.
— Claro que existe! Kriss foi embora horas depois das coisas ficaram calmas. Ela estava tão nervosa que nem chegou a perceber que você tinha ficado... Quer dizer, todo sabemos, o que ela... sentia, e pretendia, com tudo aquilo...
— O que? — perguntei, curiosa. Sabia que Kriss era nortista, mas ela pretendia algo mais com o casamento?
           Quando Geórgia abriu a boca para me responder, August se levantou, colocou o braço por cima dos ombros de Georgia e a guiou até o banco. Ela fez careta, e se recusou.
— Você precisa comer! — ele ordenou firme.
— Não estou com fome! — queixou-se.
— Vamos Georgia, pare com isso. Não quero lhe ver passar mal de novo! — declarou, com um semblante aflito. Geórgia de braços cruzados negou com a cabeça, a erguendo um centímetros e virando o rosto.
— Você passou mal? — perguntei, me entrometendo na conversa dos dois.
— Ela desmaiou enquanto um grupo de Sulistas atirava sem parar. Eu pensei que ela tivesse levado um tiro no coração, ou na cabeça, para um reação tão imediata daquelas! — August disse, com um fio de tristeza no rosto. — Olá America!
— Oi ... — respondi ao comprimento improvisado dele — Mas você sabe o que causou aquilo? — perguntei, retomando o assunto.
— Má alimentação... — ela disse, virada pra mim, piscando com um leve sorriso no rosto. Não entendi exatamente o que ela queria dizer com aquele gesto, por isso fiquei quieta. Mas o sorriso logo desapareceu do seu rosto, e ela  olhou August, o fuzilando com os olhos.
— O que você tem, Georgia? — ele falou, um tanto bravo, e desesperado, ao mesmo tempo.
— Nada... — ela disse, e se virou para mim. — Ouvi dizer que sua familia deve chegar amanhã,  coma um pouco e descanse. — seus olhos brilhavam, até parecia que estava chorando, e era estranho ver ela me dando conselhos e me dizendo o que fazer, tendo intimidade a ponto disso. Pelo visto tínhamos chegado a em um nível de amizade que eu não percebera.
           Sorri para ela e concordei, segui para os fundos do refeitório, deixando um August perdido tentando convencer a moça a comer.

A Escolhida - Continuação de A EscolhaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora